Intervalo
"Não gosto de silêncios, nem de paragens, nem de isolamento. E nem todos vamos ficar bem."
O que mais me impressiona nos últimos dias é o silêncio. A sensação de que alguém carregou num botão e que, de repente, travámos a fundo, como se tudo isto fosse um grande intervalo indefinido. No terraço não se houve nada. Não é que antes se ouvisse grande coisa, mas bastava estar atento e havia aqui, no centro da cidade, um burburinho sempre latente. Hoje, não se ouve absolutamente nada.
As ruas estão vazias, os carros não circulam, as lojas estão fechadas e há um certo sem jeito de vida, manifesto em cumprimentos tímidos, afastados, comprometidos. Juro que, há dias, entre a casa e o trabalho, comecei mesmo a imaginar as ruas, estradas e passeios com ervas a crescer por todo o lado.
Rapidamente haverá quem caracterize esta cidade, que ainda estamos a experimentar: fechada, parada, calada, alerta, convalescente, distanciada, expectante. Mesmo em poucos quilómetros quadrados, estamos resumidos a uma urbanidade digital, compras on-line, teletrabalho, takeaway e videoconferências. Ao que parece, o futuro apanhou-nos. Eu não consigo. Desculpem, mas isto não é cidade, nem vida, nem nada.
Também me impressiona como é que aqui chegámos. Agora nem sequer se pode falar nisso, mas o atabalhoamento foi total: é como uma gripe; é só na China; não se transmite entre pessoas; é lá em Itália; depois em Espanha. Vai chegar a Portugal? Já chegou? E a Torres Novas? Quantos casos? Em que freguesia?
A História contava coisas similares, mas que nunca imaginámos voltar a viver. Parou tudo. A escola, a rotina, os ritmos da semana, os hábitos e todos os tipos de planos. Para já, são só dias suspensos que se sucedem a mais dias suspensos. Quando eles agora me perguntam se já chegou à Rua dos Ferreiros, eu digo-lhes que não sei. É que não sei mesmo, mas se calhar chega, ainda que não haja gente à janela. Porque janelas há, mas eles sabem que não há cá gente.
Não gosto de silêncios, nem de paragens, nem de isolamento. E nem todos vamos ficar bem. Mas também não é o fim do mundo. Este intervalo há de acabar.
Intervalo
Não gosto de silêncios, nem de paragens, nem de isolamento. E nem todos vamos ficar bem.
O que mais me impressiona nos últimos dias é o silêncio. A sensação de que alguém carregou num botão e que, de repente, travámos a fundo, como se tudo isto fosse um grande intervalo indefinido. No terraço não se houve nada. Não é que antes se ouvisse grande coisa, mas bastava estar atento e havia aqui, no centro da cidade, um burburinho sempre latente. Hoje, não se ouve absolutamente nada.
As ruas estão vazias, os carros não circulam, as lojas estão fechadas e há um certo sem jeito de vida, manifesto em cumprimentos tímidos, afastados, comprometidos. Juro que, há dias, entre a casa e o trabalho, comecei mesmo a imaginar as ruas, estradas e passeios com ervas a crescer por todo o lado.
Rapidamente haverá quem caracterize esta cidade, que ainda estamos a experimentar: fechada, parada, calada, alerta, convalescente, distanciada, expectante. Mesmo em poucos quilómetros quadrados, estamos resumidos a uma urbanidade digital, compras on-line, teletrabalho, takeaway e videoconferências. Ao que parece, o futuro apanhou-nos. Eu não consigo. Desculpem, mas isto não é cidade, nem vida, nem nada.
Também me impressiona como é que aqui chegámos. Agora nem sequer se pode falar nisso, mas o atabalhoamento foi total: é como uma gripe; é só na China; não se transmite entre pessoas; é lá em Itália; depois em Espanha. Vai chegar a Portugal? Já chegou? E a Torres Novas? Quantos casos? Em que freguesia?
A História contava coisas similares, mas que nunca imaginámos voltar a viver. Parou tudo. A escola, a rotina, os ritmos da semana, os hábitos e todos os tipos de planos. Para já, são só dias suspensos que se sucedem a mais dias suspensos. Quando eles agora me perguntam se já chegou à Rua dos Ferreiros, eu digo-lhes que não sei. É que não sei mesmo, mas se calhar chega, ainda que não haja gente à janela. Porque janelas há, mas eles sabem que não há cá gente.
Não gosto de silêncios, nem de paragens, nem de isolamento. E nem todos vamos ficar bem. Mas também não é o fim do mundo. Este intervalo há de acabar.
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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