A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Torrejanos (AHBVT) assinalou o 83.º aniversário no domingo, dia 5 de Outubro, com as habituais actividades: romagem ao cemitério para homenagear antigos elementos, formatura na avenida, bênção de novas viaturas e uma sessão solene, em que foram condecorados alguns bombeiros e dirigentes com medalhas de mérito.

Tudo isto se passou sem a habitual presença do presidente da direcção, Arnaldo Santos: complicações do seu estado de saúde forçaram-no a ser internado na quinta-feira anterior, tendo sido substituído na cerimónia pelo seu vice-presidente José Fragata.

A tradicional sessão solene decorreu no Teatro Virgínia, sendo aberta pelo presidente da assembleia-geral da AHBVT, major Caldas, que agradeceu aos oito mil associados que contribuem, com as suas quotas, para que os bombeiros cumpram a sua missão. Nesta cerimónia, a direcção dos bombeiros torrejanos atribuiu sete medalhas de mérito a bombeiros, pelos serviços prestados em 10, 15 e 20 anos e a Liga dos Bombeiros Portugueses, por proposta da direcção dos BVT, atribuiu mais 10 medalhas de mérito pelos serviços prestados, uma das quais a um dirigente pelos seus 25 anos de serviço.

 

Comandante fez balanço

José Carlos Sénica, há nove meses no comando do corpo dos BVT, apresentou em números um balanço da actividade operacional, contabilizando desde o início do ano 16.433 ocorrências (203 incêndios, 156 acidentes, 204 incidentes [inundações, etc], 316 serviços de apoio, 3.423 emergências pré-hospitalares e 12.131 transportes de doentes), contabilizando as viaturas dos BVT mais de um milhão de quilómetros percorridos. O responsável elogiou os homens que comanda classificando-os de ”inexcedíveis” e garante que o corpo de bombeiros está devidamente organizado.

José Carlos falou ainda da necessidade de captar o interesse de jovens com idades entre os 17 e 34 anos, para que em Janeiro se possa iniciar, à semelhança de que acontece em outros anos, a escola de recruta com pelo menos 20 elementos para que, em breve, estejam aptos juntarem-se aos actuais 105 operacionais do corpo activo.

Num balanço à época de incêndios o balanço é ”extremamente positivo”, registando-se apenas 10 hectares de área ardida. Mas, salienta, é possível melhorar. Quanto às condições operacionais, o comandante destacou a postura da direcção em oferecer as melhores possíveis, enumerando uma série de intervenções que foram feitas no quartel, e a compra de algum material de protecção individual.

 

Presidente da câmara queria ter assinado protocolo ”mais realista” mas não conseguiu

O presidente da câmara municipal de Torres Novas queria ter assinado, nesta data, um protocolo ”mais realista” com a direcção dos bombeiros torrejanos em substituição do actual, mas a altura não foi a mais indicada devido às revisões orçamentais e à fase de preparação no orçamento municipal para 2015, justificou.

Segundo anunciou Pedro Ferreira (PS), vai ser apresentada à vereação da autarquia um novo protocolo que vai fixar como subsídio mensal uma verba de 7.500 euros. O protocolo que está em vigor, recorde-se, existe desde 2008 e, para o autarca, era necessário estabelecer subsídios mensais com ”critério e ajustados aos tempos actuais”. Na sua opinião isso está a ser feito na sequência de diversas reuniões que se realizaram no último ano entre autarquia e direcção dos bombeiros, em que foram ainda estabelecidas formas de cooperação na requalificação do quartel, bem como foi alcançado um consenso relativamente ao valor da ”desnecessária polémica” da dívida da autarquia para com a associação humanitária.

A autarquia já mandou um técnico ao quartel para fazer a recolha de alguma informação para a elaboração de estudos de ampliação do quartel, mas isso implica que sejam adquiridos terrenos. Os valores pedidos pelos proprietários são muito superiores aos identificados pela câmara municipal e é aí, nas negociações, que têm residido os problemas. Pedro Ferreira diz é que preciso ”muita ponderação” ainda para mais numa altura particularmente difícil a nível financeiro.

‘Vamos equipar os nossos heróis’

Os bombeiros torrejanos foram um dos 51 corpos de bombeiros do país contemplados pelo grupo ”Os Mosqueteiros” com a campanha ‘Vamos equipar os nossos heróis’ e, no próximo dia 14 de Outubro, vão receber algum material numa cerimónia que vai decorrer na base do Intermarché de Alcanena e que terá transmissão na TVI, às 15 horas.

 

”Distrito teve menos área ardida dos últimos vinte anos”, diz comandante distrital

A ”fase Charlie” terminou no dia 30 de Setembro e o dispositivo especial de prevenção dos incêndios florestais foi desmobilizado no país onde, de uma forma geral, o número de incêndios e de área ardida no Verão diminuiu face ao ano anterior. O distrito de Santarém não foi excepção e Mário Silvestre, comandante operacional distrital (CODIS) do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém, fez por isso um balanço muito positivo.

Apesar de reconhecer que as condições climatéricas foram um factor importante para este cenário de aparente acalmia, o responsável acredita que o resultado final deve-se ao trabalho de planeamento que foi feito.

”Noutros distritos do país, em quatro horas arderam três mil hectares de floresta. Efectivamente, todas as forças de combate fizeram um excelente trabalh o ataque inicial aos fogos foi muito bom, muito musculado, e o facto de termos tido uma redução do número de ocorrências significativo permitiu afectar meios de forma diferente”.

De acordo com Mário Silvestre, houve no distrito uma redução de cerca de uma centena de ocorrências e, num aspecto, o Verão passou sem deixar marcas humanas, não se registando qualquer morte ou ferimento de maior. O distrito teve durante a ”fase Charlie”, que decorreu entre o dia 1 de Julho e 30 de Setembro, 48 equipas de combate a incêndios mais quatro do que em 2013.

”O saldo é extremamente positivo para o distrito de Santarém, que teve a menor área ardida dos últimos 20 anos. É o segundo melhor ano dos últimos 20 anos”, concluiu.

Entretanto, e não se sabendo se podendo antecipar se haverá cheias, há um dado objectivo que é o nível percentual de enchimento das barragens, que está maior do que é normal. Não há, no entanto, nenhum plano especial a ser preparado. ”As respostas estão sempre planeadas e organizadas. As cheias são constrangimento, mas populações estão habituadas a viver com esse fenómeno”, assegura.