ANO OPTIMISTA PARA A INDÚSTRIA DO ARMAMENTO - antónio mário santos
Opinião » 2024-01-09 » António Mário Santos" “O que ressalta é a cada vez maior fragilidade das democracias e o avanço das autocracias."
O ano de 2024 não se afigura, internacional e nacionalmente, auspicioso.
No primeiro caso, não se antevêem soluções, quer no campo ambiental, quer no político. A catástrofe climática, com suas manifestações um pouco por todo o planeta, parece não conseguir suplantar a gananciofobia dos interesses do grande capital, apostados na manutenção duma sociedade de consumo assente no carvão, petróleo, gás, plástico, na exploração desenfreada do trabalho humano assente nas mais estremadas desigualdades sociais, étnicas e culturais.
No campo ideológico, o que ressalta é a cada vez maior fragilidade das democracias e o avanço das autocracias, suportadas pelos velhos, mas sempre presentes, medos da perda da hipotética qualidade de vida ante a “ameaça” das emigrações do mundo civilizado pelas populações de África, Médio Oriente, em fuga das zonas de guerra, de fome e doenças endémicas, de genocídios rácicos e/ou religiosos, do neocolonialismo das grandes potências por interpostos ditadores locais.
A guerra, espalhada um pouco por todos os continentes, mantém-se de forma trágica na Ucrânia e assume formas de autêntico genocídio na Palestina. A condenação da acção terrorista do Hamas em 7 de Outubro último, não permite a vingança xenófoba e racista do governo de extrema-direita de Israel. Putin irá de novo ser eleito em Fevereiro, enquanto o seu opositor mais conhecido, Alexei Navalny, foi condenado a 30 anos de prisão e enfiado numa das cadeias mais severas no noroeste da Sibéria. A Europa, com a extrema-direita a montar a mula do liberalismo conservador dos países da União Europeia e a ameaçar as democracias liberais ainda existentes, quer nas diversas eleições, sofrerá durante o ano uma profunda depressão nervosa, surgida com a ameaça de Trump regressar à presidência dos Estados Unidos. A importância cada vez mais crescente da China, a perda de influência dos EUA, trarão alterações significativas e dramáticas na partilha do mundo,
No caso nacional, manter-se-á, com sintomas de agravamento, os problemas da saúde, educação, habitação, por muito paliativo que se receite para uma doença que só se cura com medidas de profunda e dolorosa reforma.
Uma curiosidade, para os três períodos eleitorais que se avizinham: regionais dos Açores (24 Fev), legislativas (10 Março), europeias (8 Junho): a descredibilização que atinge, na generalidades, os partidos políticos e os seus representantes máximos, e, nos últimos tempos, o próprio presidente da República.
O descrédito a que chegou o governo da maioria absoluta do Partido Socialista, sob a batuta de António Costa, enfraqueceu a sua condição de alternativa credível, numa sociedade exasperada por uma inflação dos géneros essenciais sem controlo real, uma pauperização das suas condições de vida, uma incapacidade de resposta em relação aos problemas duma juventude sem condições de sobrevivência no seu próprio país. Mas a alternativa de direita, centrada no PSD, também não tem credibilidade.
Por outro lado, uma população aliterata, demasiado permissiva aos vendedores de promessas assentes no desespero e na escassez de resposta aos seus problemas, mas cada vez mais descrente da eficácia da política partidária, no combate à corrupção, enquanto a justiça se desqualificou pela morosidade, o secretismo, o autoritarismo, os tiros no próprio pé. Avoluma-se visivelmente o seu desinteresse pela actividade política, tão oposto lhe é o seu quotidiano, do que os governos definem nos meios de comunicação públicos.
O trágico é que os partidos políticos democráticos portugueses parece não aprenderem a lição. Em vez da apresentação de programas de reforma social e desenvolvimento económico, passam a vida a fabricar as suas listas de candidatos às mais diversas eleições, com os mesmos métodos centralistas de sempre, sem que haja a nível concelhio, sondagens populacionais sobre esses presumíveis selecionados, assentando a que o voto das populações se defina, não pelas pessoas das listas, mas pelas siglas partidárias. E vão-se seguir eleições, sem uma reforma antecipada dum sistema, que já não corresponde à realidade nacional, já que a votação de sub-regiões Lisboa e Porto, e três ou quatro distritos, Coimbra, Setúbal, Aveiro, completam a maioria dos eleitos de todas as forças partidárias; o país é marginal.
Admiram-se, depois, que se agrave a abstenção nacional, indicadora das costas voltadas das populações em relação aos eleitos. São os próprios partidos os principais causadores da fragilidade da democracia! As continuidades de tais métodos abrem, a cada acto eleitoral, o afastamento do eleitor, abrindo caminho ao autoritarismo.
Um ano, temo, muito perigoso e decisivo para o mundo e, na caminhada, para nós.
ANO OPTIMISTA PARA A INDÚSTRIA DO ARMAMENTO - antónio mário santos
Opinião » 2024-01-09 » António Mário Santos“O que ressalta é a cada vez maior fragilidade das democracias e o avanço das autocracias.
