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Opinião  »  2021-04-10  »  José Ricardo Costa

"E como é possível haver uma rua Direita de S. Pedro? Não, a rua de S. Pedro tem de ser de esquerda. "

É muito bom viver em Torres Novas mas também se sente o peso de estar longe do que de verdadeiramente moderno se passa no mundo, enfim, nada de #Me Too, Je suis Charlie Hebdo, vetustas estátuas transformadas em anúncios da Benetton. É deveras agradável dar a volta à avenida depois de jantar mas acorda-se no dia seguinte com a asténica sensação de nada haver de muito à frente que dê aos torrejanos não direi os clássicos quinze minutos mas dois singelos minutinhos de fama no telejornal. Nem o Correio da Manhã, que está sempre onde tudo acontece mas sobretudo onde nada acontece, nos liga patavina. Se queremos estar no olho do furacão da história e do progresso, devemos combater a indolência paroquial em que por vezes caímos para nos dedicarmos às acelerações históricas que vão dos 0 aos 100 enquanto o Deus Cronos esfrega um olho. Criemos assim uma vaga de fundo que, tendo o seu centro na cidade, vá de Assentiz a Alcorochel, do Vale da Serra à Olaia, para fazer o mundo pular e avançar como bola colorida, já agora com as cores do arco-íris, entre as mãos de uma juventude desejosa de lhe dar pontapés com a elegância de um jogador dos Amiais.

Começaríamos por exigir a mudança de nomes de ruas como Serpa Pinto ou Miguel Arnide, cuja placa informa ter sido um herói do 2.º Cerco de Diu. Herói? Não queremos cá ruas com nomes manchados de sangue colonial. E se é para mudar nomes, instituam-se quotas para nomes de mulheres, embora no caso da rua Miguel Arnide até possa ficar só mesmo rua DIU, não por causa de uma salazarista nostalgia pelo velho triângulo indiano mas pelo seu grande contributo para a emancipação e libertação sexual da mulher.

E como é possível haver uma rua Direita de S. Pedro? Não, a rua de S. Pedro tem de ser de esquerda. Se é mais difícil entrar um rico no Reino dos Céus do que Adolfo Luxúria Canibal vir a apresentar o Preço Certo, sendo S. Pedro o detentor das suas chaves, é então para mim de uma aristotélica clareza S. Pedro ter que ser de esquerda.

No nosso estádio ou ruas cujos nomes tenham “dr”, este tem de sair para ficar só o nome da pessoa. Ter um estádio e ruas de doutores é um murro na memória dos que viveram um tempo em que o povo ficava pela 4ª classe ou, grande feito, o antigo 5.º ano, faltando quase sempre a energia quando esse povo entrava no elevador social, sem ter sequer tempo para carregar no botão do 4. ºandar.

Entrando agora no animado campo das demolições, podíamos aproveitar o facto da escola Maria Lamas estar sempre em obras para a demolir de vez, dando lugar a um novo edifício sem o peso institucional da velha escola salazarista. É verdade que aquele nome de mulher a enobrece mas é impossível subir a rua 25 de Abril sem pensarmos no obscuro passado de escola industrial e comercial de 24 de Abril, frequentada pela base da pirâmide social para formar serralheiros mecânicos, electricistas, contabilistas ou dactilógrafos, enquanto os meninos bem de Torres Novas iam para o Andrade Corvo ou liceus de Tomar e Santarém para serem doutores e engenheiros. À boleia daquela iria o edifício do antigo Grémio da Lavoura cuja arquitectura Estado Novo ofende a vista, caindo também o nome na rua “Antigo Grémio da Lavoura”. Lavoura? Torres Novas, terra com tradições operárias, não é um ventríloquo de Paulo Portas com boné e samarra alentejana na Ovibeja e o tempo do Eng.º Sousa Veloso também já lá vai. E não pense o monumento aos heróis de Diu, que ainda por cima homenageia o Infante D. Henrique de triste memória, que se safa. É para ir abaixo, a não ser que sobreponham ao que está lá escrito dois grafites, dando uma vez mais lugar ao amor revolucionário por palimpsestos: num dos lados, o rosto de uma mulher, negra, lésbica, que em tempos tenha sido um homem, no outro, o rosto de um homem, negro, gay, que em tempos tenha sido uma mulher. O problema é que havendo só dois lados não há vaga para mais sexos, o que nos tempos que correm se torna complicado, donde o melhor mesmo é substituí-lo por um inclusivíssimo rombicosidodecaedro do qual nem os pansexuais estão ausentes mais o que o futuro ainda nos reserva graças às maravilhas da ciência.

Ah, e a biblioteca municipal não deverá ser só moderna enquanto edifício e respetiva funcionalidade. Se quer sê-lo integralmente, sem ferir jovens sensíveis que se indignam, em média, umas 10 vezes por mês, deverá enviar para o Index autores cujos livros não acertaram o passo com a jacobina batuta do progresso, como Eça, por defender o colonialismo n’Os Maias ou Mark Twain, que só no Hucklebery Finn emprega 215 vezes a palavra nigger. E por cada pintor homem e branco que exponha em Torres Novas, terá de expor um pintor negro e uma pintora, de preferência também negra.

E um dia, quando o nosso torrejaníssimo Pepa for treinador de um grande clube europeu e merecer uma biografia como José Mourinho ou Jorge Jesus, só alguém em cujas veias corre sangue africano poderá compreender a alma, o coração e o percurso de vida de alguém em cujas veias corre sangue africano. Dinâmica, empenhada na vida cultural torrejana, ainda para mais mulher, vejo em Torres Novas a minha querida amiga Elvira Sequeira como pessoa ideal para a escrever. 

Demos pois as mãos para sonharmos com o dia em que daremos a volta à avenida depois de jantar, sentindo as pulsações da história a baterem-nos na alma, seja em que época do ano for, Brumário, Germinal, Termidor, whenever, como diria um jovem progressista e internacionalista, graças ao privilégio, cada vez mais raro, de ainda ter cabeça para isso.

 

 

 

 

 

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