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Opinião  »  2015-03-27  »  Jorge Carreira Maia

O Papa Francisco tem simbolizado, através da virtude da misericórdia e da ideia de Igreja como hospital de campanha, o desejo de muitos cristãos e não cristãos de uma mais acentuada preocupação social e de uma abertura da Igreja às novas realidades morais. Se este programa papal tem atraído a simpatia de muita gente, a verdade é que está a gerar fortes reacções, embora semi-ocultas, daqueles católicos – socialmente, poderosos e activos – que não comungam destas preocupações sociais e, ao mesmo tempo, exigem uma moral pouco dada a acolher homossexuais e divorciados na comunhão crística.

Essa oposição ao Papa irá, por certo, crescer. A realidade social e política é-lhe adversa. Por outro lado, a onda de simpatia que gera não se traduz em conversões e numa resposta efectiva à perda contínua de influência do catolicismo. Francisco corre o grande risco de se tornar uma figura como a do Dalai Lama. A generalidade das pessoas respeita-o e admira-o, mas isso em nada contribui para alterar a posição da China perante o Tibete. As pessoas gostarão de ver e ouvir Francisco, mas não se sentirão movidas a mudar de vida, isto é, a converter-se. O que não deixará de ser aproveitado por quem se lhe opõe. A realidade factual impõe duros limites às pretensões dos homens, mesmo às de um Papa.

Estranhamente, contudo, existe a sensação de que muita gente sente o vazio da nossa época e anseia por uma experiência espiritual profunda e significante. E aqui reside, parece-me, os limites que Francisco, enquanto homem, traz consigo. Centrou o seu discurso e a sua acção em questões sociais e morais. Está a despertar um conflito em torno delas com os sectores mais conservadores da Igreja, acabando por encerrar-se em assuntos que, tendo uma enorme importância, não são decisivos para as pessoas que vivem num mundo vazio e em perda de sentido. Pessoas que anseiam encontrar uma significação espiritual para a sua estadia sobre a Terra, significação que não se resuma aos imperativos da moral ou às preocupações sociais.

Deste ponto de vista, a acção do Papa, apesar da sua bondade e da enorme admiração que suscita, pouco diz aos que andam perdidos e se sentem órfãos de uma verdadeira espiritualidade. Alguém dizia que Cristo não veio à terra para fazer cristãos (aqueles que adoptam o cristianismo como ideologia moral e social), mas para ser modelo de outros que, como Ele, possam fazer a experiência da sua autêntica natureza espiritual. Deste ponto de vista, a acção de Francisco acaba, pela sua natureza meramente moral e social, por ser um, mais um, sinal da doença que atinge a cultura ocidental: a perda dos seus fundamentos espirituais.

 

 

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