O ano de 2024 não se afigura, internacional e nacionalmente, auspicioso.
No primeiro caso, não se antevêem soluções, quer no campo ambiental, quer no político. A catástrofe climática, com suas manifestações um pouco por todo o planeta, parece não conseguir suplantar a gananciofobia dos interesses do grande capital, apostados na manutenção duma sociedade de consumo assente no carvão, petróleo, gás, plástico, na exploração desenfreada do trabalho humano assente nas mais estremadas desigualdades sociais, étnicas e culturais.
No campo ideológico, o que ressalta é a cada vez maior fragilidade das democracias e o avanço das autocracias, suportadas pelos velhos, mas sempre presentes, medos da perda da hipotética qualidade de vida ante a “ameaça” das emigrações do mundo civilizado pelas populações de África, Médio Oriente, em fuga das zonas de guerra, de fome e doenças endémicas, de genocídios rácicos e/ou religiosos, do neocolonialismo das grandes potências por interpostos ditadores locais.
A guerra, espalhada um pouco por todos os continentes, mantém-se de forma trágica na Ucrânia e assume formas de autêntico genocídio na Palestina. A condenação da acção terrorista do Hamas em 7 de Outubro último, não permite a vingança xenófoba e racista do governo de extrema-direita de Israel. Putin irá de novo ser eleito em Fevereiro, enquanto o seu opositor mais conhecido, Alexei Navalny, foi condenado a 30 anos de prisão e enfiado numa das cadeias mais severas no noroeste da Sibéria. A Europa, com a extrema-direita a montar a mula do liberalismo conservador dos países da União Europeia e a ameaçar as democracias liberais ainda existentes, quer nas diversas eleições, sofrerá durante o ano uma profunda depressão nervosa, surgida com a ameaça de Trump regressar à presidência dos Estados Unidos. A importância cada vez mais crescente da China, a perda de influência dos EUA, trarão alterações significativas e dramáticas na partilha do mundo,
No caso nacional, manter-se-á, com sintomas de agravamento, os problemas da saúde, educação, habitação, por muito paliativo que se receite para uma doença que só se cura com medidas de profunda e dolorosa reforma.
Uma curiosidade, para os três períodos eleitorais que se avizinham: regionais dos Açores (24 Fev), legislativas (10 Março), europeias (8 Junho): a descredibilização que atinge, na generalidades, os partidos políticos e os seus representantes máximos, e, nos últimos tempos, o próprio presidente da República.
O descrédito a que chegou o governo da maioria absoluta do Partido Socialista, sob a batuta de António Costa, enfraqueceu a sua condição de alternativa credível, numa sociedade exasperada por uma inflação dos géneros essenciais sem controlo real, uma pauperização das suas condições de vida, uma incapacidade de resposta em relação aos problemas duma juventude sem condições de sobrevivência no seu próprio país. Mas a alternativa de direita, centrada no PSD, também não tem credibilidade.
Por outro lado, uma população aliterata, demasiado permissiva aos vendedores de promessas assentes no desespero e na escassez de resposta aos seus problemas, mas cada vez mais descrente da eficácia da política partidária, no combate à corrupção, enquanto a justiça se desqualificou pela morosidade, o secretismo, o autoritarismo, os tiros no próprio pé. Avoluma-se visivelmente o seu desinteresse pela actividade política, tão oposto lhe é o seu quotidiano, do que os governos definem nos meios de comunicação públicos.
O trágico é que os partidos políticos democráticos portugueses parece não aprenderem a lição. Em vez da apresentação de programas de reforma social e desenvolvimento económico, passam a vida a fabricar as suas listas de candidatos às mais diversas eleições, com os mesmos métodos centralistas de sempre, sem que haja a nível concelhio, sondagens populacionais sobre esses presumíveis selecionados, assentando a que o voto das populações se defina, não pelas pessoas das listas, mas pelas siglas partidárias. E vão-se seguir eleições, sem uma reforma antecipada dum sistema, que já não corresponde à realidade nacional, já que a votação de sub-regiões Lisboa e Porto, e três ou quatro distritos, Coimbra, Setúbal, Aveiro, completam a maioria dos eleitos de todas as forças partidárias; o país é marginal.
Admiram-se, depois, que se agrave a abstenção nacional, indicadora das costas voltadas das populações em relação aos eleitos. São os próprios partidos os principais causadores da fragilidade da democracia! As continuidades de tais métodos abrem, a cada acto eleitoral, o afastamento do eleitor, abrindo caminho ao autoritarismo.
Um ano, temo, muito perigoso e decisivo para o mundo e, na caminhada, para nós.
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |
Olivença... » 2024-09-17 » Hélder Dias |
» 2024-09-09
» Hélder Dias
Bandidos... |
» 2024-09-19
» Maria Augusta Torcato
Falta poesia nos corações (ditos) humanos |
» 2024-09-17
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Ministro ou líder do CDS? |
» 2024-09-17
» Hélder Dias
Olivença... |
» 2024-09-13
» Hélder Dias
Cat burguer... |