Ano 30 - inês vidal
Opinião » 2023-09-24 » Inês Vidal"“Somos o último reduto escrutinador, que impede o totalitarismo e o caciquismo, tantas vezes apanágio dos poderes locais."
Em 1994 Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhac Rabin recebiam o Prémio Nobel da Paz, o mundo despedia-se de Airton Senna, Tom Jobin e Kurt Cobain, Nelson Mandela assumia a presidência de África do Sul, sendo o primeiro presidente negro daquele país, Berlusconi vencia as legislativas italianas, nascia Harry Styles. Em Portugal, Lisboa era capital europeia da cultura, festejávamos os 20 anos sobre o 25 de Abril e a chamada geração rasca manifestava-se contra Manuela Ferreira Leite. Em Torres Novas, Sérgio Godinho era cabeça de cartaz das festas da cidade, António Rodrigues fazia o balanço do primeiro ano do mandato e nascia o “Jornal Torrejano”. Nascíamos nós, para todos vós.
Nascíamos enquanto alternativa ao único jornal existente no concelho - assumidamente parcial e ligado à causa religiosa - fruto de uma necessidade de informação isenta e pluralista, graças à carolice de uns poucos inconformados que entendiam que os torrejanos mereciam mais. Mais e melhor informação, mais opiniões e espaços de debate.
A informação local e regional, parente pobre da informação, tantas vezes relegada para segundo plano e incompreendida, tem um papel tão ou mais importante que a imprensa nacional. Somos o último reduto escrutinador, que impede o totalitarismo e o caciquismo, tantas vezes apanágio dos poderes locais. É graças ao bom jornalismo regional, não tenho quaisquer dúvidas, que nem tudo é possível quando nos deparamos com maiorias absolutas que, sem perceber que o poder é uma mera ferramenta ao serviço de todos nós, agem como se donos de toda a razão.
É neste contexto, partindo de todas estas premissas, que o “Jornal Torrejano”, o nosso jornal, entra com esta edição no 30.º ano de publicação ininterrupta. Para quem conhece os meandros deste mundo das letras e da imprensa, sabe como isso é uma vitória. São poucos ou nenhuns os jornais independentes que conseguem sobreviver num mundo em que só sobrevive o que é economicamente rentável.
Não somos economicamente rentáveis, não damos lucro, nem sequer almejamos ter fins lucrativos. A nós só nos interessa informar, enaltecer o que é bem feito, criticar o que está mal, mostrar, sem rabos presos ou telhados de vidro, o que se passa na nossa terra.
Uma missão que só conseguimos atingir com o apoio de todos aqueles que colaboram connosco, uns desde de sempre, outros mais recentemente, todos com a mesma vontade de contribuir para uma sociedade mais informada, logo mais democrática. Uma missão que só conseguimos atingir com a ajuda do Cristiano Abegão e da Conceição Gomes, do João Carlos Lopes, do Luís Miguel Fanha, do Carlos Semião e do Élio Batista, de todos os cronistas que nos enriquecem com opiniões diferentes das nossas e de todos os nossos colaboradores que são os nossos olhos e a nossa pena quando e onde não conseguimos estar.
Só conseguimos também graças a todos os anunciantes, que, mesmo no actual contexto adverso, percebem que a publicidade é não só uma ferramenta importante na divulgação e promoção da marca própria, como uma importante ajuda à manutenção de um jornal independente que é a voz de todos nós. Graças aos leitores. Não esqueço os leitores, claro. De que nos valia existir e fazer este esforço para nos mantermos à tona, se não fossem todos aqueles que nos lêem?
É um orgulho imenso ser directora do Jornal Torrejano. Não apenas neste dia, como em todos os outros. Não sei se mereço tal voto de confiança, mas enquanto o tiver, tudo farei, bem como todos aqueles que me acompanham nesta luta, para manter o nosso jornal nas bancas por muitos outros 30 anos.
Obrigada. Continuamos aqui.
Ano 30 - inês vidal
Opinião » 2023-09-24 » Inês Vidal“Somos o último reduto escrutinador, que impede o totalitarismo e o caciquismo, tantas vezes apanágio dos poderes locais.
Em 1994 Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhac Rabin recebiam o Prémio Nobel da Paz, o mundo despedia-se de Airton Senna, Tom Jobin e Kurt Cobain, Nelson Mandela assumia a presidência de África do Sul, sendo o primeiro presidente negro daquele país, Berlusconi vencia as legislativas italianas, nascia Harry Styles. Em Portugal, Lisboa era capital europeia da cultura, festejávamos os 20 anos sobre o 25 de Abril e a chamada geração rasca manifestava-se contra Manuela Ferreira Leite. Em Torres Novas, Sérgio Godinho era cabeça de cartaz das festas da cidade, António Rodrigues fazia o balanço do primeiro ano do mandato e nascia o “Jornal Torrejano”. Nascíamos nós, para todos vós.
Nascíamos enquanto alternativa ao único jornal existente no concelho - assumidamente parcial e ligado à causa religiosa - fruto de uma necessidade de informação isenta e pluralista, graças à carolice de uns poucos inconformados que entendiam que os torrejanos mereciam mais. Mais e melhor informação, mais opiniões e espaços de debate.
A informação local e regional, parente pobre da informação, tantas vezes relegada para segundo plano e incompreendida, tem um papel tão ou mais importante que a imprensa nacional. Somos o último reduto escrutinador, que impede o totalitarismo e o caciquismo, tantas vezes apanágio dos poderes locais. É graças ao bom jornalismo regional, não tenho quaisquer dúvidas, que nem tudo é possível quando nos deparamos com maiorias absolutas que, sem perceber que o poder é uma mera ferramenta ao serviço de todos nós, agem como se donos de toda a razão.
