Peixoto - rui anastácio
"Poucos intelectuais do nosso país entendem verdadeiramente o país em que vivem."
Há uns meses, em circunstâncias que não vêm ao caso, tive o prazer de privar com José Luís Peixoto e a sua mulher, Patrícia Pinto. Foram dias muito agradáveis em que fiquei a conhecer um pouco da pessoa que está por trás do escritor.
Não tinha lido muita coisa do José Luís, mas tinha gostado muito do pouco que tinha lido. Desde logo, o magnífico livro sobre a Coreia do Norte, país que sempre me despertou uma enorme curiosidade. O culto do Querido Líder ou da Querida Líder, é algo com que tropeçamos frequentemente, mesmo que em escalas diminutas e com as devidas reservas e distâncias.
Comecei o ano a ler “Galveias”, devidamente autografado pelo autor no dia 17 de Novembro de 2020. O livro começa com uma descrição dos cães que ladram durante a noite na aldeia de Galveias, sua terra natal, “...mas depois um cão noutra ponta da vila e outro noutra e outro noutra, cães infinitos, como se desenhassem um mapa de Galveias e, ao mesmo tempo, assegurassem a continuação da vida e, desse jeito, oferecessem a segurança que faz falta para se adormecer.”
Poucos intelectuais do nosso país entendem verdadeiramente o país em que vivem. Peixoto, Saramago ou Torga são gente que entende o Portugal profundo. É isso, entre outras coisas, que os torna grandes escritores da nossa língua materna. Portugal é um país difícil de entender, é um país de mil cores e de muitas subtilezas. Vivo há 50 anos neste país, os mesmos que tenho de vida, e ainda hoje tenho dificuldade em perceber se a falta de frontalidade que tanto se pratica por terras lusas é fruto de cobardia ou de hiper sensibilidade. Não gostamos de ser desagradáveis. Mesmo quando não ser desagradável é, por si só, desagradável. Mesmo quando não ser desagradável é cobardia em estado puro.
A liberdade não é algo que se conceda ou se receba, é algo que se tem ou não se tem. Intrinsecamente. Nunca ceder a nossa liberdade é duro. Obriga, quase sempre, a sacrifícios nossos e até dos que nos são próximos. É algo que caracteriza os homens e as mulheres de carácter.
Como diria Torga: “Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, saborear, enfim, o pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome”.
Peixoto - rui anastácio
Poucos intelectuais do nosso país entendem verdadeiramente o país em que vivem.
Há uns meses, em circunstâncias que não vêm ao caso, tive o prazer de privar com José Luís Peixoto e a sua mulher, Patrícia Pinto. Foram dias muito agradáveis em que fiquei a conhecer um pouco da pessoa que está por trás do escritor.
Não tinha lido muita coisa do José Luís, mas tinha gostado muito do pouco que tinha lido. Desde logo, o magnífico livro sobre a Coreia do Norte, país que sempre me despertou uma enorme curiosidade. O culto do Querido Líder ou da Querida Líder, é algo com que tropeçamos frequentemente, mesmo que em escalas diminutas e com as devidas reservas e distâncias.
Comecei o ano a ler “Galveias”, devidamente autografado pelo autor no dia 17 de Novembro de 2020. O livro começa com uma descrição dos cães que ladram durante a noite na aldeia de Galveias, sua terra natal, “...mas depois um cão noutra ponta da vila e outro noutra e outro noutra, cães infinitos, como se desenhassem um mapa de Galveias e, ao mesmo tempo, assegurassem a continuação da vida e, desse jeito, oferecessem a segurança que faz falta para se adormecer.”
Poucos intelectuais do nosso país entendem verdadeiramente o país em que vivem. Peixoto, Saramago ou Torga são gente que entende o Portugal profundo. É isso, entre outras coisas, que os torna grandes escritores da nossa língua materna. Portugal é um país difícil de entender, é um país de mil cores e de muitas subtilezas. Vivo há 50 anos neste país, os mesmos que tenho de vida, e ainda hoje tenho dificuldade em perceber se a falta de frontalidade que tanto se pratica por terras lusas é fruto de cobardia ou de hiper sensibilidade. Não gostamos de ser desagradáveis. Mesmo quando não ser desagradável é, por si só, desagradável. Mesmo quando não ser desagradável é cobardia em estado puro.
A liberdade não é algo que se conceda ou se receba, é algo que se tem ou não se tem. Intrinsecamente. Nunca ceder a nossa liberdade é duro. Obriga, quase sempre, a sacrifícios nossos e até dos que nos são próximos. É algo que caracteriza os homens e as mulheres de carácter.
Como diria Torga: “Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, saborear, enfim, o pão da minha fome.
- Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome”.
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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![]() Agora que nos estamos a aproximar, no calendário católico, da Páscoa, talvez valha a pena meditar nos versículos 36, 37 e 38, do Capítulo 18, do Evangelho de João. Depois de entregue a Pôncio Pilatos, Jesus respondeu à pergunta deste: Que fizeste? Dito de outro modo: de que és culpado? Ora, a resposta de Jesus é surpreendente: «O meu reino não é deste mundo. |