Ora saia uma de jacobinismo! - antónio mário santos
Opinião » 2023-09-04 » António Mário Santos
Algumas questões se me colocam nesta curva descendente de Agosto, ante uma cidade onde o Verão põe em repouso a governança pública, o Almonda continua o seu destino de rio atribulado, o clima aperta a garganta da atmosfera com dedos de fogo, a maioria da população não passa férias fora da sua residência, a juventude procura, após a euforia político-religiosa da JMJ pela Presidência da República, Câmara de Lisboa, Loures, Cascais e Governo, como confirmação nacional da importância da Igreja Católica e o reconhecimento das liberdades religiosas num país constitucionalmente não confessional, em Paredes de Coura- entre 14 e 17 do corrente, cerca de 80 mil (na ano anterior foram 115 mil) -, apesar da chuva e da crise económica, caminhos para a sua existência numa sociedade que os antagoniza, despreza e explora.
Uma, ainda embrionária, a decapitação da estátua de Santo António, sem resultados visíveis conhecidos, que teria vindo demonstrar, localmente, a oposição a um nacionalismo católico que se manifesta desde a formação da nacionalidade, duma corrente radical jacobina fortemente aguerrida apesar de claramente minoritária. (vide AverOMundo, de Jorge Carreira Maia, J.T. 11/8/2023).
Com todo o respeito e amizade que o meu colega professor e cronista, me merecem, não creio na simplicidade dessa versão nacionalista, tão comum, aliás, à constituição das identidades pátrias da Europa construida (a ferro e fogo) sob a subordinação (muitas vezes rebelde) do poder político ao poder divino da Igreja Católica.
E muito menos na ideia da Concordata (essa cedência da mentalidade clerical ruralista de Salazar aos interesses da Igreja Católica Portuguesa, dirigida pelo seu amigo e companheiro da Universidade de Coimbra, cardeal Cerejeira), como elemento do espírito de equilíbrio com aquela, na instituição da democracia portuguesa.
E, acrescente-se, a ressurreição do jacobinismo do século XIX não me parece corresponder ao espírito laico duma democracia constitucional da sétima década do século XX, em que a igualdade de credos, raças, identidades, etc, são elementos claros da ultrapassagem do predomínio (bem materialista) da Fé sobre a Razão e a dignidade humanas.
O que o papa Francisco veio testemunhar, no meio de tanta opulência e luxo institucional e mediático - o mundo deixou de existir para o Estado político português e meios de informação durante uma semana - foi a necessidade duma nova espiritualidade que congregue toda a pluralidade numa acção comum, em defesa da probabilidade de sobrevivência da humanidade num planeta extremamente violentado pelos interesses, esses sim, que vêm desse passado de divisões de crenças, raças, sexos, posse de bens, desigualdades económicas, políticas, sociais, gerador do capitalismo autofágico, predador e a-ideológico dos tempos em que vivemos. Em suma, desse conceito de nacionalismos que, no século XIX, se identificaram com o fascismo, o nazismo e o estalinismo, e hoje se representam, exemplarmente, no trumpismo e no putinismo. O jacobinismo é datado, o racionalismo não. Permanece vital, exigente e crítico.
Um segundo acontecimento: a publicação do n.º 7 de TORRES NOVAS entre Cidades, propriedade da ADPTN / Associação para a Promoção e Desenvolvimento dos Produtos de Torres Novas, 1500 exemplares de distribuição gratuita publicados por uma associação criada para receber subsídios da Câmara para fazer a propaganda desta. Tendo corrido, nos seis números publicados, quase todos os vereadores socialistas, faltava a vereadora Elvira. Inicia também a ronda dos presidentes de junta, com o de Santa Maria, Pedro Morte, o promotor da instalação da estátua de Santo António.
Porque será que já nem me espanto com o silêncio com que as forças político-partidárias aceitam a «legalidade» desta distribuição de subsídios municipais, sem uma posição pública?
