A integração de um acervo de Carlos Reis, até aqui instalado no Palácio Nacional da Ajuda, no Museu Municipal de Torres Novas, fica a marcar o 80.º aniversário da fundação do museu e da biblioteca, que nasceram em 1937 pela mão de Gustavo Pinto Lopes. As comemorações terminaram ontem com um concerto de Né Ladeiras, no auditório municipal.

Foi um dia de calor intenso, a terça-feira, 20 de Junho, em que se comemoraram os 80 anos da fundação do Museu Carlos Reis e da Biblioteca Gustavo Pinto Lopes, os mais antigos e influentes equipamentos culturais da cidade e do concelho.

Ao fim da tarde, no Museu, a vereadora Elvira Sequeira apresentou publicamente a última novidade daquela instituição museológica: a integração de um acervo de Carlos Reis que estava em exposição no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, e que por vontade da família veio para Torres Novas. Alguns quadros emblemáticos do “Mestre” como o “Retrato de Minha Mãe” estão agora no museu dos torrejanos, tal como outro tipo de peças, objectos decorativos e mobiliário: o relógio de mesa francês oferecido a Carlos Reis pelo Rei D. Carlos como prenda de casamento, o móvel de pintura do Rei, oferecido a Carlos Reis pela Rainha D. Amélia após o falecimento do monarca, são algumas das muitas peças que os visitantes podem agora apreciar, já integradas nas colecções expostas ao público.

A cerimónia do museu, em que interveio o presidente da câmara, Pedro Ferreira, contou com uma esplêndida intervenção artística de alunas do Choral Phydellius, de Torres Novas,
Do museu, a comitiva dirigiu-se à biblioteca municipal, onde se sucederam idênticas intervenções desta feita alusivas à história e papel cultural da biblioteca, tendo-se assistido à abertura de uma exposição que retrata a evolução do equipamento nestes 80 anos de história. A apresentação de um mural numa parede exterior do edifício, executado por alunos de uma escola secundária de Torres Novas e um convívio, completaram a tarde.

A noite estava guardada para um concerto comemorativo dos 80 anos do museu e da biblioteca, com a presença de Né Ladeiras, artista de renome nacional que passou por bandas como a Brigada Vitor Jara, Trovante ou Banda do Casaco, antes de encetar a sua carreira a solo, que lhe valeu um prémio nacional pelo seu disco “Trás-os-Montes”, obra de referência da música portuguesa. Né Ladeiras apresentou o seu último disco, “Outras Vidas”, inspirado na história de Avita e Cardilium e nos mosaicos de Vila Cardilium e inteiramente composto quando a artista viveu em Torres Novas cerca de cinco anos até 2011. No concerto da biblioteca, Né Ladeiras apresentou algo surpreendentemente intactas a qualidade e o virtuosismo da sua voz, que alguns críticos musicais consideram a melhor voz feminina de Portugal.

O Museu e a Biblioteca de Torres Novas foram fundados em 1937 por Gustavo Pinto Lopes, torrejano ilustre que foi presidente da câmara e iniciou a publicação de livros sobre a história de Torres Novas. Os primeiros objectos destinados ao museu começaram a ser arrumados na capela da Casa Mogo e, em 1937, deu-se a fundação oficial das duas instituições, que ocuparam o actual edifício do turismo: biblioteca no piso de cima, museu municipal em baixo. No início dos anos 60, ambas as instituições foram transferidas para o edifício da cerca da Casa Mogo, onde esteve por curto período a escola industrial e aí permaneceram mais de três décadas. Em 1993/94 o Museu ocupou instalações próprias, com a reconstrução da Casa Mogo de Melo, onde se encontra, e em 2008 foi a vez da biblioteca estrear o grande edifício da Fontinha, que conta com um auditório municipal e com o arquivo histórico municipal.

[FOTO Abílio Dias]