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Para lá do mar

Opinião  »  2009-01-15  »  Eduarda Gameiro

Neste momento, na faixa de Gaza, um rapazinho está sentado num muro a observar o mar. Não interessa, nem a mim nem ao mar, a sua etnia e muito menos a sua religião (dois conceitos que deviam estar muito mais separados do que estão na realidade). As crianças são imunes a posições políticas. Nascem onde nascerem, gritem por quem gritarem, a sua inocência nunca cessa, e a penumbra da guerra acaba sempre por desnudar os seus frágeis corações de alguma passada ternura e de os cobrir de dor.

Talvez esteja só à procura de algum conforto, de alguma segurança, de um regresso ao lar. Tudo é frágil para esta criança, neste momento. Tudo está na iminência de ser perdido, tudo é aquela angústia que se esconde dentro do seu peito e que a persegue para todo o lado. E no mar, esse eterno colosso, reside a última fortaleza indestrutível (sim, que eu não acredito que a nossa jovem raça consiga, para já, destruir o que biliões de anos de calamidades e catástrofes não conseguiram), a ultima imortalidade desta criança. Talvez sonhe viver para sempre na marca que o furor curioso e infantil dos seus olhos deixou naquela água manchada de sangue.

Talvez procure em algum recanto do horizonte aquela tal ilha distante para onde fugiu o calor maternal que o mundo lhe deve. Quando a distância é medida em sangue e em balas, tempo e espaço tendem-se a misturar.

Ou talvez esteja a olhar para nós, para o interior de cada coração dos homens que vivem no mundo-para-lá-do-mar (talvez seja por isso que me sinto assim, culpado…), e a perguntar-lhes ”Onde é que estão?”… ”Porque é que nos interpretam como tragédias, injustiças, lucros, prejuízos, combustíveis, enfim, parcelas de algum grande jogo-negócio da vida?”… ”Porque é que não nos conseguem ver, simplesmente, como pessoas?”… ”Porque é que as vossas almas sorriem de conforto quando nos materializam assim?”…

E neste momento, o mundo-para-lá-do-mar, observa, repreensivo e sereno, a faixa de Gaza. Analisa-se e opina-se… O que é que um homem sozinho pode fazer para além de dar a sua opinião? Bem, a melhor parte das opiniões é que podem ser elaboradas e construídas do alto inatingível do conforto dos nossos sofás, sem sequer termos de nos mexer. Já as acções, as posições que se assumem, não possuem essa vantagem. Dão tanto mais trabalho quanto mais úteis são.

Mas o mundo-para-lá-do-mar teima em pensar que é feito de homens sozinhos… E que um homem sozinho não pode mudar nada… E, inerte, volta a não se levantar da poltrona…

 

 

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