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O polícia Ezequiel

Opinião  »  2014-02-14  »  Jorge Cordeiro Simões

Apesar da chuva insistente e de propalados perigos que isso possa envolver, numa noite destas atrevi-me a sair de casa, uma coisa que à semelhança dos meus vizinhos como eu, pelo menos já entradotes na idade, aos poucos venho perdendo a coragem de fazer.

Só que desta vez, mal eu saíra de casa dei de caras com um personagem que pensava já não existir: um polícia deslocando-se a pé na zona antiga da cidade de Torres Novas.

Esfreguei os olhos, abri-os, fechei-os e voltei a abri-os, mal acreditando na situação. A imagem persistiu caminhando até na minha direcção. Esta visão causou-me uma dúvida, pelo que me dirigi à benvinda aparição perguntando-lhe se havia por ali algum problema, sei lá, talvez ”algum santo tivesse caído do altar abaixo”, ou outra coisa qualquer que justificasse ter por aqui a presença policial.

Mais surpreendido fiquei ainda quando, calma e amistosamente, o senhor polícia me respondeu que não, que apenas estava em patrulhamento apeado normal, como lhe competia fazer e era o seu trabalho habitual nas esquadras onde passara. Não pude deixar de desabafar a minha surpresa uma vez que eu, fosse por distracção ou por problemas desconhecidos de visão, desde há muitos anos a esta parte que não via nesta cidade um polícia apeado a fazer este tipo de serviço, que realmente me parece dever ser o seu trabalho prioritário.

Disse-me que estava por cá há pouco tempo e que após alguma insistência, conseguira convencer o chefe a deixá-lo fazer o seu trabalho como tem gosto e lhe compete, o que lhe possibilita não apenas conhecer bem a cidade e muitos dos seus habitantes e rotinas, como ainda, sem gastar mais tempo e dinheiro com ginásios e caminhadas, além de tentar cumprir bem as suas obrigações, contribuir para manter a saúde e a forma física, porque o hábito de comer e beber bem e passar quase todo o tempo sentado frente a um computador, favorece a obesidade e acaba por arruinar a saúde a qualquer um.

Ainda com dificuldade em acreditar no que ouvia, quis saber como se chamava e manifestei-lhe a minha estranheza, face às informações que desde há anos vimos ouvindo de que as esquadras da polícia não têm efectivos para garantir este tipo de serviço, que além disso há quem diga será até perigoso.

Respondeu-me que se chamava Ezequiel, acrescentou que em sua opinião não havia motivos para o menor receio, pois Torres Novas é uma cidade pequena e tranquila e se até cidadãos comuns desarmados, embora com mais ou menos medo, se atrevem a sair à rua a qualquer hora do dia e da noite, ele Ezequiel, polícia por gosto e profissão, para mais andando armado e com meios de comunicação rápida com a esquadra, nada receava.

E quanto às balelas sobre a falta de pessoal, disse-me que havendo vontade a coisa resolve-se sempre: assim, durante todos os seus turnos de serviço um colega de carro deixa-o e menos de meia-hora depois recolhe-o, fazendo isto em vários pontos da cidade e horas previamente combinados, sendo por via de dúvidas as horas e a sequência dos locais do seu trabalho, escolhidos ao acaso todos os dias. Assim, quer seja de dia quer seja de noite, ele não passa um dia de serviço sem que tenha calcorreado, e a pé como deve ser, quase toda a cidade.

Despedi-me com um caloroso aperto de mão, recomendando-lhe para que tente levar os seus colegas a fazer como ele. Fui à minha vida satisfeito, sentindo-me agora mais seguro. Deste encontro conclui ainda que podia ter esperança de vir a poder mostrar ainda aos meus netos, um bom exemplo do personagem que na minha infância, era o garante da ordem e da tranquilidade nas nossas cidades: um polícia apeado em missão de patrulhamento.

 

 

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