Parabéns, abstenção!
"Ao longo do dia, entraram na nossa sala trinta e quatro eleitores"
Muito se tem falado, já tudo foi dito e é do conhecimento de todos que as eleições europeias realizadas no dia vinte e seis de Maio trouxeram uma vitória para a esquerda, excepto para o PCP, e uma acentuada derrota para a direita.
Por parte da esquerda canta-se vitória e constrói-se o futuro. A direita reconhece a derrota, aceita sinais, avisos, lições e só tem um caminho: aprender para melhorar e alterar resultados.
Depois temos a grande vencedora, a abstenção. Vitória clara com direito a taça, medalha, honras e louros. Fernando Pessoa escreveria um texto digno desta “senhora”, símbolo de desistência, descrença, revolta, desconhecimento, desinteresse e de pouca audácia.
– “Ó gente ousada…”.
– Adamastor, cada vez fazes menos sentido.
Foi mais um passo para a não criação do Quinto Império. Nem com cultura e literatura, nem com votos.
– Valha-nos Dom Sebastião!
Mas fui escrevendo e fugi do tema que me propus, mesmo com menos engenho e arte que Luís de Camões.
Quero contar-vos a minha experiência como membro da mesa de voto do Casal Sentista, aldeia do nosso concelho. Habituada a ficar numa secção de voto dentro da cidade onde vejo gente, pouca, mas vejo. Onde há barulho, agitação e movimento. De repente, encontro-me no meio da natureza tendo como companhia o silêncio. Não vejo gente.
Não posso esquecer a agradável companhia dos meus fantásticos quatro colegas de mesa que ajudaram a tornar o momento menos crítico, muito agradável até. Foram horas a fio de conversa, troca de opiniões e risadas. Afinal, tínhamos tempo para isso e muito mais.
Ao longo do dia, entraram na nossa sala trinta e quatro eleitores. Não está mal, é a média nacional. Desses trinta e quatro, vieram-nos visitar quatro jovens guerreiros. Não sei se traziam esperança, mas marcaram presença.
E eu penso em todo aquele cenário, conversa, risos, boa disposição, esperança, desistência, falta de eleitores e não consigo dizer outra coisa a não ser:
– Parabéns, abstenção!
Para o futuro, que se remetam ao silêncio os que não estiveram presentes.
Parabéns, abstenção!
Ao longo do dia, entraram na nossa sala trinta e quatro eleitores
Muito se tem falado, já tudo foi dito e é do conhecimento de todos que as eleições europeias realizadas no dia vinte e seis de Maio trouxeram uma vitória para a esquerda, excepto para o PCP, e uma acentuada derrota para a direita.
Por parte da esquerda canta-se vitória e constrói-se o futuro. A direita reconhece a derrota, aceita sinais, avisos, lições e só tem um caminho: aprender para melhorar e alterar resultados.
Depois temos a grande vencedora, a abstenção. Vitória clara com direito a taça, medalha, honras e louros. Fernando Pessoa escreveria um texto digno desta “senhora”, símbolo de desistência, descrença, revolta, desconhecimento, desinteresse e de pouca audácia.
– “Ó gente ousada…”.
– Adamastor, cada vez fazes menos sentido.
Foi mais um passo para a não criação do Quinto Império. Nem com cultura e literatura, nem com votos.
– Valha-nos Dom Sebastião!
Mas fui escrevendo e fugi do tema que me propus, mesmo com menos engenho e arte que Luís de Camões.
Quero contar-vos a minha experiência como membro da mesa de voto do Casal Sentista, aldeia do nosso concelho. Habituada a ficar numa secção de voto dentro da cidade onde vejo gente, pouca, mas vejo. Onde há barulho, agitação e movimento. De repente, encontro-me no meio da natureza tendo como companhia o silêncio. Não vejo gente.
Não posso esquecer a agradável companhia dos meus fantásticos quatro colegas de mesa que ajudaram a tornar o momento menos crítico, muito agradável até. Foram horas a fio de conversa, troca de opiniões e risadas. Afinal, tínhamos tempo para isso e muito mais.
Ao longo do dia, entraram na nossa sala trinta e quatro eleitores. Não está mal, é a média nacional. Desses trinta e quatro, vieram-nos visitar quatro jovens guerreiros. Não sei se traziam esperança, mas marcaram presença.
E eu penso em todo aquele cenário, conversa, risos, boa disposição, esperança, desistência, falta de eleitores e não consigo dizer outra coisa a não ser:
– Parabéns, abstenção!
Para o futuro, que se remetam ao silêncio os que não estiveram presentes.
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |