Amor, vamos dar um tempo
"Partiste-me o coração, em vários e indistinguíveis pedacinhos, atiraste a minha autoestima para um local sombrio "
Puberdade, temo que interpretes as minhas palavras de modo leviano, mas penso que chegámos àquele momento da relação em que já não faz sentido continuar. Desculpa, não tenciono desvalorizar o teu impacto em mim ou na minha vida nestes últimos anos que tivemos juntos, aliás, qualquer pessoa perceberia, ao olhar para a minha cara, iluminada por um tímido sorriso, que a tua presença era constante, quase como se fossemos um só.
As características que mais me impressionam em ti são, sem dúvida alguma, o teu sentido de oportunidade e a tua persistência.
Sempre foste inacreditavelmente conveniente no que diz respeito ao momento e local para despertares um conflito.
“Querida, hoje vou jantar com os meus amigos…”
“AHHH sim?! Não me disseste nada?!”
“Sim, o Zé faz anos e vamos à marisqueira. Tu sabes aquela ao pé do consultório de cardiologia do Dr. Lemos, que vende bebidas com gás em garrafas de vidro e tem uns guardanapos rascas, que só dão para limpar o canto direito da boca…”
“Quem vai?”
“A malta do costume…”
“Isso inclui a Carla do decote”
“Querida, já tivemos esta conversa e não me parece a altura indicada para começar uma discussão… Sabes que só tenho olhos para ti e para o teu decote!”
“Tudo bem, querido”, e eis que decides cuspir-me na cara uma borbulha, bem branquinha, com as proporções do monte Evereste, e nem tens a compaixão de recorreres à simetria, limitaste a colocá-la num local bem visível sem respeitar o padrão dos contornos do meu rosto. ”Diverte-te!”
“Obrigado”, o meu objetivo é conseguir fugir a todas as selfies ou boomerangs que voam direitinhos para o instagram…
Contudo, não posso dizer que foste fiel. Apercebi-me de que vivias um romance com Gabriel dos olhos verdes. E com o Rafael que conduz a scotter do pai. E com o Daniel dos cabelos loiros encaracolados que tem uma cicatriz no sobrolho dirieto. E com o Ismael que calça o 45 e três quartos. Partiste-me o coração, em vários e indistinguíveis pedacinhos, atiraste a minha autoestima para um local sombrio onde apenas se ouve o ecoar de nomes cuja origem hebraica remete para a bíblia, impediste a construção de novos relacionamentos e obrigaste-me a redescobrir a minha essência através da escrita.
Acredito que é a melhor decisão a tomar. Sinto-me capaz de enfrentar o mundo de cabeça erguida, isenta da máscara que em mim pintaste. Pega na tua escova de dentes, nos teus iogurtes de pedaços sem glúten e no teu álbum do Justin Bieber (refiro-me ao Belive e não ao Belive Acoustic, esse até é agradável, podes deixar…), saí da minha vida e não voltes. Nem te atrevas a regressar com palmadinhas nas costas, não vale a pena, dou por terminada a nossa instável e desonesta relação que, à semelhança de um episódio de Game of Thrones, nos fez sorrir, chorar, corar, tapar os olhos, questionar a condição e fisionomia humana e comer pipocas.
Obrigado por tudo mas ficarei à espera do Simon Baker.
Amor, vamos dar um tempo
Partiste-me o coração, em vários e indistinguíveis pedacinhos, atiraste a minha autoestima para um local sombrio
Puberdade, temo que interpretes as minhas palavras de modo leviano, mas penso que chegámos àquele momento da relação em que já não faz sentido continuar. Desculpa, não tenciono desvalorizar o teu impacto em mim ou na minha vida nestes últimos anos que tivemos juntos, aliás, qualquer pessoa perceberia, ao olhar para a minha cara, iluminada por um tímido sorriso, que a tua presença era constante, quase como se fossemos um só.
As características que mais me impressionam em ti são, sem dúvida alguma, o teu sentido de oportunidade e a tua persistência.
Sempre foste inacreditavelmente conveniente no que diz respeito ao momento e local para despertares um conflito.
“Querida, hoje vou jantar com os meus amigos…”
“AHHH sim?! Não me disseste nada?!”
“Sim, o Zé faz anos e vamos à marisqueira. Tu sabes aquela ao pé do consultório de cardiologia do Dr. Lemos, que vende bebidas com gás em garrafas de vidro e tem uns guardanapos rascas, que só dão para limpar o canto direito da boca…”
“Quem vai?”
“A malta do costume…”
“Isso inclui a Carla do decote”
“Querida, já tivemos esta conversa e não me parece a altura indicada para começar uma discussão… Sabes que só tenho olhos para ti e para o teu decote!”
“Tudo bem, querido”, e eis que decides cuspir-me na cara uma borbulha, bem branquinha, com as proporções do monte Evereste, e nem tens a compaixão de recorreres à simetria, limitaste a colocá-la num local bem visível sem respeitar o padrão dos contornos do meu rosto. ”Diverte-te!”
“Obrigado”, o meu objetivo é conseguir fugir a todas as selfies ou boomerangs que voam direitinhos para o instagram…
Contudo, não posso dizer que foste fiel. Apercebi-me de que vivias um romance com Gabriel dos olhos verdes. E com o Rafael que conduz a scotter do pai. E com o Daniel dos cabelos loiros encaracolados que tem uma cicatriz no sobrolho dirieto. E com o Ismael que calça o 45 e três quartos. Partiste-me o coração, em vários e indistinguíveis pedacinhos, atiraste a minha autoestima para um local sombrio onde apenas se ouve o ecoar de nomes cuja origem hebraica remete para a bíblia, impediste a construção de novos relacionamentos e obrigaste-me a redescobrir a minha essência através da escrita.
Acredito que é a melhor decisão a tomar. Sinto-me capaz de enfrentar o mundo de cabeça erguida, isenta da máscara que em mim pintaste. Pega na tua escova de dentes, nos teus iogurtes de pedaços sem glúten e no teu álbum do Justin Bieber (refiro-me ao Belive e não ao Belive Acoustic, esse até é agradável, podes deixar…), saí da minha vida e não voltes. Nem te atrevas a regressar com palmadinhas nas costas, não vale a pena, dou por terminada a nossa instável e desonesta relação que, à semelhança de um episódio de Game of Thrones, nos fez sorrir, chorar, corar, tapar os olhos, questionar a condição e fisionomia humana e comer pipocas.
Obrigado por tudo mas ficarei à espera do Simon Baker.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |