O tempo não está para paliativos - antónio mário santos
Opinião » 2023-02-18 » António Mário Santos"“Os professores aprenderam, à sua custa, que só resistindo, só recusando ser marionetas dum teatro de fantoches, conseguirão ser ouvidos"
A grande manifestação dos professores, em 11 de Fevereiro, na cidade de Lisboa, veio demonstrar que a degradação da sua situação profissional criou uma unidade de protesto com reinvindicações unânimes e a consciência da conquista da rua como o local que fustiga com virulência a surdez autista da governança. Mobilização que ultrapassou quaisquer objectivos partidários (até o representante do Chega teve direito a entrevista televisiva!) e o divisionismo sindical , incapazes, por si só, duma tal aglomeração da classe docente que, a cada ano que passa, vê agravar-se as suas condições de vida.
A realidade ultrapassa qualquer argumentação partidária discordante. Há cerca de um ano, a maioria dos docentes que caminharam entre o Marquês de Pombal e a Praça do Comércio, votaram nos partidos do centrão, PS e PSD. Mudou a sua ideologia? A alteração do seu comportamento, da indiferença sindical ao protesto de rua, não assenta essencialmente na instabilidade duma profissão cada vez mais desqualificada, mal paga? Na realidade, duma escola cada vez mais burocratizada, centralizadora, onde a sua dignidade como docente e ser humano sofre a indiferença e o desinteresse do ministério? Onde tem de enfrentar, cada vez mais explosiva, a indisciplina duma juventude em choque com as perspectivas do seu futuro, manipulada pelo algoritmo da internet e das redes sociais, o novo manual da (des)educação de massas, ao serviço das minorias que tentam dirigir o futuro da humanidade?
Quando um professor com 60 anos revela que se encontra no 4º escalão (numa carreira de 10), com um passado de migrante anual dentro do seu país, longe da casa, dos filhos, da cônjuge, a viver num quarto alugado, sem condições reais dum trabalho docente, ainda por cima com a burocracia das fichas a minimizar a pedagogia do ensino das suas disciplinas, que pode um ministro responder, se a sua corte de assistentes partidários de gabinete, ganham, de entrada, o vencimento dum efectivo do último escalão?
O cansaço, o desrespeito, a fragilidade da reforma, a indisciplina, transformaram a profissão docente numa desilusão permanente. Sem futuro para os que lá estão, sem interesse para os que, a querendo, ante a degradada imagem, desistem.
Os professores aprenderam, à sua custa, que só resistindo, só recusando ser marionetas dum teatro de fantoches, conseguirão ser ouvidos e merecer o respeito público, tão volúvel (!), mas, nos tempos que correm, também imerso num quotidiano muito sombrio.
Sinto profunda incomodidade, ante o silêncio do poder político municipal, câmaras, assembleias municipais, juntas de freguesia, frente à situação real das escolas dos seus municípios.
O poder político, partidarizado, demonstra com o seu silêncio a sua incapacidade em assumir posições, dependentes que estão para a manutenção do seu estatuto carreirista, em relação aos desígnios centralizadores do poder, quer do governo, quer dos seus partidos.
Desconhece-se, inclusive, a posição das comissões municipais de ensino, nos concelhos em que existem, e que medidas propõem às respectivas vereações na defesa da qualidade dos estabelecimentos concelhios.
Há uma desconsideração política da acção docente que não é só governamental, mas também concelhia. O Terreiro do Paço não é o país. A defesa dos direitos inicia-se nos locais onde as escolas existem!
As greves vão continuar. As escolas funcionarão mal. O clima de tensão, sem respostas positivas do Ministério, irá conduzir a mais um ano educativo sem a tranquilidade necessária para o cumprimento dos seu objectivo essenciais: ensinar e educar.
A razão deve superar a emotividade, a unidade não pode estar em risco. O partidarismo irá também jogar a favor dos seus interesses. É natural, numa democracia. E devem ser bem vindos os que se associarem às resolução dos direitos profissionais da classe. Mas, para que se atinja a vitória na luta, a unidade docente deve ser a base essencial, obrigando os sindicatos da classe a entenderam-se e a assumirem ser representantes dos seus interesses socioprofissionais.
Um povo – e não só os professores - não pode continuar uma vida inteira de cócoras, recebendo tostões e vendo, ouvindo e lendo, não podendo ignorar, que os que os menosprezam, distribuem por quem lhes interessa, cabazadas de milhões.
Senhor primeiro-ministro! Senhor Presidente da República!
É tempo de respeito! E de mudança!
