Flávia Batista: Histórias de uma jornalista brasileira em terras torrejanas
Os caminhos me levaram a Torres Novas e não tardou muito para que eu descobrisse, de fato, que a grande aventura da minha vida, até então, estava prestes a acontecer na cidade banhada pelo Rio Almonda, num prédio no Largo da Lamego.
Foi ao responder a um anuncio de ”Procura-se Jornalista”, que fiz o meu primeiro contato com o Jornal Torrejano. Eles procuravam um profissional para substituir temporariamente a repórter Fátima Coelho, que sairia em licença-maternidade. Era a oportunidade da minha vida! Fui cheia de garra à entrevista, com currículo e alguns textos em mãos. Era fim de tarde e quando eu entrei naquela redação, confesso que tive medo. Eu era a brasileira magricela, com quase nenhuma experiência profissional e estava diante de uma equipe formada por Margarida Trincão, João Carlos Lopes e Joaquim Lopes. Embora tenha caído de amores por eles depois, naquele primeiro contato eles eram ”monstros sagrados” a quem eu tinha a missão de conquistar.
Fizemos testes, textos e até simulámos uma entrevista com o presidente da câmara. Eu olhava os outros candidatos e não conseguia deixar de ouvir meu sotaque que destoava de todo contexto. Mas acho que me saí bem. Tanto que alguns dias depois, eu recebi o tão esperado telefonema, em que fui convocada a passar alguns dias de teste no jornal, trabalhando em part time. Não conseguirei nunca descrever a felicidade que senti.
A primeira matéria que escrevi foi sobre uma senhora que tinha uma quantidade enorme de filhos e como ela conseguiu educar a todos, em tempos de dificuldade. Fiz um comparativo com educação dos tempos atuais e como tudo estava diferente. Daí, não parei mais. Todos os dias, no final da tarde, lá ia eu para o meu sonho de jovem jornalista, cumprir o que mais me dava prazer na vida: escrever.
Não tardou e o que era inicialmente part time, virou full time. Estava oficialmente inserida na imprensa portuguesa. E com o retorno da colega Fatima Coelho à rotina laboral, deixei a condição de jornalista substituta e passei a de contratada. Era, enfim, uma profissional da imprensa portuguesa, com direito a carteira de Press e o status de ”a miúda brasileira do Torrejano”. Foi uma realização!
O ”Torrejano” foi essencial e decisivo na minha formação profissional. Foi lá que tive a honra, o prazer e a sorte de encontrar mestres. Ao lado da chefe de redação, Margarida Trincão, eu aprendi, de verdade, a ser jornalista. Dividir matérias, ouvir as histórias de quando ela começou a escrever e ver como ela lapidava meus textos, era muito mais do que uma rotina de trabalho, era um deleite para uma menina de 25 anos que via seu sonho ser realizado todos os dias.
Os desafios eram instigantes. Lembro especialmente de uma matéria em que fui cobrir um evento de cultura, onde estudantes de uma das escolas da cidade não deram o valor que a ocasião sugeria. Escrevi a matéria relatando o descaso do público com o espetáculo e quando o texto foi lida pela direção do jornal, me pediram para escrever um artigo, comparando a realidade brasileira com aquela que tinha encontrado no teatro local. Foi uma grande responsabilidade escrever aquilo. Mas o resultado foi absolutamente gratificante, dada a repercussão que a matéria teve.
Cobrir as sessões na câmara municipal foi outro desafio. Eu passaria a fazer o trabalho que era de responsabilidade da Margarida Trincão. Ora bolas, como eu poderia ser capaz? Mas fui armada em coragem e ousadia e cumpri com o que me pediam. Em pouco tempo, eu já havia domado meu receio e fazia as matérias sem grandes entraves. Fui, de fato, lapidada no dia-a-dia da lida, pelos melhores professores que poderia ter.
E foram tantas matérias, tantas histórias, tantos personagens que me perderia em milhões de palavras para contar todas as maravilhas que vivi durante quase três anos de labuta no ”Jornal Torrejano”.
Mas além da formação profissional, não há como deixar passar ao lado a importância na transformação pessoal que o ”Torrejano” significou para mim. Porque o jornal é feito por pessoas. E as pessoas que fazem o ”Torrejano” enxergam o mundo sob a ótica diferenciada. O que falar de José Ricardo Costa e das conversas incríveis que dividimos na varanda do JT, entre cigarros e boas risadas? E as discussões sobre política, cultura e comportamento brasileiros com João Carlos Lopes? Cresci como ser humano, me formei como profissional.
Estes primeiros anos de experiência foram vitais para os que vieram a seguir. De volta à terra tupiniquins, a bagagem cheia de histórias lusitanas serviu como impulsionadora da jornalista que sou hoje. As lições tomadas de Margarida Trincão, João Carlos Lopes e Joaquim Lopes são revividas diariamente e não é raro eu me ver repassando cada detalhe aos jovens repórteres que começam a estagiar comigo.
Ser convidada a escrever no aniversário de 20 anos do Jornal Torrejano é mais que um privilégio. É uma honra sem descrição. Porque os caminhos da vida me fizeram voltar para o Brasil, mas sempre vou ser a ”miúda brasileira do Torrejano”.
