Brasil, China, Entre-os-Rios e Novo Banco
"A doença do Brasil, António Costa e a China, os dezoito anos da queda da ponte de Entre-os Rios e o Novo Banco, estes são os quatro temas da crónica de A Ver o Mundo, desta quinzena."
1. A DOENÇA DO BRASIL. Apesar de sermos latinos e de permitirmos coisas inaceitáveis nos países do centro e do norte da Europa, ainda é difícil para os portugueses compreender a doença que ataca com virulência inusitada o Brasil. Essa doença tonou-se, mais uma vez, visível com a morte do neto do ex-presidente Lula da Silva, uma criança de sete. O ódio e a falta de humanidade que perpassou pelas redes sociais ultrapassa aquilo que é compreensível na Europa. E, sejamos claros, nada disso tem a ver com Lula da Silva ter sido, eventualmente, corrupto. Esses mesmos brasileiros convivem muito bem com políticos mais claramente corruptos e sobre os quais não recai o ódio que é endossado a Lula da Silva. Uma doença.
2. ANTÓNIO COSTA E A CHINA. O primeiro-ministro português está preocupado com uma eventual onda europeia proteccionista relativamente à China. Argumenta que Portugal tem tido uma boa experiência com o investimento chinês. Ora é o investimento chinês que preocupa alguns governos europeus. O assunto é particularmente sensível. Trata-se de conjugar dois tipos de intencionalidades. Por um lado, a União Europeia tem advogado o comércio livre. Por outro, os líderes europeus começam a preocupar-se com a desnacionalização da economia e a perda de controlo nacional de sectores chaves. Afinal, parece haver um limite, até na União Europeia, para a sobreposição da economia à política. Até porque isso não existe na China, onde o investimento no estrangeiro é um acto geopolítico do Estado chinês e do Partido Comunista, mesmo que António Costa, como aconteceu com Passos Coelho, finja não perceber.
3. OS DEZOITO ANOS DA QUEDA DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS. Passados dezoito anos da tragédia de Entre-os-Rios, onde morreram 59 pessoas, terá o país aprendido alguma coisa? Certamente que houve incremento nas vistorias. Também é verdade que nenhum país é capaz de garantir uma vida absolutamente segura aos seus cidadãos. Dito isto, os casos dos incêndios do ano de 2017 e a derrocada de uma pedreira na estrada de Borba – Vila Viçosa, em 2018, parecem indiciar que a atitude que conduziu ao acidente de Entre-os-Rios continua disseminada país fora. Não é apenas uma questão política, mas também o é.
4. NOVO BANCO. Começa a ser cansativo. Depois da Caixa, é agora o Novo Banco a pedir dinheiro ao Estado. O desenvolvimento do país foi sequestrado pela banca nacional. Esta que deveria fornecer recursos financeiros ao desenvolvimento da economia, e com isso ganhar dinheiro, parece ter por finalidade viver à conta de contribuintes generosos e pacíficos.
Brasil, China, Entre-os-Rios e Novo Banco
A doença do Brasil, António Costa e a China, os dezoito anos da queda da ponte de Entre-os Rios e o Novo Banco, estes são os quatro temas da crónica de A Ver o Mundo, desta quinzena.
1. A DOENÇA DO BRASIL. Apesar de sermos latinos e de permitirmos coisas inaceitáveis nos países do centro e do norte da Europa, ainda é difícil para os portugueses compreender a doença que ataca com virulência inusitada o Brasil. Essa doença tonou-se, mais uma vez, visível com a morte do neto do ex-presidente Lula da Silva, uma criança de sete. O ódio e a falta de humanidade que perpassou pelas redes sociais ultrapassa aquilo que é compreensível na Europa. E, sejamos claros, nada disso tem a ver com Lula da Silva ter sido, eventualmente, corrupto. Esses mesmos brasileiros convivem muito bem com políticos mais claramente corruptos e sobre os quais não recai o ódio que é endossado a Lula da Silva. Uma doença.
2. ANTÓNIO COSTA E A CHINA. O primeiro-ministro português está preocupado com uma eventual onda europeia proteccionista relativamente à China. Argumenta que Portugal tem tido uma boa experiência com o investimento chinês. Ora é o investimento chinês que preocupa alguns governos europeus. O assunto é particularmente sensível. Trata-se de conjugar dois tipos de intencionalidades. Por um lado, a União Europeia tem advogado o comércio livre. Por outro, os líderes europeus começam a preocupar-se com a desnacionalização da economia e a perda de controlo nacional de sectores chaves. Afinal, parece haver um limite, até na União Europeia, para a sobreposição da economia à política. Até porque isso não existe na China, onde o investimento no estrangeiro é um acto geopolítico do Estado chinês e do Partido Comunista, mesmo que António Costa, como aconteceu com Passos Coelho, finja não perceber.
3. OS DEZOITO ANOS DA QUEDA DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS. Passados dezoito anos da tragédia de Entre-os-Rios, onde morreram 59 pessoas, terá o país aprendido alguma coisa? Certamente que houve incremento nas vistorias. Também é verdade que nenhum país é capaz de garantir uma vida absolutamente segura aos seus cidadãos. Dito isto, os casos dos incêndios do ano de 2017 e a derrocada de uma pedreira na estrada de Borba – Vila Viçosa, em 2018, parecem indiciar que a atitude que conduziu ao acidente de Entre-os-Rios continua disseminada país fora. Não é apenas uma questão política, mas também o é.
4. NOVO BANCO. Começa a ser cansativo. Depois da Caixa, é agora o Novo Banco a pedir dinheiro ao Estado. O desenvolvimento do país foi sequestrado pela banca nacional. Esta que deveria fornecer recursos financeiros ao desenvolvimento da economia, e com isso ganhar dinheiro, parece ter por finalidade viver à conta de contribuintes generosos e pacíficos.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |