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Saci Pererê

Opinião  »  2013-06-21  »  Graça Rodrigues

Já alguma vez deste conta de existirem em ti duas entidades diferentes, como se metade de ti fosse inocência e a outra metade tivesse sido contaminada por uma pequena gota de veneno?

Já te aconteceu fazer um gesto improvável, dizer palavras que nem sequer pensavas, agir por impulso reagindo a algo que te provocou, e quase no mesmo instante te arrependeres? Ou magoar alguém, consciente e deliberadamente de forma maldosa, e ficares tu mais ferido do que a pessoa a quem se destinava a farpa? Nunca tiveste vontade de rebobinar o filme, pôr a tua vida a andar para trás uns minutos, para que pudesses refazer aquela cena que te correu tão mal? Filósofos e psicólogos chamam a essa dicotomia humanidade, eu acredito que é um diabinho que vive na nossa casa das máquinas.
O homem, que em tantos momentos se transcende e se eleva, e é capaz dos maiores feitos ou de gestos altruístas, também tem dias de trevas. Tantas vezes, impelido por uma força maquiavélica e encantatória a que não consegue resistir, destapa o seu lado obscuro e mostra toda a maldade que também vive dentro de si. ”Somos humanos!”, dizemos, e reconforta-nos pensar que não temos culpa desta nossa condição. Habitamos um corpo que funciona como uma máquina, mas desconhecemos a força etérea que rege o mecanismo, a vontade que o põe a funcionar. Estudamos o cérebro, analisamos o funcionamento da mente como se fosse uma central eléctrica, para concluir que a memória é feita de misteriosos circuitos e ligações e está ligada ao coração por uma válvula. O que somos e os pensamentos que nos definem, isso ainda nenhum cientista descobriu. Só desconfiam, nem sabem ainda, que cohabitam dentro desta nossa armadura de pele e sangue duas massas sem forma, que são só energia, boa ou má, de escuridão ou de claridade, a fazer de nós anjos e demónios no mesmo dia, na mesma frase.
Esta dualidade pode ser assustadora, se pensarmos que não a podemos controlar. Numa perspectiva maniqueísta ou religiosa, a luta interior acontece entre um deus e um diabo que vivem debaixo das nossas roupagens, e há sempre um remédio, os que acreditam podem rezar. Para outros, o esforço de melhorar a pessoa que somos passa pela aceitação dos erros e compreensão das falhas inerentes à própria natureza humana, e pela determinação em crescer, ser homem grande, ser bom.

Para mim, ninguém me convence de que não temos um serzinho maléfico, um mafarricozito, um Saci Pererê dentro de cada um de nós. Vive escondido junto da caldeira na nossa casa das máquinas, divertido a boicotar o sistema e a entupir-nos a canalização. Já me avariou a bomba propulsora muitas vezes. Uns dias vence-me, por estupidez minha ou cansaço, mas depois de o confrontar tantas e tantas vezes, descobri um remédio que me ajuda a reorganizar o meu espaço vital depois de uma luta com o diabinho, pedir desculpa a quem se ofendeu ou magoou. Um pedido de desculpas é fundamental para se seguir em frente. E estaremos mais fortes na próxima luta.

 

 

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