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Hélder Duque: “Comprei a minha primeira máquina aos 14 anos e demorei um ano a pagá-la”

Sociedade  »  2015-03-26 

Hélder Duque, de 73 anos, terá sido um dos primeiros entusiastas da fotografia amadora no concelho de Torres Novas. Há quase 60 anos que faz fotografias e hoje tem um espólio composto por “dezenas de milhares” de películas e fotografias das quais diz ser incapaz de se desfazer. Muito ligado ao associativismo, Hélder Duque desempenhou cargos de dirigente em múltiplas associações e colectividades, foi fundador da rádio local, juiz social no tribunal de Torres Novas, presidente da junta de Lapas e é sócio de mais de 20 associações.

Como homem da imagem, é capaz de traçar um retrato do que era a aldeia de Lapas da sua infância?

Na Lapas havia muita pobreza e fome. E nós, lá em casa, tivemos um grande azar: o meu pai esteve no hospital durante um ano, pouco depois de eu ter nascido. Já tinha dois irmãos e a vida complicou-se um bocado. Era só ele a trabalhar (era fogueiro na Renova). Conseguimos aguentar, mas foi muito difícil...

Como muitos outros meninos da sua época, teve de trabalhar cedo para ajudar ao sustento da casa...

Sim, a minha vida activa começou muito cedo. Depois do exame da 4.ª classe, aos 10 anos, comecei por trabalhar na agricultura, mais propriamente como ”rompeiro”. Era eu que ia à frente dos bois nas propriedades a romper os caminhos que estes deviam trilhar. Durante as sementeiras, no Inverno, e apesar de ter umas botas que tinham sido dos meus irmãos, eu preferia andar descalço porque roíam-me os calcanhares. Era muito mais fácil para mim andar descalço em cima dos torrões de terra.

Teve de se fazer adulto muito precocemente?

Obrigatoriamente tínhamos de ser adultos cedo. Ainda para mais eu, que trabalhava de dia e estudava de noite. Nunca gozei muito a minha infância.

Mas quando podia, quais eram as suas brincadeiras?

Brincadeiras normais: jogar ao pião, saltar ao eixo, jogar à bola no adro da igreja e pouco mais.

Depois dessa experiência na agricultura seguiram-se outros trabalhos. Quais?

Aos 11 anos passei trabalhar na fábrica de papel, que começou por estar sediada nas Lapas antes de passar para a Ribeira. Estive lá durante um ano e aos 12 anos tive um emprego galhard fui para a Casa Nery fazer recados. Já era um emprego estável e era-o de tal maneira que estive lá durante 20 anos. Comecei por fazer recados dentro da oficina e depois também em Torres Novas. Passei a comercial e tornei-me vendedor, o que me levou a viajar pelo país todo. Aos 17 anos tirei o curso comercial, e depois de ter ido à tropa e de ter casado, ainda andei a estudar em Tomar, no Instituto de Gestão Comercial.

De que forma se deslocava pelo país quando passou a vendedor?

De carro, num Volkswagen carocha. Fazia o país uma vez por mês. Ia a aldeias, vilas e cidades onde houvesse cerâmicas, de tijolo e telhas.

Teve oportunidade de conhecer o Portugal do final dos anos 60. Como o classificava?

Era um país muito pobre e na zona norte, na região de Trás-os-Montes, as condições de vida eram paupérrimas.

Até que se estabeleceu por conta própria...

Antes disso, aos 32 anos, fui para uma empresa de produtos alimentares (Pracel) onde fui director de pessoal, durante cinco anos. A empresa faliu e como estava farto de ser empregado, pensei em ter o meu negócio. Mas, nessa altura, em 1978/79, o eng.º Clara convidou-me para a abrir em Torres Novas uma loja de ferramentas e tintas. Ao fim de cinco anos fechou e então, eu e o meu irmão, que já faleceu, abrimos um estabelecimento no mesmo ramo, a Dual e ali estivemos 20 anos. Em seguida fui para direcção da escola profissional, onde estive 19 anos como director executivo e financeiro. Saí em Agosto do ano passado, mas adorei estar naquela escola. Deixei muitos amigos.

Que momento especial guarda dos cerca de 20 anos que lá esteve?

Olhe, fui um dos impulsionadores da construção da escola nova. A escola funcionava em condições más (perto das urgências do antigo hospital) e em 2000 construiu-se uma nova escola com o apoio da câmara municipal.

Nunca esteve desempregado, portanto?

