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Maria da Conceição Brogueira deixa à Golegã «o filho» que nunca teve

Sociedade  »  2014-08-29 

Por ocasião dos seus 75 anos, quando o "café da Golegã" cumpria o primeiro meio século de vida, estávamos em 2001, Maria da Conceição ainda tinha projectos para o "seu Central", porque ele era a sua obra: "É o filho que nunca tive", confessava ao jornal "Notícias da Golegã". Morreu no dia 19 de Agosto e contava 88 anos.

Antes de fundar o café Central, António da Silva Brogueira, o seu marido, já trabalhava no ramo da cafetaria: «Quando casámos, o meu marido era um dos sócios do café Estrela de Ouro, aqui na Golegã. Mais tarde, teve umas divergências com o sócio e saiu», assim recordava Conceição Brogueira as circunstâncias da fundação daquela que é hoje a ”instituição” mais conhecida da vila.

O resto da história já é conhecida: no local havia uma farmácia, o trespasse custou 50 contos, uma fortuna para a época, e o pequeno café alargava-se de vez em quando para umas sessões de petiscos numa sala ao lado que pertencia aos bombeiros. Depois, o salt António Brogueira compra o resto do prédio a Manuel dos Santos, seu primo e afamado toureiro, e é nessa altura que Conceição Brogueira, que já baptizara o café e lhe passara a chamar ”Central”, amplia as instalações, a freguesia e o negócio, porque de início o Central era mesmo só café, com a tal salinha dos bombeiros para as tertúlias. O edifício foi comprado meses antes de Manuel dos Santos morrer e na altura já António Brogueira andava bastante doente: «O meu marido estava muito mal e quando soube que o primo tinha morrido ainda ficou pior. O Manuel vinha muitas vezes de Lisboa, de propósito, para conversar um bocadinho com o primo e para lhe fazer companhia. Eram muito amigos! Manuel dos Santos morreu em Fevereiro de 1973 e o meu marido faleceu com 53 anos em 16 de Julho», recordava Maria da Conceição Brogueira na entrevista de 2001.

O desgosto pela morte do marido não quebrou a vontade de Maria da Conceição de continuar uma obra a que ambos tinham dedicado grande parte das suas vidas: fez a casa de jantar e o salão no primeiro piso para andar ocupada, para não pensar na morte do marido. O restaurante já tinha na carta o famoso ”bife à central”, cuja receita continuou sempre secreta, e o ”Central” passou a ser o ponto de referência da vila da Golegã, quer geográfica quer social: era o local dos encontros, dos negócios, do convívio, transformou-se num ”ícon” da vila. «A igreja matriz da Golegã? Fica ao pé do ”Central”», dizia-se que se respondia assim a quem perguntava.

Entretanto, nos anos cinquenta, quando o ”Central” foi inaugurado, a Golegã era já um grande ponto de encontro de aficcionados e profissionais da festa brava. A escola de mestre Patrício Cecílio atraía os aspirantes a toureiros e o café era o local onde eles se encontravam: o Manuel dos Santos e o irmão, José Agostinho, o Zé Júlio, o Manuel Badajoz e o António Badajoz, o Tinoca, o Chibanga, o António do Carmo, o Zé Simões... Enfim, todos os grandes toureiros por aqui passaram, e o ”Central” começo a ser conhecido também pelo ”café dos toureiros”.

 

Uma festa aos 50 anos

Na passagem dos 50 anos do estabelecimento, o Grupo Etnográfico ”Os Camponeses da Golegã” organizou uma festa de homenagem ao café, no dia do seu aniversário 19 de Maio, e à sua proprietária, Maria da Conceição Brogueira, que sempre tem ajudara as associações do concelho. Participaram a Associação Cultural ”Cantar Nosso” e a banda da Sociedade Filarmónica Goleganense 1.º de Janeiro, para além de vários grupos que deram corpo a um festival de folclore infantil. Maria da Conceição Brogueira ficou muito sensibilizada com a iniciativa, que se deveu à iniciativa de Humberto Tomás, do rancho folclórico.

«Há muitas pessoas que se admiram de eu já ter 75 anos e ainda dedicar tanto tempo a esta casa. O café Central é o filho que eu nunca tive, dediquei-me a isto como uma mãe se dedica a um filho. Um filho pode abandonar uma mãe, mas uma mãe nunca abandona um filho», desabafava Maria da Conceição em 2001. Embora já não tivesse a mesma saúde de há 50 anos, o Central continuava a ser uma forma de vida: «Tenho uma doença e os médicos quando ela apareceu, queriam tirar-me daqui, mas se isso acontecesse eu morria mais depressa. Avisaram-me que, quando me irritasse fosse passear para acalmar. Aprendi a viver com a doença e ainda cá ando, o pior é o reumático mas cá vou ‘atamancando’ e vivendo», dizia há cerca de 14 anos.

Maria da Conceição não deixou o ”filho” e ainda lhe deu o que podia por mais quase uma década e meia. Para o futuro, a senhora do Central tinha um plano e o que mais gostava é que o café não morresse com ela. «O futuro a Deus pertence, mas não gostava que, depois da minha morte, o café fosse encerrado. Gostava que continuassem a minha obra, gostava que se festejasse o centenário do ”Central” e que eu, onde quer que estivesse, pudesse assistir».

Morreu uma mulher solidária, empenhada em ajudar a comunidade e os mais necessitados. São muitas as histórias, dos tempos de provação, em que se reconhece em Maria da Conceição Brogueira uma mulher sempre pronta a ajudar os outros, mas também a sua forte personalidade: sobretudo após a morte prematura do marido, Conceição conseguiu singrar num mundo difícil de homens e num meio dado a valores muito diferentes dos de hoje, numa terra dominada pelo poder dos senhores da terra e pela asfixiante submissão das mulheres em todos os domínios.

 

 

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