Pegar no bisturi
Opinião » 2008-08-21 » Eduarda Gameiro
O puritanismo exagerado, que, nessa altura, cobria os olhos e a mente das pessoas como um denso manto de fumo, parece-nos hoje ridículo e inaceitável. A liberdade de expressão e de pensamento é actualmente vista como um dos bens essenciais do ser Humano. A sociedade já não assenta em dogmas de fé. Porém, tal como no tempo da inquisição, cada homem continua a querer, individualmente, deixar o peso da dissecação para outros.
Agora, a Rússia invade a Geórgia. Os EUA invadem o Iraque. Perdem-se todos os dias vidas na palestina. E há várias causas e números relacionados com estes acontecimentos. Um enclave com desejos de independência, milhares de mortos, ”armas de destruição maciça”, petróleo, jogos políticos. Cada um de nós enumera factos, comenta, critica ou elogia, mas ninguém deixa de assumir e de aceitar a guerra, ninguém passa da superfície, ninguém disseca, ninguém viaja até aos meandros da sua própria escuridão.
Apesar disso, mais profundamente que a sede de petróleo ou que o fervor religioso, existe de certeza, dentro de cada indivíduo, uma causa comum às causas que arranjamos para justificar as guerras. Se a paz do mundo começa na paz interna de cada um, então precisamos de compreender a sujidade da nossa alma, a competitividade que oscila entre o moralismo e a ganância e que nos vai guiando no sentido de termos mais do que o vizinho do lado. Ao perdermos para essa nossa faceta, estamos a desistir da paz.
Já passaram 500 anos desde Vesálio, mas a inquisição de hoje é o nosso conformismo. Mal ou bem, todos toleramos a guerra do mundo antes de travarmos a nossa própria guerra pessoal. A paz está ao nosso alcance. Mas pegar num bisturi e dissecar o nosso íntimo continua a ser tarefa suja.
piereluigi@gmail.com
Pegar no bisturi
Opinião » 2008-08-21 » Eduarda GameiroO puritanismo exagerado, que, nessa altura, cobria os olhos e a mente das pessoas como um denso manto de fumo, parece-nos hoje ridículo e inaceitável. A liberdade de expressão e de pensamento é actualmente vista como um dos bens essenciais do ser Humano. A sociedade já não assenta em dogmas de fé. Porém, tal como no tempo da inquisição, cada homem continua a querer, individualmente, deixar o peso da dissecação para outros.
Agora, a Rússia invade a Geórgia. Os EUA invadem o Iraque. Perdem-se todos os dias vidas na palestina. E há várias causas e números relacionados com estes acontecimentos. Um enclave com desejos de independência, milhares de mortos, ”armas de destruição maciça”, petróleo, jogos políticos. Cada um de nós enumera factos, comenta, critica ou elogia, mas ninguém deixa de assumir e de aceitar a guerra, ninguém passa da superfície, ninguém disseca, ninguém viaja até aos meandros da sua própria escuridão.
Apesar disso, mais profundamente que a sede de petróleo ou que o fervor religioso, existe de certeza, dentro de cada indivíduo, uma causa comum às causas que arranjamos para justificar as guerras. Se a paz do mundo começa na paz interna de cada um, então precisamos de compreender a sujidade da nossa alma, a competitividade que oscila entre o moralismo e a ganância e que nos vai guiando no sentido de termos mais do que o vizinho do lado. Ao perdermos para essa nossa faceta, estamos a desistir da paz.
Já passaram 500 anos desde Vesálio, mas a inquisição de hoje é o nosso conformismo. Mal ou bem, todos toleramos a guerra do mundo antes de travarmos a nossa própria guerra pessoal. A paz está ao nosso alcance. Mas pegar num bisturi e dissecar o nosso íntimo continua a ser tarefa suja.
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