É neste contexto, partindo de todas estas premissas, que o “Jornal Torrejano”, o nosso jornal, entra com esta edição no 30.º ano de publicação ininterrupta. Para quem conhece os meandros deste mundo das letras e da imprensa, sabe como isso é uma vitória. São poucos ou nenhuns os jornais independentes que conseguem sobreviver num mundo em que só sobrevive o que é economicamente rentável.
Não somos economicamente rentáveis, não damos lucro, nem sequer almejamos ter fins lucrativos. A nós só nos interessa informar, enaltecer o que é bem feito, criticar o que está mal, mostrar, sem rabos presos ou telhados de vidro, o que se passa na nossa terra.
Uma missão que só conseguimos atingir com o apoio de todos aqueles que colaboram connosco, uns desde de sempre, outros mais recentemente, todos com a mesma vontade de contribuir para uma sociedade mais informada, logo mais democrática. Uma missão que só conseguimos atingir com a ajuda do Cristiano Abegão e da Conceição Gomes, do João Carlos Lopes, do Luís Miguel Fanha, do Carlos Semião e do Élio Batista, de todos os cronistas que nos enriquecem com opiniões diferentes das nossas e de todos os nossos colaboradores que são os nossos olhos e a nossa pena quando e onde não conseguimos estar.
Só conseguimos também graças a todos os anunciantes, que, mesmo no actual contexto adverso, percebem que a publicidade é não só uma ferramenta importante na divulgação e promoção da marca própria, como uma importante ajuda à manutenção de um jornal independente que é a voz de todos nós. Graças aos leitores. Não esqueço os leitores, claro. De que nos valia existir e fazer este esforço para nos mantermos à tona, se não fossem todos aqueles que nos lêem?
É um orgulho imenso ser directora do Jornal Torrejano. Não apenas neste dia, como em todos os outros. Não sei se mereço tal voto de confiança, mas enquanto o tiver, tudo farei, bem como todos aqueles que me acompanham nesta luta, para manter o nosso jornal nas bancas por muitos outros 30 anos.
Obrigada. Continuamos aqui.
O vómito » 2024-10-26 » Hélder Dias |
30 anos: o JT e a política - joão carlos lopes » 2024-09-30 » João Carlos Lopes Dir-se-ia que três décadas passaram num ápice. No entanto, foram cerca de 11 mil dias iguais a outros 11 mil dias dos que passaram e dos que hão-de vir. Temos, felizmente, uma concepção e uma percepção emocional da história, como se o corpo vivo da sociedade tivesse os mesmos humores da biologia humana. |
Não tenho nada para dizer - carlos tomé » 2024-09-23 » Carlos Tomé Quando se pergunta a alguém, que nunca teve os holofotes apontados para si, se quer ser entrevistado para um jornal local ou regional, ele diz logo “Entrevistado? Mas não tenho nada para dizer!”. Essa é a resposta que surge mais vezes de gente que nunca teve possibilidade de dar a sua opinião ou de contar um episódio da sua vida, só porque acha que isso não é importante, Toda a gente está inundada pelos canhenhos oficiais do que é importante para a nossa vida e depois dessa verdadeira lavagem ao cérebro é mais que óbvio que o que dizem que é importante está lá por cima a cagar sentenças por tudo e por nada. |
Três décadas a dar notícias - antónio gomes » 2024-09-23 » António Gomes Para lembrar o 30.º aniversário do renascimento do “Jornal Torrejano”, terei de começar, obrigatoriamente, lembrando aqui e homenageando com a devida humildade, o Joaquim da Silva Lopes, infelizmente já falecido. |
Numa floresta de lobos o Jornal Torrejano tem sido o seu Capuchinho Vermelho - antónio mário santos » 2024-09-23 » António Mário Santos Uma existência de trinta anos é um certificado de responsabilidade. Um jornal adulto. Com tarimba, memória, provas dadas. Nasceu como uma urgência local duma informação séria, transparente, num concelho em que a informação era controlada pelo conservadorismo católico e o centrismo municipal subsidiado da Rádio Local. |
Trente Glorieuses - carlos paiva » 2024-09-23 » Carlos Paiva Os gloriosos trinta, a expressão original onde me fui inspirar, tem pouco que ver com longevidade e muito com mudança, desenvolvimento, crescimento, progresso. Refere-se às três décadas pós segunda guerra mundial, em que a Europa galopou para se reconstruir, em mais dimensões que meramente a literal. |
30 anos contra o silêncio - josé mota pereira » 2024-09-23 » José Mota Pereira Nos cerca de 900 anos de história, se dermos como assente que se esta se terá iniciado com as aventuras de D. Afonso Henriques nesta aba da Serra de Aire, os 30 anos de vida do “Jornal Torrejano”, são um tempo muito breve. |
A dimensão intelectual da extrema-direita - jorge carreira maia » 2024-09-23 » Jorge Carreira Maia Quando se avalia o crescimento da extrema-direita, raramente se dá atenção à dimensão cultural. Esta é rasurada de imediato pois considera-se que quem apoia o populismo radical é, por natureza, inculto, crente em teorias da conspiração e se, por um acaso improvável, consegue distinguir o verdadeiro do falso, é para escolher o falso e escarnecer o verdadeiro. |
Falta poesia nos corações (ditos) humanos » 2024-09-19 » Maria Augusta Torcato No passado mês de agosto revisitei a peça de teatro de Bertolt Brecht “Mãe coragem”. O espaço em que a mesma foi representada é extraordinário, as ruínas do Convento do Carmo. A peça anterior a que tinha assistido naquele espaço, “As troianas”, também me havia suscitado a reflexão sobre o modo como as situações humanas se vão repetindo ao longo dos tempos. |
Ministro ou líder do CDS? » 2024-09-17 » Hélder Dias |