Hasta nunca comandante
"Era tudo mentira, Fidelito. Enganaste-me. "
Mesmo sem termos lido ensaios e sebentas que caracterizavam o comunismo soviético como uma deriva histórica dos despotismos asiáticos (e como estávamos nós longe dessas subtilezas ideológicas, que queríamos era uma revolução interior de festa, alegria, música e miúdas), não deixávamos de pressentir, contudo, que aquele comunismo desbotado plasmado nas imagens tristonhas e sombrias da “Vida Soviética” e dos relatos calados feitos tabu dos camaradas que visitavam a pátria do socialismo e voltavam mudos, não deixávamos de pressentir que “aquilo” nunca seria o socialismo que um dia nós e Portugal escolheríamos.
O nosso seria o dos românticos barbudos, que de fusil em punho expulsaram o ditador Fulgêncio e implantaram um paraíso feito de praias enluaradas, mulheres bonitas e uma música tonta, um eden tropital que nos fazia soltar das gargantas hinos de festa e sensualidade poética cantados até à exaustão.
Claro, acabou o petróleo russo gratuito e um resgate alimentar de décadas e sobrou um país no limite da penúria material, fora do tempo, incapaz de se prover e de se governar, de onde fugiria uma população inteira se pudesse, por entre os tubarões das Caraíbas e os crocodilos dos pântanos da Florida, outra falsa terra prometida, eu sei.
Ah, e sobravas tu, Fidelito, com as tuas eternas desculpas do bloqueio. Sobravas tu, que condenaste à morte e assassinaste milhares de compatriotas teus, que deixaste apodrecer nas prisões outros milhares durante décadas, que alimentaste um regime corrupto e patético como tu ficaste desde muito cedo, que exportaste ladrões e violadores e viveste do narcotráfico de Estado.
Era tudo mentira, Fidelito. Enganaste-me. A história não te julgará, tu já és um condenado da história. E na tua “verticalidade até ao fim”, com que tantos se enlevam, à esquerda e até à direita, nunca tiveste um palavra de arrependimento, um último pequeno remorso. Foste hipócrita até ao fim. Como todos os ditadores e todos os déspotas. Por isso não vais descansar em paz. E nem isso lamento.
Hasta nunca comandante
Era tudo mentira, Fidelito. Enganaste-me.
Mesmo sem termos lido ensaios e sebentas que caracterizavam o comunismo soviético como uma deriva histórica dos despotismos asiáticos (e como estávamos nós longe dessas subtilezas ideológicas, que queríamos era uma revolução interior de festa, alegria, música e miúdas), não deixávamos de pressentir, contudo, que aquele comunismo desbotado plasmado nas imagens tristonhas e sombrias da “Vida Soviética” e dos relatos calados feitos tabu dos camaradas que visitavam a pátria do socialismo e voltavam mudos, não deixávamos de pressentir que “aquilo” nunca seria o socialismo que um dia nós e Portugal escolheríamos.
O nosso seria o dos românticos barbudos, que de fusil em punho expulsaram o ditador Fulgêncio e implantaram um paraíso feito de praias enluaradas, mulheres bonitas e uma música tonta, um eden tropital que nos fazia soltar das gargantas hinos de festa e sensualidade poética cantados até à exaustão.
Claro, acabou o petróleo russo gratuito e um resgate alimentar de décadas e sobrou um país no limite da penúria material, fora do tempo, incapaz de se prover e de se governar, de onde fugiria uma população inteira se pudesse, por entre os tubarões das Caraíbas e os crocodilos dos pântanos da Florida, outra falsa terra prometida, eu sei.
Ah, e sobravas tu, Fidelito, com as tuas eternas desculpas do bloqueio. Sobravas tu, que condenaste à morte e assassinaste milhares de compatriotas teus, que deixaste apodrecer nas prisões outros milhares durante décadas, que alimentaste um regime corrupto e patético como tu ficaste desde muito cedo, que exportaste ladrões e violadores e viveste do narcotráfico de Estado.
Era tudo mentira, Fidelito. Enganaste-me. A história não te julgará, tu já és um condenado da história. E na tua “verticalidade até ao fim”, com que tantos se enlevam, à esquerda e até à direita, nunca tiveste um palavra de arrependimento, um último pequeno remorso. Foste hipócrita até ao fim. Como todos os ditadores e todos os déspotas. Por isso não vais descansar em paz. E nem isso lamento.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |