Ambiente - acácio gouveia
Opinião » 2024-02-22 » Acácio Gouveia"Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas"
“Quando somos crianças, perguntamos sempre porquê, mas os adultos esquecem-se de continuar a perguntar. Limitam-se a aceitar.”
Colum McCann in Apeirogon
Na citação acima podemos encontrar a explicação para a passividade face aos desastres ambientais revelada pelas gerações menos jovens. Infelizmente, pode juntar-se uma outra hipótese: um egoísmo monstruoso de quem espera não viver o suficiente para provar o fel que se tem vindo a semear. A ira dos jovens que se acorrentam a portões de universidades, ou interrompem o trânsito, ou conspurcam as camisas de ministros é para eles incompreensível, como incompreensível será para os jovens a traição de quem lhes está a roubar o futuro.
Paulo Portas, analista arguto, faz por vezes desvios falaciosos, nomeadamente quando aborda a crise ambiental. Afirma que é preciso “compatibilizar economia e proteção ambiental”. Ora, isto é dislate monumental e eventualmente hipócrita, porque pessoas tão bem informadas, como o comentador em causa, têm a obrigação de saber que toda a agressão ambiental terá, cedo ou tarde, um custo económico bem acima dos lucros imediatos auferidos pela atividade poluidora.
Em setembro de 2019 fui apanhado de surpresa perante a perspectiva de passar longos minutos especado, à mercê do tédio, à porta duma loja de roupa de senhora. Para escapar ao enfado, resolvi entrar numa tabacaria e comprar uma qualquer revista. Optei pelo “Economist”, cuja edição tinha como tema a degradação ambiental. Cerca de metade dos textos abordavam as alarmantes consequências económicas das alterações climáticas. Por exemplo, previa-se então que da seca no canal do Panamá resultaria prejuízo considerável para o comércio mundial. Actualmente, é notícia nos meios de comunicação generalista que já há limitações significativas no transporte marítimo ficando assim exposta a sinistra mentira sobre o suposto antagonismo economia/ecologia.
Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas. Inquinam toda a abordagem do tema ambiente falsificando a análise económica, não contabilizando os prejuízos que a degradação ambiental resulta do seu modelo de “desenvolvimento”. Recentemente, a indústria automóvel veio a terreiro queixar-se dos “políticos de Bruxelas” que implementam calendários de transição carbónica “inexequíveis”. O mesmo discurso se ouve do lado dos agricultores franceses e não só. Todos eles, dolosamente, omitem as razões que levaram os políticos a legislarem da forma que o fizeram: a catastrófica crise climática em curso. Lamentavelmente, agregam a quase totalidade dos partidos, desde os negacionistas (a direita e centro direita) até aos dúplices (centro esquerda e esquerda). Alguns entre estes últimos usam a causa ambientalista mais como suposta arma de arremesso anticapitalista e não tanto como causa em si.
É evidente que, sem intervenção dos governos a implementarem políticas de protecção ambiental, ela não é exequível pelos mercados. Contudo, sugerir que modelos político-económicos baseados na apropriação dos meios de produção pelo estado (isto é, socialistas) possam ser solução, não tem respaldo histórico. Antes do colapso da URSS, os países socialistas eram exemplares no desrespeito pelo meio ambiente. Na China de Mao, ficou tristemente registada na história a “Campanha contra a Natureza”. Com a agravante desses regimes exercerem repressão sistemática sobre os ambientalistas.
Ambiente - acácio gouveia
Opinião » 2024-02-22 » Acácio GouveiaApesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas
“Quando somos crianças, perguntamos sempre porquê, mas os adultos esquecem-se de continuar a perguntar. Limitam-se a aceitar.”
Colum McCann in Apeirogon
Na citação acima podemos encontrar a explicação para a passividade face aos desastres ambientais revelada pelas gerações menos jovens. Infelizmente, pode juntar-se uma outra hipótese: um egoísmo monstruoso de quem espera não viver o suficiente para provar o fel que se tem vindo a semear. A ira dos jovens que se acorrentam a portões de universidades, ou interrompem o trânsito, ou conspurcam as camisas de ministros é para eles incompreensível, como incompreensível será para os jovens a traição de quem lhes está a roubar o futuro.
Paulo Portas, analista arguto, faz por vezes desvios falaciosos, nomeadamente quando aborda a crise ambiental. Afirma que é preciso “compatibilizar economia e proteção ambiental”. Ora, isto é dislate monumental e eventualmente hipócrita, porque pessoas tão bem informadas, como o comentador em causa, têm a obrigação de saber que toda a agressão ambiental terá, cedo ou tarde, um custo económico bem acima dos lucros imediatos auferidos pela atividade poluidora.
Em setembro de 2019 fui apanhado de surpresa perante a perspectiva de passar longos minutos especado, à mercê do tédio, à porta duma loja de roupa de senhora. Para escapar ao enfado, resolvi entrar numa tabacaria e comprar uma qualquer revista. Optei pelo “Economist”, cuja edição tinha como tema a degradação ambiental. Cerca de metade dos textos abordavam as alarmantes consequências económicas das alterações climáticas. Por exemplo, previa-se então que da seca no canal do Panamá resultaria prejuízo considerável para o comércio mundial. Actualmente, é notícia nos meios de comunicação generalista que já há limitações significativas no transporte marítimo ficando assim exposta a sinistra mentira sobre o suposto antagonismo economia/ecologia.
Apesar das perspectivas serem catastróficas, os agentes económicos mais influentes do nosso país - só para não irmos além-fronteiras - são negacionistas. Inquinam toda a abordagem do tema ambiente falsificando a análise económica, não contabilizando os prejuízos que a degradação ambiental resulta do seu modelo de “desenvolvimento”. Recentemente, a indústria automóvel veio a terreiro queixar-se dos “políticos de Bruxelas” que implementam calendários de transição carbónica “inexequíveis”. O mesmo discurso se ouve do lado dos agricultores franceses e não só. Todos eles, dolosamente, omitem as razões que levaram os políticos a legislarem da forma que o fizeram: a catastrófica crise climática em curso. Lamentavelmente, agregam a quase totalidade dos partidos, desde os negacionistas (a direita e centro direita) até aos dúplices (centro esquerda e esquerda). Alguns entre estes últimos usam a causa ambientalista mais como suposta arma de arremesso anticapitalista e não tanto como causa em si.
É evidente que, sem intervenção dos governos a implementarem políticas de protecção ambiental, ela não é exequível pelos mercados. Contudo, sugerir que modelos político-económicos baseados na apropriação dos meios de produção pelo estado (isto é, socialistas) possam ser solução, não tem respaldo histórico. Antes do colapso da URSS, os países socialistas eram exemplares no desrespeito pelo meio ambiente. Na China de Mao, ficou tristemente registada na história a “Campanha contra a Natureza”. Com a agravante desses regimes exercerem repressão sistemática sobre os ambientalistas.
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |
Olivença... » 2024-09-17 » Hélder Dias |
» 2024-09-09
» Hélder Dias
Bandidos... |
» 2024-09-19
» Maria Augusta Torcato
Falta poesia nos corações (ditos) humanos |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Ministro ou líder do CDS? |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Olivença... |
» 2024-09-13
» Hélder Dias
Cat burguer... |