Nunca. Nem de baixa, apesar de ter sido operado a um cancro no estômago, em 1993. Como era empresário em nome individual, só ao fim de três meses é que tinha direito ao subsídio. Achei que não valia a pena requerê-l ou a doença me levava ou ao fim de três meses já estaria a trabalhar.

Como descreve esse momento da vida?

Foi complicado. Estive em coma durante três dias, e toda a gente dizia que o Hélder estava ‘arrumado’, mas ao fim de 20 anos aqui estou. Foi um período doloroso para toda a família: para a minha mulher e para os meus filhos, que estavam a estudar no ensino superior. Foi consternador para a minha família, mas também para mim porque estava convencido de que me ia embora.

Hoje esse problema de saúde está ultrapassado?

Estou convencido que sim. Faço a minha vida de um modo normal. Se tivesse que fazer mossa, naturalmente já teria feito.

Voltando atrás no tempo, no seu tempo de meninice, vir à vila era a grande viagem mais imediata. O que se vinha fazer a Torres Novas? O que é que o encantava?

Sim, vir à vila era um acontecimento importante apesar de estarmos a pouco mais de dois quilómetros de distância. Tínhamos de vir a pé... não havia calçado para trazer e as pessoas tinham alguma vergonha de vir descalças. A roupa também não abundava e as pessoas não conseguiam vir bem vestidas para a vila.

E vinham em que situações?

Nós, na altura das feiras, mas as mulheres vinham mais frequentemente, à praça. Quando eu ainda andava na escola, os meus irmãos já trabalhavam, um na Casa Nery e outro nas oficinas dos Claras. Era eu que lhes trazia o almoço e muitas vezes comia o que eles deixavam. Um dos meus irmãos teve um problema nos pulmões, falava-se em tuberculose, e foi posto em casa da minha avó. Como estava doente não tinha apetite e não comia. Apesar de a minha mãe dizer para nunca comer da comida do meu irmão, efectivamente eu comia as sobras. E nunca tive doença nenhuma dos pulmões.

Já na adolescência, consta que era um grande entusiasta de festarolas por esse concelho fora. Eram as cachopas que levavam a rapaziada a ir às vezes a pé até onde houvesse uma festa, ou simplesmente não havia alternativa para o convívio, os petiscos, a música?

Nunca fui de bailaricos... nem sabia dançar quando casei. Além disso tinha de estudar e como não tinha electricidade em casa, o que havia era um candeeiro a petróleo, tinha de me levantar de madrugada, sobretudo na Primavera, quando já havia luz, para estudar. Não era fácil...

Consta também que tinha um certa veia de fadista e que chegou a cantar por aí.

Gosto de cantar, mas só entre amigos. Às vezes convidam-me para cantar um fadinho, mas tenho alguma dificuldade em apresentar-me. Tal como não sou capaz de fazer grandes discursos, embora tenha estado em locais onde os tive de fazer. Não sou pessoa de se mostrar muito. Prefiro o recato.

Foi por isso que não seguiu essa onda, como alguns jovens da sua geração, que formaram conjuntos e grupos de fadistagem?

Estive no Choral Phydellius durante muito anos e ensaiei o coro da igreja também durante muito tempo...

De onde lhe veio o gosto pela fotografia e quando comprou a primeira máquina? Como arranjou o dinheiro?

Comprei a primeira máquina aos 14 anos. A fotografia sempre foi o meu principal hobbi e desde os 14 anos que tiro fotografias, ou seja, praticamente há 60 anos. Tenho muitos milhares de fotografias. Comprei essa primeira máquina na Fótica e, se não estou errado, custou-me 100 escudos. Andei um ano a pagá-la com dinheiro que fazia com a venda de fotografias tiradas em casamentos e baptizados: vendia as fotografias a 15 tostões. Era também com esse dinheiro que comprava outros rolos para tirar mais fotografias, porque o dinheiro que ganhava no trabalho era para a casa.

Ainda tem essa máquina?

Sim, e funciona. É só pôr rolo.

Fez também as suas próprias revelações?

No salão onde havia teatro, nas Lapas, havia um camarim onde eu e outras pessoas fazíamos as revelações, que aprendi a fazer na Foto Aviz, que existia por cima da farmácia Higiene. Aprendi a retocar fotografias e a revelar. O pó para fazer o revelador e fixador comprava-o na farmácia.

Deve ter milhares de fotografias que tirou ao longo destes 60 anos. Estão organizadas?