O tempo não está para paliativos - antónio mário santos
Opinião » 2023-02-18 » António Mário Santos“Os professores aprenderam, à sua custa, que só resistindo, só recusando ser marionetas dum teatro de fantoches, conseguirão ser ouvidos
A grande manifestação dos professores, em 11 de Fevereiro, na cidade de Lisboa, veio demonstrar que a degradação da sua situação profissional criou uma unidade de protesto com reinvindicações unânimes e a consciência da conquista da rua como o local que fustiga com virulência a surdez autista da governança. Mobilização que ultrapassou quaisquer objectivos partidários (até o representante do Chega teve direito a entrevista televisiva!) e o divisionismo sindical , incapazes, por si só, duma tal aglomeração da classe docente que, a cada ano que passa, vê agravar-se as suas condições de vida.
A realidade ultrapassa qualquer argumentação partidária discordante. Há cerca de um ano, a maioria dos docentes que caminharam entre o Marquês de Pombal e a Praça do Comércio, votaram nos partidos do centrão, PS e PSD. Mudou a sua ideologia? A alteração do seu comportamento, da indiferença sindical ao protesto de rua, não assenta essencialmente na instabilidade duma profissão cada vez mais desqualificada, mal paga? Na realidade, duma escola cada vez mais burocratizada, centralizadora, onde a sua dignidade como docente e ser humano sofre a indiferença e o desinteresse do ministério? Onde tem de enfrentar, cada vez mais explosiva, a indisciplina duma juventude em choque com as perspectivas do seu futuro, manipulada pelo algoritmo da internet e das redes sociais, o novo manual da (des)educação de massas, ao serviço das minorias que tentam dirigir o futuro da humanidade?
Quando um professor com 60 anos revela que se encontra no 4º escalão (numa carreira de 10), com um passado de migrante anual dentro do seu país, longe da casa, dos filhos, da cônjuge, a viver num quarto alugado, sem condições reais dum trabalho docente, ainda por cima com a burocracia das fichas a minimizar a pedagogia do ensino das suas disciplinas, que pode um ministro responder, se a sua corte de assistentes partidários de gabinete, ganham, de entrada, o vencimento dum efectivo do último escalão?
O cansaço, o desrespeito, a fragilidade da reforma, a indisciplina, transformaram a profissão docente numa desilusão permanente. Sem futuro para os que lá estão, sem interesse para os que, a querendo, ante a degradada imagem, desistem.
Os professores aprenderam, à sua custa, que só resistindo, só recusando ser marionetas dum teatro de fantoches, conseguirão ser ouvidos e merecer o respeito público, tão volúvel (!), mas, nos tempos que correm, também imerso num quotidiano muito sombrio.
Sinto profunda incomodidade, ante o silêncio do poder político municipal, câmaras, assembleias municipais, juntas de freguesia, frente à situação real das escolas dos seus municípios.
O poder político, partidarizado, demonstra com o seu silêncio a sua incapacidade em assumir posições, dependentes que estão para a manutenção do seu estatuto carreirista, em relação aos desígnios centralizadores do poder, quer do governo, quer dos seus partidos.
Desconhece-se, inclusive, a posição das comissões municipais de ensino, nos concelhos em que existem, e que medidas propõem às respectivas vereações na defesa da qualidade dos estabelecimentos concelhios.
Há uma desconsideração política da acção docente que não é só governamental, mas também concelhia. O Terreiro do Paço não é o país. A defesa dos direitos inicia-se nos locais onde as escolas existem!
As greves vão continuar. As escolas funcionarão mal. O clima de tensão, sem respostas positivas do Ministério, irá conduzir a mais um ano educativo sem a tranquilidade necessária para o cumprimento dos seu objectivo essenciais: ensinar e educar.
A razão deve superar a emotividade, a unidade não pode estar em risco. O partidarismo irá também jogar a favor dos seus interesses. É natural, numa democracia. E devem ser bem vindos os que se associarem às resolução dos direitos profissionais da classe. Mas, para que se atinja a vitória na luta, a unidade docente deve ser a base essencial, obrigando os sindicatos da classe a entenderam-se e a assumirem ser representantes dos seus interesses socioprofissionais.
Um povo – e não só os professores - não pode continuar uma vida inteira de cócoras, recebendo tostões e vendo, ouvindo e lendo, não podendo ignorar, que os que os menosprezam, distribuem por quem lhes interessa, cabazadas de milhões.
Senhor primeiro-ministro! Senhor Presidente da República!
É tempo de respeito! E de mudança!
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
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