Tubarões e mortos-vivos
"Mas que o nosso mundo, na realidade, tem tubarões e mortos vivos, ai isso tem! "
Ultimamente (infelizmente, nada que me surpreenda) temos assistido a comportamentos e atitudes tão surreais para o século XXI, que as anacronias são permanentes. Mas, o tipo de anacronia que se deteta é, quase sempre, a analepse. E o que é a analepse? É o recuo no tempo, ou seja, uma personagem-narrador revive, retorna ou reconstrói informações ou acontecimentos do passado e este torna-se presente.
Sinceramente, eu já havia sentido alguma estagnação, cansaço e indiferença nas sociedades em geral. O pior disto é a abdicação das responsabilidades sociais, por parte das pessoas, e o deixar-se nas mãos de apenas de uns tantos (poucos) as decisões que dizem respeito a muitos, muitos mesmo. O que se verifica, em democracia, é que se devem respeitar as vontades e as opções das maiorias. O pior é quando essas vontades e essas opções põem tudo em causa, nomeadamente o respeito e o reconhecimento que essas opções obtiveram. Ou seja, aquilo que conduziu à sua assunção é precisamente o que é objeto de destruição. Paradoxal. Se não houvesse liberdade, nunca se poderia pôr em causa a própria liberdade. Possivelmente, não se poderia pôr nada em causa.
A verdade é que eu, às vezes, apenas mental e momentaneamente, penso: “muito bem, bem feita, agora é que vão ver como é”. Mas, é apenas momentaneamente, porque sei, tenho consciência disso, que não é com revanchismos que lá vamos. E o que, exceto nesses momentos, me perpassa e permanece é a tristeza, a desilusão pelo fracasso dos homens (e, claro, também das mulheres). Pela sua ignorância. Pela sua intolerância. Pela sua insensibilidade. Pela sua tacanhez. Pela sua vaidade e narcisismo. Pela sua ganância. Pela sua indiferença. Pela sua falta de empatia e altruísmo (o que é isto?).
Já que, segundo alguns, a violência se combate com violência (é claro que eu não acredito nisto, de todo, e até nem sou de dar a outra face!), resolvi combater a preguiça com a preguiça, a falta de vontade com a falta de vontade, a inércia com a inércia e o que fiz? O que faço tão pouco, mas tenho de começar a fazer mais: refastelar-me no meu sofá, tapadinha com uma manta quentinha, agora nos dias frios, e fazer zapping, porque focar-me num programa específico (se forem notícias ou reportagens é melhor desligar a tv, de tão tristes que são. Atenção que o que é mesmo triste é haver tantas coisas tristes, que fazem notícias e reportagens tristes que entristecem estes espaços informativos) obriga-me a pensar, pelo menos um bocadinho e o Pessoa, que eu muito admiro e respeito, já mostrava que pensar dói. E dói mesmo (aliás, talvez seja para evitar a dor que há tanta gente que não pensa ou não quer pensar).
E, o que é que eu vi? Vi que os filmes ou séries mais recorrentes eram de tubarões e mortos-vivos! Até me parecia impossível haver tantas variedades desta temática! Porém, dadas as minhas características (como é que diz Pessoa? Ah, é: “Se a flor flore sem querer/Sem querer a gente pensa”), não consegui deixar de desconstruir as mensagens. E lá fui ter às alegorias. As alegorias são um recurso especial para a leitura do mundo.
E não é que achei que a arte cinematográfica conseguiu, neste caso, através da prolepse (que é o avanço no tempo) representar tão bem o nosso mundo atual e a realidade que nos envolve e nos assusta? Basta pensarmos um bocadinho: há tubarões no gelo, há tubarões no ar, há tubarões na terra e há tubarões na água (aqui já sabíamos). Até há tubarões fantasmas. A verdade é que atacam tudo e todos e conduzem-nos à morte. Até lá, andamos numa aflição, com muito medo e sempre a escondermo-nos e em fuga. Depois, há os mortos-vivos. Na sequência de um vírus que atinge a humanidade, morre-se sem se morrer, ou melhor, vive-se morto. E o mais grave é que os mortos-vivos devoram os vivos, que renascem mortos.
Isto tudo parece muito confuso, mas não é. É apenas uma leitura. As alegorias fazem destas coisas. Mas que o nosso mundo, na realidade, tem tubarões e mortos vivos, ai isso tem! E que é difícil escapar a uns e a outros também é!
