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A brochura reluzente

Opinião  »  2014-11-14  »  Miguel Sentieiro

O Jornal Torrejano fez 20 anos e comemorou a efeméride com uma encadernação de capa reluzente, onde os colaboradores e cronistas davam a sua opinião sobre a data. Eu fiquei de fora desse caderno. É verdade, fiquei invejoso com a oportunidade perdida de conspurcar uma brochura reluzente com os meus rugosos escritos. Tinham-me pedido uma crónica há muito tempo e o email ficou guardado nos confins do meu computador, até dar de caras com a luxuosa encadernação e perceber que a brochura tinha partido sem as minhas rudimentares linhas lá dentro. Na verdade, o horário de partida estava definido, os meus escritos é que não acordaram a horas e, quando chegaram à paragem, ainda com ramela nos olhos, verificaram que tinham de apanhar outra encadernação. E aqui estou a penitenciar-me por me ter esquecido dos 20 anos do Torrejano. Poderão pensar que ”aquele tipo não dá valor ao jornal para onde por vezes escreve umas coisas”, mas não é verdade. Também já me esqueci de arranjar a lancheira aos meus filhos e gosto muito deles. Mas 20 anos são 20 anos!?,… E a fomeca que os miúdos passaram ao perceberem que não tinham a sandes de tulicreme e o sumo para o lanche? Na verdade, o meu esquecimento deve-se também ao facto de não achar que já passaram 20 anos. E o ”já”, aqui, surge como um compactador num centro de abate automóvel: aperta os anos e fá-los parecer curtinhos quando a experiência é agradável. O ”Já” com uma interrogação no final aparece depois de se comer um gelado no Santini, de se ouvir uma música de Tony Bennet, de se ver um jogo do Sporting ao vivo,… se estiverem a ganhar por 5 a zero. Tudo isto para dizer que o Jornal Torrejano representa uma coisa boa… perdão… uma coisa muito boa… perdão… uma pérola a puxar para o esplendorosamente reluzente, tal como a brochura que não me sai da cabeça. Eu sei que parece exagero, mas o mínimo que precisava de fazer, depois de me ter esquecido dos 20 anos, era dourar um bocadinho mais, algo que já reluz sem ser preciso puxar o brilho de forma artificial (lá estou eu a cair novamente no brilho reluzente). Decerto que não me teria esquecido dos 20 anos, caso o Torrejano representasse o discurso enfadonho de um político, um prato cheio de orelha de porco, um período de trabalho nas minas da Panasqueira. Isto porque transportaria consigo a sensação do ”Ainda só passaram 20 anos?” e esse dia estaria assinalado no calendário com o carácter festivo de quem termina um martírio.

Já perdi muito tempo a tentar desculpar a minha amnésia imperdoável e vou agora tentar classificar de forma resumida o que eu penso representar o editorial do Jornal Torrejan uma grande e saudável maluqueira(?). Sim, porque nos tempos que correm, na era do rebanho que se desloca e bale na direcção do líder sem questionar, uma edição que escreve o que pensa sem medo de represálias, representa a tal ovelha maluca de sentido crítico que altera o balir e sai do rebanho para trincar a erva que lhe parece mais adequada, mesmo que o bode lhe reserve uns coices para mais tarde. Aliás, na última edição, o facto de surgir na capa o anúncio de uma empresa de próteses dentárias, espelha essa disposiçã ”Podemos levar um murro nos queixos, que a ”Italdente” trata de nos devolver o sorriso!” O Torrejano representa a pedrada no charco da subserviência; não se preocupa se a notícia que investiga mexe com interesses instalados; não se preocupa se o que tem para dizer, põe em causa a sua própria sobrevivência. E a coragem é um bem precioso que escasseia numa sociedade cada vez mais tolhida por todos os medos. Parabéns à Inês Vidal por continuar aos comandos desta nau em mares tempestuosos, sem cair na tentação de desviar da rota definida; parabéns ao João Carlos Lopes por se manter dentro da embarcação de remo nas mãos calejadas; parabéns a todos os residentes e convidados por avistarem terra, mesmo no meio da neblina e do espumaço das ondas.

Para mim, é uma honra poder deixar de forma esporádica umas linhas neste fabuloso jornal, melhor ainda do que na tal encadernação especial. Como tipo da Educação Física, visto geralmente fato de treino, saio despenteado de casa e sentir-me-ia mal a entrar dentro do fato de gala. Prefiro a edição rugosa do Torrejano, a não ser que, daqui a 20 anos me supliquem para eu fazer o sacrifício de entrar de fraque na brochura reluzente. Pelo sim, pelo não, vou aqui apontar a data…

 

 

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