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Ponham-se a pau, madurões!

Opinião  »  2011-02-18  »  Jorge Cordeiro Simões

Numa das raras tardes soalheiras do final do passado mês de Novembro, após opíparo almoço bem regado com excelente água-pé, estava o amigo Taborda refastelado num banco da praça 5 de Outubro para saborear o solzinho quando, para o ajudar nessa tarefa, se veio sentar junto dele o seu amigo Ezequiel.

Ezequiel é um ”forreta” de muita categoria. Por exemplo, para conseguir tomar a sua ”bica” ainda por 50 cêntimos, ele quase dá a volta ao burgo. Diz que é para fazer a sua caminhada diária. Por vezes divertimo-nos a sério com o detalhe das informações que nos vai dando, versando na maior parte das vezes a sua conversa diversos modos de poupar alguns euros, tendo em vista fazer ”esticar” o pouco dinheiro disponível em cada mês, técnicas essas que nestes tempos se podem revelar úteis.

Nessa tarde de sol, o Ezequiel que já está em idade madura e que para além da sua muita atenção à contagem dos cêntimos, é pessoa cautelosa com as coisas da saúde, já que como adiante se verá tem o cuidado de consumir todos os dias as 100mg de ácido acetilsalicílico da praxe, frequentemente na forma daquela aspirina mais pequenina que quase toda a gente começa a tomar diariamente, quando a idade ou as circunstâncias o aconselham.

Ali sentado ao sol, começou uma conversa dizendo que estivera a fazer algumas contas e concluíra que não são apenas os altos políticos e os bandos dos seus amigos que andam a sugar descaradamente o sangue do povo. Logo aqui o Taborda foi avisando que estava sem paciência para conversas sobre as poucas-vergonhas dessa gente. Ezequiel disse que não era nada disso, mas acontecia que ia deixar de comprar as caixinhas de aspirinas de 30 comprimidos dos pequeninos e passar a comprar aspirinas normais. Explicou ele que feitas as contas nas duas versões, concluiu que o mesmo produto ou seja o ácido acetilsalicílico, é vendido a preços escandalosamente diferentes nas duas versões: no caso das pequeninas vendem-no a perto de 1200 euros cada Kg, enquanto que o mesmo produto na forma dos comprimidos normais ou seja de 500 mg – sendo estes apesar de tudo caríssimos, como o são todos os medicamentos - o seu preço se ficava pelos 360 euros cada Kg do mesmo produto, portanto e na sua opinião, uma descarada roubalheira.

Com esta explicação o Taborda não pôde conter uma gargalhada que atroou na praça, fazendo com que alguns passantes olhassem para eles com curiosidade, pois como se sabe, não se deve soltar uma gargalhada num lugar público, dado o incómodo para os outros, para não falar da curiosidade que desperta nas proximidades e talvez mesmo por vezes alguma inveja. Com isto o Taborda, rindo-se ainda, mostrou o seu espanto, embora pouco houvesse a estranhar vindo do Ezequiel tendo feito a pergunta óbvia: Então agora o amigo deu em querer ir à farmácia fazer compras ao kg?

Ezequiel, sem se dar por achado e como era usual nele, passou a explicar em detalhe: Neste caso trata-se de um medicamento com mais de 100 anos que por isso não justifica custos a titulo de pagamento de pesquisas, o qual sob diversas designações comerciais é produzido e consumido diariamente em todo o mundo, não aos Kg, mas sim às toneladas. O que interessa é a sua substância activa e o caso é que a indústria do ramo e os seus esquemas de distribuição e venda, encontraram formas muito eficazes de obter o máximo de ganho com a tal substância. E parecendo pouco, repare que neste caso da toma preventiva de 100mg e só no nosso pequeno país, se 2 000 000 de maduros e maduras o engolirem todos os dias, isso significa por ano cerca de 70 toneladas, ou seja um negócio para cima dos 70 milhões de euros.

O Taborda interrompeu neste ponto a explicação do amigo para referir que isso não é novo e que toda a gente o faz ou tenta fazer: obter o máximo de ganhos com o seu trabalho, produto, conhecimentos e competências. O Ezequiel concordou com este ponto de vista, mas acrescentou que também e do mesmo modo, um consumidor bem informado pode e deve tentar obter os mesmos bens ou serviços, pelo menor custo e é por isso que ele Ezequiel, irá passar a gastar neste caso em média apenas cerca de um terço do que andava a gastar para o mesmo benefício, partindo em 4 partes cada comprimido de 500 mg.

O Taborda foi de opinião de que se trata de valores insignificantes e que não se justifica por isso tanta preocupação. Mas o Ezequiel insistiu que se trata aqui só de um caso exemplar de como, com a soma de pequenos valores por si só insignificantes, se podem economizar em cada ano valores apreciáveis. E acrescentou que ao contrário do que se possa dizer, não são os custos de embalagem que justificam tão abissal diferença de preços, pois por exemplo muito menor é a diferença do preço do Kg de açúcar entre o embalado ao Kg ou aquele que vem em saquetas de apenas cerca de 6 gr.

Como nessa coisa de números e economias o Ezequiel é mesmo bom, o Taborda calou-se e vai ficar também mais atento aos preços dos produtos para tentar ir aproveitando umas migalhas - assim um pouco a modos de tentar contornar a crise – pois, como se usa dizer: ”muitos poucos, fazem muito”.

 

 

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