Xenovírus, por Inês Vidal
Somos xenófobos por natureza. Também somos racistas, hipócritas, egoístas. Pensamos em nós, nos nossos e os outros que se lixem. E quanto lá mais longe, melhor. Não fosse verdade esta minha pessimista afirmação, não chamaríamos chagas, ou melhor chegas, para a nossa casa-mãe.
Não precisamos de motivos para ser naturalmente xenófobos, ainda que nem sempre assumidos, mas não deixamos escapar um bom pretexto para justificar e validar a nossa, por vezes tímida, intolerância ao que não nos é igual.
O mundo vive actualmente apavorado com o coronavírus. Vem da China, ao que parece. Terá tido a sua origem, provavelmente, num mercado de frutos do mar na cidade de Wuhan. As primeiras notícias surgem, a comunicação social esfrega às mãos de contente porque durante um tempo terá assunto para as suas parangonas, sem ter de se esforçar muito. Não tardam as imagens a inundar redes sociais, fotos e vídeos chocantes de mercados não identificados, apresentando cenas descontextualizadas, que chocam o Ocidente. Imagens não confirmadas, não identificadas, não assumidas. Fracções de um todo que, isoladas, toldam a realidade e, por conseguinte, a perspectiva que vamos ter dela.
E a pretexto de um vírus que terá tido origem no Oriente, mas que poderia ter vindo de qualquer outro ponto do mundo, tecemos juízos e valores, questionamos costumes, mas nunca os nossos. Pomos em causa, fugimos, olhamos de lado, aproveitamos o mal estar geral para enaltecer aquela já nossa desconfiança e desconforto permanente, entretanto oculto por uma questão de correcta politiquice.
Foi assim em 2009, com a gripe que nos chegava do México. Em 2015, quando tememos o Ébola, que vinha de África. Cinco anos depois, em 2020, levamos as mãos à cabeça com o coronavirus, que vem da China. E quando vier da Europa? Que cor lhe vamos dar? Quem vamos temer ou evitar?
E enquanto damos um rosto ao vírus, personificamos o povo chinês e seus costumes como inimigo a abater, este propaga-se. E a comunicação social continua a esfregar as mãos, a lançar o pânico, o horror. Somos bombardeados ao minuto com actualizações sem novidades, da velocidade a que o bicho se espalha, das mortes que faz, do rasto que deixa.
E no meio deste cenário, entre pânicos exacerbados, megalómanas construções para fazer frente aos estragos que o corona acarreta, entre açambarcamentos de máscaras que pouco ou nada poderão fazer na hora do real e eventual confronto, entre atitudes concertadas para salvar concidadãos - ou parte deles -, chegamos à triste e evidente conclusão que por mais sofisticados, informatizados, digitais e rápidos que sejamos, por maior que seja o controlo que a máquina e o homem evocam sobre a natureza, esta ciclicamente, entre esgares de quem ri por último, nos mostra quem é que controla quem.
Xenovírus, por Inês Vidal
Somos xenófobos por natureza. Também somos racistas, hipócritas, egoístas. Pensamos em nós, nos nossos e os outros que se lixem. E quanto lá mais longe, melhor. Não fosse verdade esta minha pessimista afirmação, não chamaríamos chagas, ou melhor chegas, para a nossa casa-mãe.
Não precisamos de motivos para ser naturalmente xenófobos, ainda que nem sempre assumidos, mas não deixamos escapar um bom pretexto para justificar e validar a nossa, por vezes tímida, intolerância ao que não nos é igual.
O mundo vive actualmente apavorado com o coronavírus. Vem da China, ao que parece. Terá tido a sua origem, provavelmente, num mercado de frutos do mar na cidade de Wuhan. As primeiras notícias surgem, a comunicação social esfrega às mãos de contente porque durante um tempo terá assunto para as suas parangonas, sem ter de se esforçar muito. Não tardam as imagens a inundar redes sociais, fotos e vídeos chocantes de mercados não identificados, apresentando cenas descontextualizadas, que chocam o Ocidente. Imagens não confirmadas, não identificadas, não assumidas. Fracções de um todo que, isoladas, toldam a realidade e, por conseguinte, a perspectiva que vamos ter dela.
E a pretexto de um vírus que terá tido origem no Oriente, mas que poderia ter vindo de qualquer outro ponto do mundo, tecemos juízos e valores, questionamos costumes, mas nunca os nossos. Pomos em causa, fugimos, olhamos de lado, aproveitamos o mal estar geral para enaltecer aquela já nossa desconfiança e desconforto permanente, entretanto oculto por uma questão de correcta politiquice.
Foi assim em 2009, com a gripe que nos chegava do México. Em 2015, quando tememos o Ébola, que vinha de África. Cinco anos depois, em 2020, levamos as mãos à cabeça com o coronavirus, que vem da China. E quando vier da Europa? Que cor lhe vamos dar? Quem vamos temer ou evitar?
E enquanto damos um rosto ao vírus, personificamos o povo chinês e seus costumes como inimigo a abater, este propaga-se. E a comunicação social continua a esfregar as mãos, a lançar o pânico, o horror. Somos bombardeados ao minuto com actualizações sem novidades, da velocidade a que o bicho se espalha, das mortes que faz, do rasto que deixa.
E no meio deste cenário, entre pânicos exacerbados, megalómanas construções para fazer frente aos estragos que o corona acarreta, entre açambarcamentos de máscaras que pouco ou nada poderão fazer na hora do real e eventual confronto, entre atitudes concertadas para salvar concidadãos - ou parte deles -, chegamos à triste e evidente conclusão que por mais sofisticados, informatizados, digitais e rápidos que sejamos, por maior que seja o controlo que a máquina e o homem evocam sobre a natureza, esta ciclicamente, entre esgares de quem ri por último, nos mostra quem é que controla quem.
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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