Flávia Batista
Flávia Batista: Histórias de uma jornalista brasileira em terras torrejanas
Os caminhos me levaram a Torres Novas e não tardou muito para que eu descobrisse, de fato, que a grande aventura da minha vida, até então, estava prestes a acontecer na cidade banhada pelo Rio Almonda, num prédio no Largo da Lamego.
Foi ao responder a um anuncio de ”Procura-se Jornalista”, que fiz o meu primeiro contato com o Jornal Torrejano. Eles procuravam um profissional para substituir temporariamente a repórter Fátima Coelho, que sairia em licença-maternidade. Era a oportunidade da minha vida! Fui cheia de garra à entrevista, com currículo e alguns textos em mãos. Era fim de tarde e quando eu entrei naquela redação, confesso que tive medo. Eu era a brasileira magricela, com quase nenhuma experiência profissional e estava diante de uma equipe formada por Margarida Trincão, João Carlos Lopes e Joaquim Lopes. Embora tenha caído de amores por eles depois, naquele primeiro contato eles eram ”monstros sagrados” a quem eu tinha a missão de conquistar.
Fizemos testes, textos e até simulámos uma entrevista com o presidente da câmara. Eu olhava os outros candidatos e não conseguia deixar de ouvir meu sotaque que destoava de todo contexto. Mas acho que me saí bem. Tanto que alguns dias depois, eu recebi o tão esperado telefonema, em que fui convocada a passar alguns dias de teste no jornal, trabalhando em part time. Não conseguirei nunca descrever a felicidade que senti.
A primeira matéria que escrevi foi sobre uma senhora que tinha uma quantidade enorme de filhos e como ela conseguiu educar a todos, em tempos de dificuldade. Fiz um comparativo com educação dos tempos atuais e como tudo estava diferente. Daí, não parei mais. Todos os dias, no final da tarde, lá ia eu para o meu sonho de jovem jornalista, cumprir o que mais me dava prazer na vida: escrever.
Não tardou e o que era inicialmente part time, virou full time. Estava oficialmente inserida na imprensa portuguesa. E com o retorno da colega Fatima Coelho à rotina laboral, deixei a condição de jornalista substituta e passei a de contratada. Era, enfim, uma profissional da imprensa portuguesa, com direito a carteira de Press e o status de ”a miúda brasileira do Torrejano”. Foi uma realização!
O ”Torrejano” foi essencial e decisivo na minha formação profissional. Foi lá que tive a honra, o prazer e a sorte de encontrar mestres. Ao lado da chefe de redação, Margarida Trincão, eu aprendi, de verdade, a ser jornalista. Dividir matérias, ouvir as histórias de quando ela começou a escrever e ver como ela lapidava meus textos, era muito mais do que uma rotina de trabalho, era um deleite para uma menina de 25 anos que via seu sonho ser realizado todos os dias.
Os desafios eram instigantes. Lembro especialmente de uma matéria em que fui cobrir um evento de cultura, onde estudantes de uma das escolas da cidade não deram o valor que a ocasião sugeria. Escrevi a matéria relatando o descaso do público com o espetáculo e quando o texto foi lida pela direção do jornal, me pediram para escrever um artigo, comparando a realidade brasileira com aquela que tinha encontrado no teatro local. Foi uma grande responsabilidade escrever aquilo. Mas o resultado foi absolutamente gratificante, dada a repercussão que a matéria teve.
Cobrir as sessões na câmara municipal foi outro desafio. Eu passaria a fazer o trabalho que era de responsabilidade da Margarida Trincão. Ora bolas, como eu poderia ser capaz? Mas fui armada em coragem e ousadia e cumpri com o que me pediam. Em pouco tempo, eu já havia domado meu receio e fazia as matérias sem grandes entraves. Fui, de fato, lapidada no dia-a-dia da lida, pelos melhores professores que poderia ter.
E foram tantas matérias, tantas histórias, tantos personagens que me perderia em milhões de palavras para contar todas as maravilhas que vivi durante quase três anos de labuta no ”Jornal Torrejano”.
Mas além da formação profissional, não há como deixar passar ao lado a importância na transformação pessoal que o ”Torrejano” significou para mim. Porque o jornal é feito por pessoas. E as pessoas que fazem o ”Torrejano” enxergam o mundo sob a ótica diferenciada. O que falar de José Ricardo Costa e das conversas incríveis que dividimos na varanda do JT, entre cigarros e boas risadas? E as discussões sobre política, cultura e comportamento brasileiros com João Carlos Lopes? Cresci como ser humano, me formei como profissional.
Estes primeiros anos de experiência foram vitais para os que vieram a seguir. De volta à terra tupiniquins, a bagagem cheia de histórias lusitanas serviu como impulsionadora da jornalista que sou hoje. As lições tomadas de Margarida Trincão, João Carlos Lopes e Joaquim Lopes são revividas diariamente e não é raro eu me ver repassando cada detalhe aos jovens repórteres que começam a estagiar comigo.
Ser convidada a escrever no aniversário de 20 anos do Jornal Torrejano é mais que um privilégio. É uma honra sem descrição. Porque os caminhos da vida me fizeram voltar para o Brasil, mas sempre vou ser a ”miúda brasileira do Torrejano”.
Flávia Batista
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