Ambiente - acácio gouveia
"Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas"
“Quando somos crianças, perguntamos sempre porquê, mas os adultos esquecem-se de continuar a perguntar. Limitam-se a aceitar.”
Colum McCann in Apeirogon
Na citação acima podemos encontrar a explicação para a passividade face aos desastres ambientais revelada pelas gerações menos jovens. Infelizmente, pode juntar-se uma outra hipótese: um egoísmo monstruoso de quem espera não viver o suficiente para provar o fel que se tem vindo a semear. A ira dos jovens que se acorrentam a portões de universidades, ou interrompem o trânsito, ou conspurcam as camisas de ministros é para eles incompreensível, como incompreensível será para os jovens a traição de quem lhes está a roubar o futuro.
Paulo Portas, analista arguto, faz por vezes desvios falaciosos, nomeadamente quando aborda a crise ambiental. Afirma que é preciso “compatibilizar economia e proteção ambiental”. Ora, isto é dislate monumental e eventualmente hipócrita, porque pessoas tão bem informadas, como o comentador em causa, têm a obrigação de saber que toda a agressão ambiental terá, cedo ou tarde, um custo económico bem acima dos lucros imediatos auferidos pela atividade poluidora.
Em setembro de 2019 fui apanhado de surpresa perante a perspectiva de passar longos minutos especado, à mercê do tédio, à porta duma loja de roupa de senhora. Para escapar ao enfado, resolvi entrar numa tabacaria e comprar uma qualquer revista. Optei pelo “Economist”, cuja edição tinha como tema a degradação ambiental. Cerca de metade dos textos abordavam as alarmantes consequências económicas das alterações climáticas. Por exemplo, previa-se então que da seca no canal do Panamá resultaria prejuízo considerável para o comércio mundial. Actualmente, é notícia nos meios de comunicação generalista que já há limitações significativas no transporte marítimo ficando assim exposta a sinistra mentira sobre o suposto antagonismo economia/ecologia.
Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas. Inquinam toda a abordagem do tema ambiente falsificando a análise económica, não contabilizando os prejuízos que a degradação ambiental resulta do seu modelo de “desenvolvimento”. Recentemente, a indústria automóvel veio a terreiro queixar-se dos “políticos de Bruxelas” que implementam calendários de transição carbónica “inexequíveis”. O mesmo discurso se ouve do lado dos agricultores franceses e não só. Todos eles, dolosamente, omitem as razões que levaram os políticos a legislarem da forma que o fizeram: a catastrófica crise climática em curso. Lamentavelmente, agregam a quase totalidade dos partidos, desde os negacionistas (a direita e centro direita) até aos dúplices (centro esquerda e esquerda). Alguns entre estes últimos usam a causa ambientalista mais como suposta arma de arremesso anticapitalista e não tanto como causa em si.
É evidente que, sem intervenção dos governos a implementarem políticas de protecção ambiental, ela não é exequível pelos mercados. Contudo, sugerir que modelos político-económicos baseados na apropriação dos meios de produção pelo estado (isto é, socialistas) possam ser solução, não tem respaldo histórico. Antes do colapso da URSS, os países socialistas eram exemplares no desrespeito pelo meio ambiente. Na China de Mao, ficou tristemente registada na história a “Campanha contra a Natureza”. Com a agravante desses regimes exercerem repressão sistemática sobre os ambientalistas.
Ambiente - acácio gouveia
Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas
“Quando somos crianças, perguntamos sempre porquê, mas os adultos esquecem-se de continuar a perguntar. Limitam-se a aceitar.”
Colum McCann in Apeirogon
Na citação acima podemos encontrar a explicação para a passividade face aos desastres ambientais revelada pelas gerações menos jovens. Infelizmente, pode juntar-se uma outra hipótese: um egoísmo monstruoso de quem espera não viver o suficiente para provar o fel que se tem vindo a semear. A ira dos jovens que se acorrentam a portões de universidades, ou interrompem o trânsito, ou conspurcam as camisas de ministros é para eles incompreensível, como incompreensível será para os jovens a traição de quem lhes está a roubar o futuro.
Paulo Portas, analista arguto, faz por vezes desvios falaciosos, nomeadamente quando aborda a crise ambiental. Afirma que é preciso “compatibilizar economia e proteção ambiental”. Ora, isto é dislate monumental e eventualmente hipócrita, porque pessoas tão bem informadas, como o comentador em causa, têm a obrigação de saber que toda a agressão ambiental terá, cedo ou tarde, um custo económico bem acima dos lucros imediatos auferidos pela atividade poluidora.
