• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Domingo, 28 Abril 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Qua.
 17° / 8°
Céu nublado com chuva fraca
Ter.
 20° / 10°
Céu nublado com chuva fraca
Seg.
 19° / 9°
Céu nublado
Torres Novas
Hoje  18° / 7°
Períodos nublados com chuva fraca
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

A lixeira da vergonha - joão carlos lopes

Opinião  »  2022-09-12  »  João Carlos Lopes

Nos últimos trinta anos, o rio Almonda tem sido vítima da demagogia, do desprezo e da hipocrisia de uma maioria que, há décadas, enche discursos, profissões de fé de bater no peito e manifestos eleitorais com o “amor ao nosso rio Almonda”. Na hora da verdade, e já se passaram muitas horas da verdade desde 1994, o rio Almonda, mesmo em troços urbanos, continua como sempre tem estado: sujo, votado ao abandono, leito feito depósito de lixo, cada vez mais lixo.

Há duas excepções, neste panorama desolador: cerca do ano 2000 foi feita uma limpeza do leito, no troço da avenida e entre o Caldeirão e os Gafos e, note-se, foi construído junto aos Gafos o açude que permite que o rio tenha alguma água, nestes troços, nos meses de verão, coisa que, durante séculos, não acontecia. A memória é curta: parece que toda a gente se esqueceu que logo a seguir à ponte da Levada, assim que chegava o Verão o rio corria em riachitos por entre as pedras, as enormes pedras do leito à vista, na Bácora formava-se uma grande ilha com a água a correr por dois fios, no Lamego o rio era um terreiro, onde se andava a pé como em qualquer rua, com um fiozito de água que, às vezes, parava e não tinha comunicação com o troço seguinte a seguir à ponte. Aliás, era por esta razão que, antigamente, o leito era limpo quase todos os anos no Verão, com as carroças dentro dele a acarretar os lixos das invernias [por isso, as estacas em que assentam os muros ficavam meses a apanhar sol, ao contrário de agora, em que, exactamente por causa do nível da água resultante do açude, estão sempre cobertas de água]. É patética a tese de que os três muros que caíram na grande cheia de 2001, a última, foi porque as estacas tinham estado dois meses a apanhar sol dois meses enquanto se limpou o rio. De resto, os muros caíram pelo topo e não pela base, mas isso são outros quinhentos a que voltaremos.

Durante este verão, a abertura temporária da adufa do novo açude de Santo André, com a consequente descida do nível das águas nestes dias, veio pôr a descoberto o verdadeiro escândalo que é o tal desprezo a que é votado o rio, mesmo dentro da cidade. Requalificou-se um troço de margem, no Almonda Parque, uma boa obra, mas não se fez o básico, o que se exigia: a limpeza do leito. É obra para inglês ver. Na Bácora, em vinte metros, há um cemitério de cinco pneus, um deles de camião; depois são chapas de zinco, ferros, tubos, troncos, lixo de toda a ordem; mais à frente, de um lado ao outro, jaz um tubo de lata que ali está desde a década de 50, imagine-se, mas desactivado há mais de 50 anos; no Lamego, onde as sapatas da ponte funcionam como travão, o leito está assoreado de lixo, panorama infâme, porque em cada Verão não se tiram os troncos que ali ficam aprisionados e que vão funcionando como barreira para acumulação de mais lixo, sempre mais lixo. Esta abertura da adufa poderia ter sido aproveitada, houvesse um mínimo de planeamento, para proceder à limpeza do leito. Não vai acontecer. Um dia destes fecha-se o açude, as águas subirão e a lixeira da vergonha ficará outra vez soterrada, escondida, à espera de mais lixo do próximo inverno.

Durante anos, um célebre quadro de Luís Maurício era ícon de um espaço cultural da cidade de então: “Rio Almerda”, assim se chamava a pintura, em que uma serpente de lixos viscosos percorria a cidade sobre o leito do rio. Hoje, tirando o ilusionismo dos adereços de superfície e das margens requalificadas, o leito do rio Almonda continua igual. A mesma almerda, dir-se-ia.

 

 

 Outras notícias - Opinião


O miúdo vai à frente »  2024-04-25  »  Hélder Dias

Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia »  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia

A publicação do livro Identidade e Família – Entre a Consistência da Tradição e os Desafios da Modernidade, apresentado por Passos Coelho, gerou uma inusitada efervescência, o que foi uma vitória para os organizadores desta obra colectiva.
(ler mais...)


Caminho de Abril - maria augusta torcato »  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato

Olho para o meu caminho e fico contente. Acho mesmo que fiz o caminho de Abril. O caminho que Abril representa. No entanto, a realidade atual e os desafios diários levam-me a desejar muito que este caminho não seja esquecido, não por querer que ele se repita, mas para não nos darmos conta, quase sem tempo de manteiga nos dentes, que estamos, outra vez, lá muito atrás e há que fazer de novo o caminho com tudo o que isso implica e que hoje seria incompreensível e inaceitável.
(ler mais...)


As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia »  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia

Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores.
(ler mais...)


Eleições "livres"... »  2024-03-18  »  Hélder Dias

Este é o meu único mundo! - antónio mário santos »  2024-03-08  »  António Mário Santos

Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza.
(ler mais...)


Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato »  2024-03-08  »  Maria Augusta Torcato

Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente.
(ler mais...)


A crise das democracias liberais - jorge carreira maia »  2024-03-08  »  Jorge Carreira Maia

A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David.
(ler mais...)


A carne e os ossos - pedro borges ferreira »  2024-03-08  »  Pedro Ferreira

Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA.
(ler mais...)


O Flautista de Hamelin... »  2024-02-28  »  Hélder Dias
 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-04-22  »  Maria Augusta Torcato Caminho de Abril - maria augusta torcato
»  2024-04-25  »  Hélder Dias O miúdo vai à frente
»  2024-04-24  »  Jorge Carreira Maia Família tradicional e luta do bem contra o mal - jorge carreira maia
»  2024-04-10  »  Jorge Carreira Maia As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia