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Sem política, armas e religião… - maria augusta torcato

Opinião  »  2020-10-23  »  Maria Augusta Torcato

"Em nome da política e da religião, o recurso às armas se tornou vulgar e banal "

“Eu só quero ir para um lugar sem política, armas e religião…”, dizia uma mãe ainda jovem, em lágrimas, quando um jornalista a interpelava nos momentos que se seguiram à tragédia no porto de Beirute, que é do conhecimento de todos nós, mas, quicá, por estar distante dos olhos talvez passe a estar igualmente distante do coração. Diga-se, em abono da verdade, que há tantos problemas também por aqui, para quê estarmos a pensar nos outros e nos distantes?

Já passaram dias, muitos dias. Porém, para quem vive (os) problemas, os dias parecem intermináveis. Para algumas pessoas, talvez muitas pessoas, os dias custam a passar, porque são difíceis. Muito difíceis. E, se bem que esta crónica retome um desabafo proferido por uma mulher numa situação dramática, que em momento algum se pretende subvalorizar, por se procurar alguma analogia com outras realidades que nos são mais ou menos próximas, a mensagem que veicula deve fazer-nos refletir a todos, porque espelha o mundo e o nosso mundinho.

Não é uma situação nova. É, aliás, cada vez mais recorrente, sucede um pouco por todo o mundo e já nos deveria ter preocupado há muito tempo, porque seria sinal de que estávamos atentos e não permitiríamos que algumas coisas acontecessem e contribuíssem para o estado degradante, a todos os níveis, do nosso mundo. Só uma situação desesperante, uma descrença total, uma revolta e uma mágoa imensas podem levar à dupla associação negativa de três conceitos: “política” – “armas” – “religião”. Além da preocupação, a vergonha também nos deveria conduzir à reflexão e à mudança.

Irmanar política, armas e religião é algo doloso, mas verificamos, de facto, que em nome da política e da religião, o recurso às armas se tornou vulgar e banal e continua a ser um meio destruidor da humanidade. E a palavra “armas” enforma-se de vários instrumentos e meios e de sentidos denotativo e conotativo. Igualmente pérfido é que, ao invés de servirem e procurarem o bem-estar das pessoas, a política e a religião servem e provocam, na maioria das vezes, precisamente o oposto, a ponto de genericamente negarem e recusarem os princípios e os valores nobres que, paradoxalmente, as sustentam e justificam.

Não se pretende escrutinar as palavras e os diferentes sentidos e sua evolução ao longo dos tempos. Nem alimentar reminiscências gregas, se bem que, para Aristóteles, a política era o meio de obter a felicidade dos cidadãos. Não deixa de ser bonito. Pena que nem todas as pessoas eram consideradas cidadãos (creio que ainda hoje é assim). Porém, para esta breve reflexão, basta evocar alguns princípios, que são os que nos interessam e se prendem com o servir o bem público, o bem comum, o interesse das pessoas e não apenas de algumas pessoas, procurar construir o seu bem-estar, o seu desenvolvimento, a sua harmonia, garantir as suas liberdades e trabalhar afincadamente para uma vivência democrática, a partir da qual se operará o que é expectável, substantivado em comportamentos éticos e morais.

Porém, aquilo que se verifica hoje, e a culpa será de todos nós, que talvez não exerçamos a nossa cidadania, é que a “política” transporta uma conotação tão negativa, remetida às ruas da amargura, atolada em lama, que até já há quem defenda que não devia “haver política” e a “política devia acabar”. O problema é que é política tudo o que fazemos ou desejamos fazer na comunidade em que nos inserimos e ninguém é sozinho e só somos na relação com os outros. Não é na “política” que está o mal. O mal está, primeiramente, em quem exerce a política seja sob a forma de representação ou outra e sob uma capa democrática alimente atitudes e comportamentos que, no fundo, não têm em vista o bem de todos, mas sim e apenas de alguns e com determinados critérios, muitas vezes pessoais, que confundem claramente o público com o privado/pessoal.

Quem se disponibiliza para servir os seus concidadãos não pode ter confusões quanto aos seus papéis e aos seus estatutos, que são recíprocos. Não pode lamentar-se, queixar-se, vitimizar-se, porque escolheu, voluntária e civicamente, servir, fazer o seu melhor face a expectativas e necessidades identificadas.

Assiste-se, já, a diferentes movimentações para os próximos atos políticos relacionados com eleições, também elas diferentes. Era talvez tempo de todos, mas em particular quem se oferece e disponibiliza para uma participação direta e interventiva, pensar e contribuir, de vez, para a reconstrução de sentidos e significados do que é, hoje, a política e o que são políticos. Já se percebeu que o trabalho é árduo, logo, só quem tem mesmo capacidades, vontade, força, coragem, resiliência e valores sólidos deveria ter a hombridade de disputar e ocupar esses lugares. Até se compreende que quem tem estas características esteja desiludido, magoado, cansado e não queira ou não consiga, por honestidade consigo e com os outros, fazer parte desses processos, mas o mundo precisa do resgate do que é a verdadeira política e de políticos dignos de a executarem. Volto a lembrar o desabafo inicial e inspirador desta crónica, e que é o reflexo do que tantas outras mães pensam e sentem: “Só quero ir para um lugar sem política, armas e religião”.

Que vergonha para todos os que contribuíram para este retrato. E vergonha para todos nós, os restantes, que temos deixado que esta negra pintura se sobreponha à verdadeira arte que é a política e a religião (de forma independente, claro!) servirem as pessoas e contribuírem para um mundo melhor! Para quando uma entrega da política e da religião ao serviço de conceitos elevados da dignidade de todas as pessoas, com efeitos práticos na sua existência? Para quando?

 

 

 

 

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