O medo e a racionalidade política
"Quando o medo de uma das partes desaparece, a racionalidade da vida política é destruída e os fortes, sejam eles quem forem, não hesitarão em esmagar os fracos."
O medo é um elemento estrutural na vida política. Por estranho e irrazoável que isso possa parecer, o medo tem, muitas vezes, um papel moderador e racionalizante dos agentes políticos. Peguemos, mais uma vez, no exemplo grego e nas opções maximalistas da União Europeia. Se nada atemorizar a União Europeia e o FMI, os gregos pura e simplesmente serão abandonados à sua sorte (a qual não foi apenas criação sua, antes pelo contrário).
Veja-se, por exemplo, a posição dos países de cultura católica perante os gregos. São tão furiosas como as dos outros. O que é interessante é que muitos economistas que apoiam as posições da UE e do FMI são católicos e foram formados em universidades católicas. Ora não há, neste momento, política que esteja mais contra a doutrina social da Igreja e a prédica do Papa do que a que eles defendem. Na verdade, não têm medo do Papa nem sequer do inferno. Ao perderem o medo tornaram-se os agentes de políticas que, segundo o Papa, infringem o mandamento «Não matarás!».
Imaginemos, agora, um outro cenário político. Por um momento, fantasiemos que a União Soviética ainda existia e o Muro de Berlim não tinha caído. Nessas circunstâncias, o leitor acharia que a posição da União Europeia seria a mesma? Os gregos seriam, na mesma, continuamente humilhados e ofendidos e não se teria em conta as opções da democracia grega? Nessas circunstâncias nem teria havido problema.
O Syriza não seria sequer eleito, pois a União Europeia seria benévola com os gregos e qualquer dos partidos do arco da governação resolveria a situação. A UE dilataria os prazos de pagamento, anexá-los-ia ao crescimento económico, defenderia as pensões que agora quer cortar e aprovaria os salários praticados sem falar em cortes. Nem exigiria reformas. O medo levaria a União Europeia a ter uma posição construtiva e solidária com os gregos (e com os portugueses, pois deixem passar as eleições e preparem-se para o que vem aí). Quando o medo de uma das partes desaparece, a racionalidade da vida política é destruída e os fortes, sejam eles quem forem, não hesitarão em esmagar os fracos. A vida é o que é.
O medo e a racionalidade política
Quando o medo de uma das partes desaparece, a racionalidade da vida política é destruída e os fortes, sejam eles quem forem, não hesitarão em esmagar os fracos.
O medo é um elemento estrutural na vida política. Por estranho e irrazoável que isso possa parecer, o medo tem, muitas vezes, um papel moderador e racionalizante dos agentes políticos. Peguemos, mais uma vez, no exemplo grego e nas opções maximalistas da União Europeia. Se nada atemorizar a União Europeia e o FMI, os gregos pura e simplesmente serão abandonados à sua sorte (a qual não foi apenas criação sua, antes pelo contrário).
Veja-se, por exemplo, a posição dos países de cultura católica perante os gregos. São tão furiosas como as dos outros. O que é interessante é que muitos economistas que apoiam as posições da UE e do FMI são católicos e foram formados em universidades católicas. Ora não há, neste momento, política que esteja mais contra a doutrina social da Igreja e a prédica do Papa do que a que eles defendem. Na verdade, não têm medo do Papa nem sequer do inferno. Ao perderem o medo tornaram-se os agentes de políticas que, segundo o Papa, infringem o mandamento «Não matarás!».
Imaginemos, agora, um outro cenário político. Por um momento, fantasiemos que a União Soviética ainda existia e o Muro de Berlim não tinha caído. Nessas circunstâncias, o leitor acharia que a posição da União Europeia seria a mesma? Os gregos seriam, na mesma, continuamente humilhados e ofendidos e não se teria em conta as opções da democracia grega? Nessas circunstâncias nem teria havido problema.
O Syriza não seria sequer eleito, pois a União Europeia seria benévola com os gregos e qualquer dos partidos do arco da governação resolveria a situação. A UE dilataria os prazos de pagamento, anexá-los-ia ao crescimento económico, defenderia as pensões que agora quer cortar e aprovaria os salários praticados sem falar em cortes. Nem exigiria reformas. O medo levaria a União Europeia a ter uma posição construtiva e solidária com os gregos (e com os portugueses, pois deixem passar as eleições e preparem-se para o que vem aí). Quando o medo de uma das partes desaparece, a racionalidade da vida política é destruída e os fortes, sejam eles quem forem, não hesitarão em esmagar os fracos. A vida é o que é.
![]() Dizia-se do último czar da Rússia, Nicolau II, que a sua opinião era a opinião da última pessoa com quem tinha falado. Cem anos depois, Nicolau II reencarnou em alguma daquela rapaziada que tomou conta dos principais partidos da nossa democracia. |
![]() Quando saí de Torres Novas para ir estudar em Lisboa já sabia que iria depois sair de Lisboa para vir trabalhar em Torres Novas. A primeira razão para voltar foi de natureza umbilical: eu ser de Torres Novas como outros são de Mangualde ou Famalicão. |
![]() Se se observar o comportamento dos portugueses perante a pandemia, talvez seja possível ter um vislumbre daquilo que somos e de como gostamos de ser governados. Obviamente que não nos comportamos todas da mesma forma e não gostamos todos de ser governados da mesma maneira. |
![]() O herói nacional, melhor jogador de futebol do mundo de sempre, segundo dizem, foi protagonista numa daquelas histórias que são matéria-prima para solidificar lendas. Nessa história, sublinhando as origens humildes, o estratosférico conquista mais um laço com o Zé comum. |
![]() Apesar da limitação de vacinas nesta fase, o país tem vindo a ser confrontado com variados episódios de vacinação fora do que está priorizado. Há sempre alguém que se julga acima das normas ou que faz as suas próprias normas e ultrapassa assim os que estão na fila, ou então por via de terceiros chegam primeiro à seringa. |
![]() Na falta de acções presenciais, multiplicaram-se, nos últimos meses, as iniciativas on-line sobre os mais diversos assuntos. Num destes eventos em que participei, sensibilizou-me, particularmente, o testemunho de um ex-ministro social-democrata que, quando questionado sobre um eventual regresso à vida política mais activa, reconheceu que não pretende fazê-lo porque, e nas suas palavras, os quatro anos em que foi ministro mudaram-no, levando amigos e familiares mais próximos a dizerem-lhe que, nessa altura, ele não era “o mesmo Nuno”. |
![]() 1. O PSD de Torres Novas é uma anedota. Ao mesmo tempo que digo isto, ouço já ao fundo vozes a erguerem-se contra esta forma crua e dura de arrancar com este texto. Imagino até as conclusões de quem tem facilidade de falar sem saber: é do Bloco, dizem uns, comunista desde sempre, atiram outros, indo ainda mais longe, lembrando que dirige aquele pasquim comunista, conforme aprenderam com o ex-presidente socialista. |
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![]() Passo de ballet, movimento em que a bailarina estica graciosamente a perna, tem diferentes níveis de dificuldade consoante a direcção da perna e a altura a que chega o pé, requer um grande equilíbrio e um elevado nível de concentração. |
![]() Ouço os sinais ao longe. Um pranto gritado bem alto, do alto dos sinos da igreja, por alguém que partiu. É já raro ouvir-se. Por norma, pelo menos na nossa cidade, ecoam apenas pelos que muito deram de si à causa religiosa. |
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PSD: a morte há muito anunciada - inês vidal |
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O estranho caso das vacinas - jorge carreira maia |
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