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Apelo à tolerância - carlos paiva

Opinião  »  2022-11-09  »  Carlos Paiva

"“Os estados intermédios, quando vazios de bom senso e tolerância, são terreno fértil para o desentendimento. Daí, os simplórios padecerem de dificuldades em navegar nas zonas cinzentas"

Ver as coisas a preto e branco é a simplificação para o simplório. Com a recrudescência de simplórios, é perfeitamente natural que aconteça a bipolarização de qualquer tema. Desde que o sistema de ensino adoptou preferencialmente respostas de escolha múltipla em detrimento do “elabore” ou “justifique” que o acto de pensar é afunilado para binário logo em tenra idade. Outros dispositivos que gerem o quotidiano contribuem para o fluxograma. Tomemos o exemplo dos semáforos: se verde, avança-se. Não há dúvidas. Se vermelho, pára-se. Não há dúvidas. Se laranja… começa o imbróglio. Parando, o fulano atrás apita e barafusta. Avançando, arrisco-me a ouvir um apito estridente seguido de despesas não previstas, ouvir impropérios dos peões e do fulano atrás que aproveita para traduzir a frustração da espera em imagem de cidadão atento e cumpridor. Quando laranja, o fulano atrás apita sempre, faça eu o que fizer. Quando laranja, em caso de piparote noutra viatura, fervilha a argumentação carregada de pressupostos e meias verdades. Por vezes insultos. Até bofetada. O estado intermédio origina problemas bicudos. Os estados absolutos, não.

Os estados intermédios, quando vazios de bom senso e tolerância, são terreno fértil para o desentendimento. Daí, os simplórios padecerem de dificuldades em navegar nas zonas cinzentas, evitando-as a todo o custo. Ser obrigado a interpretar e perceber, é uma chatice. Os simplórios preferem a realidade servida num coma binário.

A vinda da Mercadona para o concelho foi prometida e dada como certa. Foram prometidos empregos e desenvolvimento. No entanto, não ocorreu. Perdeu-se numa zona cinzenta. O simplório não interpretou nem percebeu. A Renova vedou a nascente de um rio, contra tudo e contra todos. Foi prometida solução e acesso livre à nascente. No entanto, não ocorreu. Perdeu-se numa zona cinzenta. O simplório não interpretou nem percebeu. A Fabrióleo poluiu e envenenou. Foi prometido desmantelamento e limpeza. No entanto, não ocorreu. Perdeu-se numa zona cinzenta. O simplório não interpretou nem percebeu. Formou-se uma comissão para acompanhar a possibilidade de o novo aeroporto de Lisboa se resumir a uma placa de fundo azul e letras brancas na Segunda Circular a apontar para Santarém. O presidente da câmara de Torres Novas contava ser convidado para essa comissão. No entanto, não ocorreu. Por esta altura, mesmo os mais simplórios, conseguem interpretar uma linha de coerência formada pelas “não ocorrências” sucessivas. Não basta parecer. Tem de se ser. E isso é binário, o simplório percebe.

Apesar de todo este tema do aeroporto na zona de Santarém se revestir de algum misticismo e as ditas Comissões Técnicas aparentarem uma essência etérea, o presidente, perante tal desplante, reagiu com um “Não tolero!” A formiga também não tolera ser esmagada pelo elefante. Mas mesmo que o grite em plenos pulmões, em bico dos pés, não lhe adianta grande coisa. Um “toma” do Bordalo traria mais dignidade ao esmagamento da insignificante formiga. Mas quem precisa de dignidade quando o formigueiro providencia uma maioria absoluta?

E cá ficamos nós intoleravelmente a ver hipotéticos aviões, a aterrar e a levantar voo em hipotéticos aeroportos, testemunhando um hipotético crescimento económico na região. Se pedirmos com jeitinho, talvez nos deixem ir varrer a pista, ou limpar os mosquitos do para-brisas de um Boeing, à troca de uma moedinha. Isso sim, seriam novas oportunidades de emprego e um desenvolvimento económico assombroso para os torrejanos. Além de uma placa de fundo azul e letras brancas na variante do Bom Amor a apontar para Santarém.

 

 

 

 

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