• SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Quarta, 09 Outubro 2024    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Sáb.
 24° / 16°
Céu nublado com aguaceiros e trovoadas
Sex.
 22° / 14°
Céu nublado com aguaceiros e trovoadas
Qui.
 22° / 13°
Períodos nublados com chuva fraca
Torres Novas
Hoje  22° / 14°
Céu nublado com chuva moderada
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

Reflexões sobre a Democracia em Tempos de Turbulência - antónio mário santos

Opinião  »  2024-02-04 

Já, no passado, escrevi que só voltaria a crer numa justiça democrática em Portugal no dia em que Ricardo Salgado e José Sócrates se sentassem, em julgamento, no banco dos réus. O que tem acontecido nos últimos tempos abriu no meu cepticismo algumas frestas de esperança. Deve-se tal pé à frente, sem mover o da rectaguarda, às medidas tomadas que conduziram ao derruir, como um castelo de cartas, duma maioria absoluta do PS, por causa dum último parágrafo dum relatório do Ministério Público (claro que isso é a desculpa do primeiro-ministro agora em gestão, António Costa; o inquérito em desenvolvimento mostrará, julgo, as verdadeiras causas). Também à marcação do julgamento de Ricardo Salgado. Também da divulgação pública dos casos que actualmente assolam a Madeira e os seus altos dirigentes do PSD, como o presidente do governo regional Miguel Albuquerque, o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e das relações promiscuas entre o poder político e o poder económico.

O meu benefício da dúvida ergueu mais a sua pequena onda de esperança, com a vitória do Ministério Público no tribunal da Relação, contra o branqueamento que o juiz Ivo Rosa fizera do programa Operação Marquês.

Três juízas, e escrevo-lhes os nomes, porque é tão raro um acto de regeneração jurídica ética como a que realizaram. E é bom conhecer as pessoas concretas, que tomam decisões concretas, como forma de defesa duma justiça democrática e sem dois pesos e duas medidas, como é, consenso público, a que nos tem servido nestas décadas em que faltou cumprir o Desenvolvimento, o terceiro D do programa do MFA, e o segundo, Democratizar, ficou-se pela aparência: uma para ricos, outra para os outros.

As juízas da Relação Raquel Lima, Micaela Freitas e Madalena Caldeira abriram uma página que nenhum partido político que vier a governar poderá, como tem acontecido nestas longas décadas depois do 25 de Novembro, varrer para debaixo do tapete.

Na altura em que o Supremo deliberou que os restos mortuários de Eça de Queirós podem ser tresladados para o Panteão Nacional, o «sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia» que denunciou na sua obra romanesca (e não só), assume um alerta para a defesa da igualdade de tratamento dos cidadãos ante a justiça.

Num ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril, a ameaça real de a efeméride vir a ser festejada com os seus opositores assentes ou apoiantes num governo saído das eleições legislativas de Março, é saudável ver figuras da justiça portuguesa sacudir a sua submissão aos poderes subterrâneos do liberalismo económico, social e político.

E obriga-nos, por sua vez, como democratas do tempo do fascismo salazarista e marcelista, a alertar para o crescimento na «juventude» dos almanaques de ilusões com que as redes sociais os enredam, em promessas de mudança do sistema, que, qual cruzada Nun’Álvares do primeiro fascismo, o Chega vai espalhando como resultados duma raspadinha sempre premiada.

A liberdade é uma flor muito frágil. Fácil de ser destruída, muito difícil de voltar a ser conquistada.

As sondagens eleitorais que vão sendo publicadas, os caminhos da extrema-direita na Europa e dos EUA apontam para mundos autocráticos, onde as democracias sucumbem e as desigualdades se impõem. É da História, está nos livros. Infelizmente, os telemóveis e as redes sociais estão ao serviço dos donos disto tudo, substituíram a leitura e a reflexão crítica. Os tios Patinhas, que nunca marcaram passo nos exércitos que armam e fizeram as suas fortunas à custa da exploração dos legítimos protestos desses jovens que, para eles, não passam de carne para canhão dos seus interesses. Morta a democracia, regressa a desigualdade, a sobranceria, a censura, a violência, a desigualdade social, a perseguição política. A Rússia, a Argentina, a China, a Hungria, a Palestina, são exemplos que deveriam ser meditados.

Saber que certos donos disto tudo se irão sentar no banco dos réus portugueses, dá-nos esperança de que a Democracia resista contra as vagas da renovação do fascismo dos anos trinta do século passado.

Está nas nossas mãos!

 

 

 Outras notícias - Opinião


30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes »  2024-09-30  »  João Carlos Lopes

Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana.
(ler mais...)


Não tenho nada para dizer - carlos tomé »  2024-09-23  »  Carlos Tomé

Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”.

 Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante,

 Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada.
(ler mais...)


Três décadas a dar notícias - antónio gomes »  2024-09-23  »  António Gomes

Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido.
(ler mais...)


Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos »  2024-09-23  »  António Mário Santos

Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade.

Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local.
(ler mais...)


Trente Glorieuses - carlos paiva »  2024-09-23  »  Carlos Paiva

Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal.
(ler mais...)


30 anos contra o silêncio - josé mota pereira »  2024-09-23  »  José Mota Pereira

Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve.
(ler mais...)


A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia »  2024-09-23  »  Jorge Carreira Maia

Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro.
(ler mais...)


Falta poesia nos corações (ditos) humanos »  2024-09-19  »  Maria Augusta Torcato

No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos.
(ler mais...)


Ministro ou líder do CDS? »  2024-09-17  »  Hélder Dias

Olivença... »  2024-09-17  »  Hélder Dias
 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2024-09-09  »  Hélder Dias Bandidos...
»  2024-09-19  »  Maria Augusta Torcato Falta poesia nos corações (ditos) humanos
»  2024-09-17  »  Hélder Dias Ministro ou líder do CDS?
»  2024-09-17  »  Hélder Dias Olivença...
»  2024-09-13  »  Hélder Dias Cat burguer...