Ora saia uma de jacobinismo! - antónio mário santos
Opinião » 2023-09-04 » António Mário SantosAlgumas questões se me colocam nesta curva descendente de Agosto, ante uma cidade onde o Verão põe em repouso a governança pública, o Almonda continua o seu destino de rio atribulado, o clima aperta a garganta da atmosfera com dedos de fogo, a maioria da população não passa férias fora da sua residência, a juventude procura, após a euforia político-religiosa da JMJ pela Presidência da República, Câmara de Lisboa, Loures, Cascais e Governo, como confirmação nacional da importância da Igreja Católica e o reconhecimento das liberdades religiosas num país constitucionalmente não confessional, em Paredes de Coura- entre 14 e 17 do corrente, cerca de 80 mil (na ano anterior foram 115 mil) -, apesar da chuva e da crise económica, caminhos para a sua existência numa sociedade que os antagoniza, despreza e explora.
Uma, ainda embrionária, a decapitação da estátua de Santo António, sem resultados visíveis conhecidos, que teria vindo demonstrar, localmente, a oposição a um nacionalismo católico que se manifesta desde a formação da nacionalidade, duma corrente radical jacobina fortemente aguerrida apesar de claramente minoritária. (vide AverOMundo, de Jorge Carreira Maia, J.T. 11/8/2023).
Com todo o respeito e amizade que o meu colega professor e cronista, me merecem, não creio na simplicidade dessa versão nacionalista, tão comum, aliás, à constituição das identidades pátrias da Europa construida (a ferro e fogo) sob a subordinação (muitas vezes rebelde) do poder político ao poder divino da Igreja Católica.
E muito menos na ideia da Concordata (essa cedência da mentalidade clerical ruralista de Salazar aos interesses da Igreja Católica Portuguesa, dirigida pelo seu amigo e companheiro da Universidade de Coimbra, cardeal Cerejeira), como elemento do espírito de equilíbrio com aquela, na instituição da democracia portuguesa.
E, acrescente-se, a ressurreição do jacobinismo do século XIX não me parece corresponder ao espírito laico duma democracia constitucional da sétima década do século XX, em que a igualdade de credos, raças, identidades, etc, são elementos claros da ultrapassagem do predomínio (bem materialista) da Fé sobre a Razão e a dignidade humanas.
O que o papa Francisco veio testemunhar, no meio de tanta opulência e luxo institucional e mediático - o mundo deixou de existir para o Estado político português e meios de informação durante uma semana - foi a necessidade duma nova espiritualidade que congregue toda a pluralidade numa acção comum, em defesa da probabilidade de sobrevivência da humanidade num planeta extremamente violentado pelos interesses, esses sim, que vêm desse passado de divisões de crenças, raças, sexos, posse de bens, desigualdades económicas, políticas, sociais, gerador do capitalismo autofágico, predador e a-ideológico dos tempos em que vivemos. Em suma, desse conceito de nacionalismos que, no século XIX, se identificaram com o fascismo, o nazismo e o estalinismo, e hoje se representam, exemplarmente, no trumpismo e no putinismo. O jacobinismo é datado, o racionalismo não. Permanece vital, exigente e crítico.
Um segundo acontecimento: a publicação do n.º 7 de TORRES NOVAS entre Cidades, propriedade da ADPTN / Associação para a Promoção e Desenvolvimento dos Produtos de Torres Novas, 1500 exemplares de distribuição gratuita publicados por uma associação criada para receber subsídios da Câmara para fazer a propaganda desta. Tendo corrido, nos seis números publicados, quase todos os vereadores socialistas, faltava a vereadora Elvira. Inicia também a ronda dos presidentes de junta, com o de Santa Maria, Pedro Morte, o promotor da instalação da estátua de Santo António.
Porque será que já nem me espanto com o silêncio com que as forças político-partidárias aceitam a «legalidade» desta distribuição de subsídios municipais, sem uma posição pública?
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |
Olivença... » 2024-09-17 » Hélder Dias |
» 2024-09-09
» Hélder Dias
Bandidos... |
» 2024-09-19
» Maria Augusta Torcato
Falta poesia nos corações (ditos) humanos |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Ministro ou líder do CDS? |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
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» 2024-09-13
» Hélder Dias
Cat burguer... |