Em setembro de 2019 fui apanhado de surpresa perante a perspectiva de passar longos minutos especado, à mercê do tédio, à porta duma loja de roupa de senhora. Para escapar ao enfado, resolvi entrar numa tabacaria e comprar uma qualquer revista. Optei pelo “Economist”, cuja edição tinha como tema a degradação ambiental. Cerca de metade dos textos abordavam as alarmantes consequências económicas das alterações climáticas. Por exemplo, previa-se então que da seca no canal do Panamá resultaria prejuízo considerável para o comércio mundial. Actualmente, é notícia nos meios de comunicação generalista que já há limitações significativas no transporte marítimo ficando assim exposta a sinistra mentira sobre o suposto antagonismo economia/ecologia.
Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas. Inquinam toda a abordagem do tema ambiente falsificando a análise económica, não contabilizando os prejuízos que a degradação ambiental resulta do seu modelo de “desenvolvimento”. Recentemente, a indústria automóvel veio a terreiro queixar-se dos “políticos de Bruxelas” que implementam calendários de transição carbónica “inexequíveis”. O mesmo discurso se ouve do lado dos agricultores franceses e não só. Todos eles, dolosamente, omitem as razões que levaram os políticos a legislarem da forma que o fizeram: a catastrófica crise climática em curso. Lamentavelmente, agregam a quase totalidade dos partidos, desde os negacionistas (a direita e centro direita) até aos dúplices (centro esquerda e esquerda). Alguns entre estes últimos usam a causa ambientalista mais como suposta arma de arremesso anticapitalista e não tanto como causa em si.
É evidente que, sem intervenção dos governos a implementarem políticas de protecção ambiental, ela não é exequível pelos mercados. Contudo, sugerir que modelos político-económicos baseados na apropriação dos meios de produção pelo estado (isto é, socialistas) possam ser solução, não tem respaldo histórico. Antes do colapso da URSS, os países socialistas eram exemplares no desrespeito pelo meio ambiente. Na China de Mao, ficou tristemente registada na história a “Campanha contra a Natureza”. Com a agravante desses regimes exercerem repressão sistemática sobre os ambientalistas.
![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |
![]() Gisèle Pelicot vive e cresceu em França. Tem 71 anos. Casou-se aos 20 anos de idade com Dominique Pelicot, de 72 anos, hoje reformado. Teve dois filhos. Gisèle não sabia que a pessoa que escolheu para estar ao seu lado ao longo da vida a repudiava ao ponto de não suportar a ideia de não lhe fazer mal, tudo isto em segredo e com a ajuda de outros homens, que, como ele, viviam vidas aparentemente, parcialmente e eticamente comuns. |
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![]() Deveria seguir-se a demolição do prédio que foi construído em cima do rio há mais de cinquenta anos e a libertação de terrenos junto da fábrica velha Estamos em tempo de cheias no nosso Rio Almonda. |
![]() Enquanto penso em como arrancar com este texto, só consigo imaginar o fartote que Joana Marques, humorista, faria com esta notícia. Tivesse eu jeito para piadas e poderia alvitrar já aqui duas ou três larachas, envolvendo papel higiénico e lavagem de honra, que a responsável pelo podcast Extremamente Desagradável faria com este assunto. |
![]() Chegou o ano do eleitorado concelhio, no sistema constitucional democrático em que vivemos, dizer da sua opinião sobre a política autárquica a que a gestão do município o sujeitou. O Partido Socialista governa desde as eleições de 12 de Dezembro de 1993, com duas figuras que se mantiveram na presidência, António Manuel de Oliveira Rodrigues (1994-2013), Pedro Paulo Ramos Ferreira (2013-2025), com o reforço deste último ter sido vice-presidente do primeiro nos seus três mandatos. |
![]() Coloquemos a questão: O que se está a passar no mundo? Factualmente, temos, para além da tragédia do Médio Oriente, a invasão russa da Ucrânia, o sólido crescimento internacional do poder chinês, o fenómeno Donald Trump e a periclitante saúde das democracias europeias. |
![]() Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. |
![]() É um banco, talvez, feliz! Era uma vez um banco. Não. É um banco e um banco, talvez, feliz! E não. Não é um banco dos que nos desassossegam pelo que nos custam e cobram, mas dos que nos permitem sossegar, descansar. |
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Ferreira... renovado |
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Gisèle Pelicot é uma mulher comum - joão ribeiro e raquel batista |
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Uma passagem do Evangelho de João - jorge carreira maia |