Descalabros, duelos, metamorfoses e Inferno
"O descalabro eleitoral da direita, o duelo PS-BE, a social-democratização da esquerda e o inferno no Brasil e no Reino Unido."
O DESCALABRO DA DIREITA. As sondagens têm vindo a indicar que a direita democrática está à beira de um resultado desastroso, por volta dos 25%, somando velhos e novos partidos. Isto dificilmente será verdade e, caso seja, não será bom, nem para o país nem para a esquerda. A direita sociológica em Portugal não se reduz, nem de perto nem de longe, a um quarto da população e é uma direita activa e participativa. Certamente que chegada a hora os votos aparecerão nas urnas. Caso, porém, as sondagens se confirmem, teremos um problema. Uma parte significativa do eleitorado não encontrou representação e pode ficar disponível para alternativas radicalizadas.
O DUELO PS – BE. A animosidade entre PS e BE não é coisa nova. Data pelo menos do tempo de Sócrates. O motivo é simples: o BE tem grande capacidade de penetrar no eleitorado do PS. Uma das razões que levou António Costa à geringonça foi mesmo esse conflito. Costa sabia que um eventual apoio, mesmo que por abstenção, a um governo minoritário de direita, reduziria drasticamente o PS e daria ao BE um eleitorado que se poderia aproximar dos 20%. O PS está consciente que o seu eleitorado dificilmente votará no PCP, mas a questão não é a mesma com o BE. Ambos pescam nas mesmas águas eleitorais.
METAMORFOSES À ESQUERDA. Em entrevista ao Observador Catariana Martins diz que o programa do BE para as eleições é social-democrata. Isso causou gargalhadas em gente de direita e engulhos em crentes na revolução. No entanto, o processo de social-democratização da esquerda revolucionária portuguesa é muito antigo. O PCP está nesse processo desde o 25 de Novembro de 1975, se não antes. O BE nunca foi outra coisa. A criação do BE foi a forma como um conjunto de pessoas e organizações radicais encontraram para se social-democratizarem. Tirando um ou outro crente mais distraído, toda a gente percebeu que fora da economia de mercado e da democracia liberal o que existe não é o paraíso mas o inferno.
POR FALAR NO INFERNO. O Brasil e o Reino Unido entraram numa fase infernal. A polarização política em ambos conduziu a uma situação em que a prudência que deve pautar toda a acção política se está a diluir. Parece mesmo que estamos na fase de criação de uma Internacional da insensatez, sob a égide de Trump, cujo objectivo é substituir a prudência na política pelo risco, a porta do Inferno. Tudo isto, enquanto o planeta arde (não é só a Amazónia), os pirómanos negam que a acção humana contribua para as alterações climáticas e todos nós continuamos na nossa vidinha, a deitar mais lenha para a fogueira infernal.
Descalabros, duelos, metamorfoses e Inferno
O descalabro eleitoral da direita, o duelo PS-BE, a social-democratização da esquerda e o inferno no Brasil e no Reino Unido.
O DESCALABRO DA DIREITA. As sondagens têm vindo a indicar que a direita democrática está à beira de um resultado desastroso, por volta dos 25%, somando velhos e novos partidos. Isto dificilmente será verdade e, caso seja, não será bom, nem para o país nem para a esquerda. A direita sociológica em Portugal não se reduz, nem de perto nem de longe, a um quarto da população e é uma direita activa e participativa. Certamente que chegada a hora os votos aparecerão nas urnas. Caso, porém, as sondagens se confirmem, teremos um problema. Uma parte significativa do eleitorado não encontrou representação e pode ficar disponível para alternativas radicalizadas.
O DUELO PS – BE. A animosidade entre PS e BE não é coisa nova. Data pelo menos do tempo de Sócrates. O motivo é simples: o BE tem grande capacidade de penetrar no eleitorado do PS. Uma das razões que levou António Costa à geringonça foi mesmo esse conflito. Costa sabia que um eventual apoio, mesmo que por abstenção, a um governo minoritário de direita, reduziria drasticamente o PS e daria ao BE um eleitorado que se poderia aproximar dos 20%. O PS está consciente que o seu eleitorado dificilmente votará no PCP, mas a questão não é a mesma com o BE. Ambos pescam nas mesmas águas eleitorais.
METAMORFOSES À ESQUERDA. Em entrevista ao Observador Catariana Martins diz que o programa do BE para as eleições é social-democrata. Isso causou gargalhadas em gente de direita e engulhos em crentes na revolução. No entanto, o processo de social-democratização da esquerda revolucionária portuguesa é muito antigo. O PCP está nesse processo desde o 25 de Novembro de 1975, se não antes. O BE nunca foi outra coisa. A criação do BE foi a forma como um conjunto de pessoas e organizações radicais encontraram para se social-democratizarem. Tirando um ou outro crente mais distraído, toda a gente percebeu que fora da economia de mercado e da democracia liberal o que existe não é o paraíso mas o inferno.
POR FALAR NO INFERNO. O Brasil e o Reino Unido entraram numa fase infernal. A polarização política em ambos conduziu a uma situação em que a prudência que deve pautar toda a acção política se está a diluir. Parece mesmo que estamos na fase de criação de uma Internacional da insensatez, sob a égide de Trump, cujo objectivo é substituir a prudência na política pelo risco, a porta do Inferno. Tudo isto, enquanto o planeta arde (não é só a Amazónia), os pirómanos negam que a acção humana contribua para as alterações climáticas e todos nós continuamos na nossa vidinha, a deitar mais lenha para a fogueira infernal.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |