Um olhar paroquial
Todo o olhar é perspectivístico. Aquilo que vemos depende também do local de observação. Eu gosto deste observatório paroquial. Olho para o mundo a partir da minha paróquia, digamos assim. Isso acontece com todos, mas raramente se tem a consciência disso. Quem escreve para os grandes jornais nacionais, por exemplo, não tem essa noção. Escrever num jornal de província devolve-nos a consciência clara de que tudo o que dizemos e escrevemos deve ser tido nos limites determinados pelo sítio a partir do qual olhamos.
Dito de outra maneira, olho o mundo com o meu olhar paroquial e provinciano. Com os olhos esbugalhados, faço como o Sá de Miranda: m’espanto às vezes, / outras m’avergonho. Mas entre espanto e vergonha, vou pensando o curso do mundo, sabendo qual é o meu lugar nesse mundo. Esta consciência acrescida da natureza perspectivística do olhar, mesmo quando a escrita é enfática, ajuda a relativizar aquilo que se escreve e as posições que se defendem. Os tempos que vivemos são particularmente obscuros. Obscuros porque o mal neles se manifesta com especial veemência. Obscuros porque a realidade é de tal maneira complexa que dificilmente a conseguimos abarcar com o olhar.
Escrever torna-se, desse modo, uma luta contra a obscuridade, um exercício de procura de uma luz que o mundo, na sua crescente complexidade, se furta a dar-nos num primeiro relance. Por outro lado, fazer opinião – os gregos chamavam-lhe doxa e opunham-na à ciência – é ainda uma forma de tomar posição e escolher um campo, mesmo quando se está longe de estar convicto das razões que nos assistem e ao campo em que nos colocamos. E, para dizer a verdade, estou muito longe de estar convicto seja do que for. Pergunto-me, muitas vezes: se mudar de lugar, será que vejo as mesmas coisas? E pressinto que a resposta é um rotundo não. Se a verdade do olhar está dependente do sítio de onde se olha, escrever torna-se então um ensaio, uma tentativa para dar sentido à experiência confusa que o mundo proporciona. E essa possibilidade devo-a há muitos anos ao JT, que me acolheu nas suas páginas e me deu a liberdade, a partir deste aqui e deste agora, de fazer um caminho a ver o mundo.
Um olhar paroquial
Todo o olhar é perspectivístico. Aquilo que vemos depende também do local de observação. Eu gosto deste observatório paroquial. Olho para o mundo a partir da minha paróquia, digamos assim. Isso acontece com todos, mas raramente se tem a consciência disso. Quem escreve para os grandes jornais nacionais, por exemplo, não tem essa noção. Escrever num jornal de província devolve-nos a consciência clara de que tudo o que dizemos e escrevemos deve ser tido nos limites determinados pelo sítio a partir do qual olhamos.
Dito de outra maneira, olho o mundo com o meu olhar paroquial e provinciano. Com os olhos esbugalhados, faço como o Sá de Miranda: m’espanto às vezes, / outras m’avergonho. Mas entre espanto e vergonha, vou pensando o curso do mundo, sabendo qual é o meu lugar nesse mundo. Esta consciência acrescida da natureza perspectivística do olhar, mesmo quando a escrita é enfática, ajuda a relativizar aquilo que se escreve e as posições que se defendem. Os tempos que vivemos são particularmente obscuros. Obscuros porque o mal neles se manifesta com especial veemência. Obscuros porque a realidade é de tal maneira complexa que dificilmente a conseguimos abarcar com o olhar.
Escrever torna-se, desse modo, uma luta contra a obscuridade, um exercício de procura de uma luz que o mundo, na sua crescente complexidade, se furta a dar-nos num primeiro relance. Por outro lado, fazer opinião – os gregos chamavam-lhe doxa e opunham-na à ciência – é ainda uma forma de tomar posição e escolher um campo, mesmo quando se está longe de estar convicto das razões que nos assistem e ao campo em que nos colocamos. E, para dizer a verdade, estou muito longe de estar convicto seja do que for. Pergunto-me, muitas vezes: se mudar de lugar, será que vejo as mesmas coisas? E pressinto que a resposta é um rotundo não. Se a verdade do olhar está dependente do sítio de onde se olha, escrever torna-se então um ensaio, uma tentativa para dar sentido à experiência confusa que o mundo proporciona. E essa possibilidade devo-a há muitos anos ao JT, que me acolheu nas suas páginas e me deu a liberdade, a partir deste aqui e deste agora, de fazer um caminho a ver o mundo.
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |