O ataque ao indivíduo - jorge carreira maia
Opinião » 2023-10-21
O que, no desvario que atravessa o mundo, está a ser posto em causa e corre o perigo de desaparecer? O que está em perigo é a ideia de indivíduo, a crença de que somos seres individuais, entidades distintas e separadas. Isto parece abstracto. Ora, é porque somos indivíduos que temos um conjunto de direitos, liberdades e garantias que visam defender a nossa individualidade, a nossa iniciativa e as nossas crenças, desde que não ponhamos em causa os direitos dos outros.
A ideia de que somos indivíduos é recente, apesar de ter raízes na filosofia grega e no Cristianismo. Vai-se afirmando a partir dos séculos XVII e XVIII. O estatuto de cada um não depende nem da classe social, nem da nação, nem da religião. Depende de ser um indivíduo dotado de razão com capacidade para escolher como deve orientar a sua vida. Quando se fala em direitos humanos fala-se dos direitos dos indivíduos. As grandes forças propulsoras do indivíduo foram o Iluminismo e o Liberalismo. O resultado, no campo político, foi a emergência das democracias liberais, onde cada indivíduo tem um voto e o Estado tem o dever de lhe garantir os direitos e liberdades individuais.
A ideia de indivíduo sempre recebeu contestação. Uns queriam reduzi-lo à casta (clero, nobreza e povo), outros à classe social (burgueses e proletários, e suas derivações), outros à nação (português, espanhol, etc.). Todos estes movimentos (conservadorismo, socialismo e nacionalismo), com diferentes matizes, pretenderam matar – e em muitos casos mataram – o indivíduo, reduzindo-o à comunidade de pertença. Contudo, a defesa da individualidade conseguiu enfrentar, no século XX, as piores derivas do nacionalismo, do socialismo autoritário e do conservadorismo reaccionário. O século XXI, porém, tem sido um tempo em que a ideia de indivíduo está sob violento ataque.
As guerras em curso devem-se ao nacionalismo, à vontade de afirmar os direitos de uma nação, mesmo que isso negue os direitos individuais. As ondas populistas têm, como seu último alvo, a desagregação dos direitos dos indivíduos, visando reduzir estes a membros informes de uma massa nacional. Os fundamentalismos religiosos querem aniquilar a consciência do indivíduo. Mesmo movimentos aparentemente emancipatórios substituem a defesa dos indivíduos pela das identidades grupais, que se distinguem pelo género, pela orientação sexual, pela comunidade étnica, pela religião de pertença, etc. Em todas as convulsões a que assistimos o alvo é aquela descoberta europeia de que somos indivíduos. Indivíduos com direitos, liberdades e garantias.
O ataque ao indivíduo - jorge carreira maia
Opinião » 2023-10-21O que, no desvario que atravessa o mundo, está a ser posto em causa e corre o perigo de desaparecer? O que está em perigo é a ideia de indivíduo, a crença de que somos seres individuais, entidades distintas e separadas. Isto parece abstracto. Ora, é porque somos indivíduos que temos um conjunto de direitos, liberdades e garantias que visam defender a nossa individualidade, a nossa iniciativa e as nossas crenças, desde que não ponhamos em causa os direitos dos outros.
A ideia de que somos indivíduos é recente, apesar de ter raízes na filosofia grega e no Cristianismo. Vai-se afirmando a partir dos séculos XVII e XVIII. O estatuto de cada um não depende nem da classe social, nem da nação, nem da religião. Depende de ser um indivíduo dotado de razão com capacidade para escolher como deve orientar a sua vida. Quando se fala em direitos humanos fala-se dos direitos dos indivíduos. As grandes forças propulsoras do indivíduo foram o Iluminismo e o Liberalismo. O resultado, no campo político, foi a emergência das democracias liberais, onde cada indivíduo tem um voto e o Estado tem o dever de lhe garantir os direitos e liberdades individuais.
A ideia de indivíduo sempre recebeu contestação. Uns queriam reduzi-lo à casta (clero, nobreza e povo), outros à classe social (burgueses e proletários, e suas derivações), outros à nação (português, espanhol, etc.). Todos estes movimentos (conservadorismo, socialismo e nacionalismo), com diferentes matizes, pretenderam matar – e em muitos casos mataram – o indivíduo, reduzindo-o à comunidade de pertença. Contudo, a defesa da individualidade conseguiu enfrentar, no século XX, as piores derivas do nacionalismo, do socialismo autoritário e do conservadorismo reaccionário. O século XXI, porém, tem sido um tempo em que a ideia de indivíduo está sob violento ataque.
As guerras em curso devem-se ao nacionalismo, à vontade de afirmar os direitos de uma nação, mesmo que isso negue os direitos individuais. As ondas populistas têm, como seu último alvo, a desagregação dos direitos dos indivíduos, visando reduzir estes a membros informes de uma massa nacional. Os fundamentalismos religiosos querem aniquilar a consciência do indivíduo. Mesmo movimentos aparentemente emancipatórios substituem a defesa dos indivíduos pela das identidades grupais, que se distinguem pelo género, pela orientação sexual, pela comunidade étnica, pela religião de pertença, etc. Em todas as convulsões a que assistimos o alvo é aquela descoberta europeia de que somos indivíduos. Indivíduos com direitos, liberdades e garantias.
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Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
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Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
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