Sim, tenho-as por datas. As películas, porque as fotografias muitas vezes vendia-as. As primeiras películas, de seis por seis, estão guardadas dentro de um sobrescrito com a data e o nome do evento. Embora tenha muitas fotografias em papel, o meu grande arquivo são as películas.

Alguns dos documentos que tem são de grande importância histórica, tem consciência disso?

Sim, são importantes para a freguesia e mesmo para Torres Novas. Também tenho muitas fotografias de Torres Novas, assim como de muitas outras terras, como a Nazaré. Hoje tenho pena de não ter tirado fotografias a artes e ofícios, mas como não tinha dinheiro, não podia estragar os rolos.

Quando começou, desde cedo, a fotografar acontecimentos sociais e culturais da aldeia, tinha a noção de que estava a fixar, para as gerações vindouras, um património que se ia perder ou, no mínimo, transformar tanto?

Não, ninguém pensava nisso na altura. Era pura e simplesmente pela satisfação de tirar fotografias.

O futebol sempre foi para si uma paixão. A certa altura, já homem maduro, início dos anos 90, começa a fotografar jogos de futebol locais e aparecem nos jornais da cidade as primeiras imagens de futebol jogado.

Sim, foi no estádio municipal que comecei a tirar fotografias em movimento. Tenho muitas do CDTN na 2.ª divisão, assim como da selecção nacional, do Benfica, Sporting e Porto, que jogaram muitas vezes em Torres Novas. Tirei também muitas fotografias ao Riachense, durante a época em que o meu genro lá jogou.

Em relação ao espólio de fotografias e películas que tem, o que tenciona fazer?

Por agora, estão em casa e quando os meus filhos quiserem, que as dêem a quem entenderem. Eles que vejam. Eu não sou capaz de me desfazer de nada, aquilo é o meu mundo. É uma responsabilidade que passo para eles.

Mais tarde, aceita uma participação política mais clara e chega a presidente da junta de Lapas: que balanço faz dessa experiência autárquica?

Foi muito positivo. Fui presidente de junta durante um mandato (2005/09) sendo este um cargo em que se trabalha muito. E no meu tempo fez-se muita coisa só que, a partir daí, nunca mais vi nada de especial feito. E agora ainda está mais parado. Se antigamente era difícil estar-se numa freguesia e tentar remediar as coisas, agora, com a união de freguesias, é muito mais difícil. Sou totalmente contra a agregação de freguesias porque ninguém nos perguntou nada.

O que se orgulha mais de ter feito?

...Talvez o calcetamento das ruas. Foram também arranjadas as partes antigas dos poços, o cemitério foi arranjado, introduziram-se computadores nas escolas e sistemas de ar condicionado, assim como nos locais públicos, como a junta de freguesia e escolas. Às escolas chegou também água potável com filtragem, o que foi uma mais valia. Auxiliei a SMUT, na aquisição de instrumentos, os Amigos Avós e Netos, o Juventude de Lapas. Gostei de trabalhar para a comunidade.

Voltaria a repetir uma experiência política?

Nas Lapas, sim.

Mas não nas actuais condições?

Como união de freguesias, não. Sou totalmente contra. Hoje continuo a envergar na lapela o símbolo de Lapas.

O rio Almonda tem um significado muito importante para si. Em que medida?

Todos os dias olho para o rio, faça chuva ou sol. Todos os dias estou ali um bocadinho a admirar toda aquela beleza que existe entre a ponte e a fábrica do álcool. Adoro aquilo e não passo sem lar ir um bocadinho. Tenho centenas de fotografias tiradas ali, grande parte delas repetidas, de alturas diferentes. A aldeia não seria a mesma coisa sem o rio. E as grutas... e as travessas no centro de Lapas, são um sonho. O centro histórico é muito bonito. Faz-me lembrar a zona antiga de Albufeira.

Aos 73 anos sente-se uma pessoa de bem consigo próprio?

Sim, totalmente.

Foi pessoa de grandes viagens. O que descobriu fora do país?

Conheci muito bem o sul de Espanha. Devo lá ter ido umas vinte e tal vezes passar férias. Também fui à Madeira, umas sete ou oito vezes, a Cabo Verde, Polónia, Bélgica, Alemanha, Itália, Suíça, Gibraltar...

Escusado será perguntar, mas levou a máquina fotográfica consigo a essas viagens?

Sim, tenho muitas fotografias e recordações.

 

 

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