Tubarões e mortos-vivos
Mas que o nosso mundo, na realidade, tem tubarões e mortos vivos, ai isso tem!
Ultimamente (infelizmente, nada que me surpreenda) temos assistido a comportamentos e atitudes tão surreais para o século XXI, que as anacronias são permanentes. Mas, o tipo de anacronia que se deteta é, quase sempre, a analepse. E o que é a analepse? É o recuo no tempo, ou seja, uma personagem-narrador revive, retorna ou reconstrói informações ou acontecimentos do passado e este torna-se presente.
Sinceramente, eu já havia sentido alguma estagnação, cansaço e indiferença nas sociedades em geral. O pior disto é a abdicação das responsabilidades sociais, por parte das pessoas, e o deixar-se nas mãos de apenas de uns tantos (poucos) as decisões que dizem respeito a muitos, muitos mesmo. O que se verifica, em democracia, é que se devem respeitar as vontades e as opções das maiorias. O pior é quando essas vontades e essas opções põem tudo em causa, nomeadamente o respeito e o reconhecimento que essas opções obtiveram. Ou seja, aquilo que conduziu à sua assunção é precisamente o que é objeto de destruição. Paradoxal. Se não houvesse liberdade, nunca se poderia pôr em causa a própria liberdade. Possivelmente, não se poderia pôr nada em causa.
A verdade é que eu, às vezes, apenas mental e momentaneamente, penso: “muito bem, bem feita, agora é que vão ver como é”. Mas, é apenas momentaneamente, porque sei, tenho consciência disso, que não é com revanchismos que lá vamos. E o que, exceto nesses momentos, me perpassa e permanece é a tristeza, a desilusão pelo fracasso dos homens (e, claro, também das mulheres). Pela sua ignorância. Pela sua intolerância. Pela sua insensibilidade. Pela sua tacanhez. Pela sua vaidade e narcisismo. Pela sua ganância. Pela sua indiferença. Pela sua falta de empatia e altruísmo (o que é isto?).
Já que, segundo alguns, a violência se combate com violência (é claro que eu não acredito nisto, de todo, e até nem sou de dar a outra face!), resolvi combater a preguiça com a preguiça, a falta de vontade com a falta de vontade, a inércia com a inércia e o que fiz? O que faço tão pouco, mas tenho de começar a fazer mais: refastelar-me no meu sofá, tapadinha com uma manta quentinha, agora nos dias frios, e fazer zapping, porque focar-me num programa específico (se forem notícias ou reportagens é melhor desligar a tv, de tão tristes que são. Atenção que o que é mesmo triste é haver tantas coisas tristes, que fazem notícias e reportagens tristes que entristecem estes espaços informativos) obriga-me a pensar, pelo menos um bocadinho e o Pessoa, que eu muito admiro e respeito, já mostrava que pensar dói. E dói mesmo (aliás, talvez seja para evitar a dor que há tanta gente que não pensa ou não quer pensar).
E, o que é que eu vi? Vi que os filmes ou séries mais recorrentes eram de tubarões e mortos-vivos! Até me parecia impossível haver tantas variedades desta temática! Porém, dadas as minhas características (como é que diz Pessoa? Ah, é: “Se a flor flore sem querer/Sem querer a gente pensa”), não consegui deixar de desconstruir as mensagens. E lá fui ter às alegorias. As alegorias são um recurso especial para a leitura do mundo.
E não é que achei que a arte cinematográfica conseguiu, neste caso, através da prolepse (que é o avanço no tempo) representar tão bem o nosso mundo atual e a realidade que nos envolve e nos assusta? Basta pensarmos um bocadinho: há tubarões no gelo, há tubarões no ar, há tubarões na terra e há tubarões na água (aqui já sabíamos). Até há tubarões fantasmas. A verdade é que atacam tudo e todos e conduzem-nos à morte. Até lá, andamos numa aflição, com muito medo e sempre a escondermo-nos e em fuga. Depois, há os mortos-vivos. Na sequência de um vírus que atinge a humanidade, morre-se sem se morrer, ou melhor, vive-se morto. E o mais grave é que os mortos-vivos devoram os vivos, que renascem mortos.
Isto tudo parece muito confuso, mas não é. É apenas uma leitura. As alegorias fazem destas coisas. Mas que o nosso mundo, na realidade, tem tubarões e mortos vivos, ai isso tem! E que é difícil escapar a uns e a outros também é!
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |