O avô possível
A espera fez-se comigo na urgência a tratar das cruzes. O meu filho Diogo, futuro pai e o meu neto Vasco, futuro mano, ambos com algum nervoso e ainda menos juízo, lá mordiscavam a língua agarrados ao ipad naqueles jogos de faca e alguidar. As futuras tias, a Mariana, minha filhota e irmã do Diogo, acabadinha de chegar de Angola com ar arejado e a Andreia, irmã da Magda, minha nora, mais habituada a estas andanças, talvez falassem do enxoval da menina, das dores do parto, das cores do quarto.
O meu compadre Mota, avô galinha, falava a toda aquela gente daquele hospital, pois todos e todas o conheciam e tinham de ficar a saber que a Benedita estava a chegar. A minha mãe ia-me telefonando, acompanhando à distância as incidências do pré nascimento da sua bisneta. A Dora, minha boa companheira destes últimos seis anos, respeitava o momento, vivendo-o a sós.
As horas não passavam, cruzes canhoto. O Vasco já só pedia que o pai natal lhe trouxesse uma bazuca, uma espada e uma pistola. Ainda lhe falei num ou noutro livro, que o avô tinha muitos, alguns muito bonitos para a idade dele. Que não. Que não queria livros para nada. Só pistolas ou uma camisola do Nani.
Ao final da tarde lá chegou a Benedita. Bonita e expedita. Esqueci as cruzes, fechou-se o ipad, guardou-se a pistola e todos olharam para ela, embevecidos.
O Vasco e a Benedita só têm avós de voz grossa. As avós Helena e Cristina partiram há cinco anos, para longe, muito longe, e estariam também, naquele momento, algures para além das nuvens, olhando para os netos que vão ajudando a criar como podem e só elas sabem.
E eis senão quando, o Vasco, o terno guerreiro, percebeu que a irmã acabadinha de nascer, ficaria com a mãe Magda nessa noite no hospital. E agarrando-se de tal modo às pernas do pai Diogo, já não queria nem bazucas nem pistolas, já só queria que o deixassem levar a maninha com ele.
Foi aí que senti que nem os meus livros nem todas as pistolas do mundo o convenceriam a mudar de ideias. Afinal, o que o Vasco queria, era mesmo a Benedita. Nesse momento senti-me, apenas, o avô possível. Mas, sobretudo, um avô feliz.
O avô possível
A espera fez-se comigo na urgência a tratar das cruzes. O meu filho Diogo, futuro pai e o meu neto Vasco, futuro mano, ambos com algum nervoso e ainda menos juízo, lá mordiscavam a língua agarrados ao ipad naqueles jogos de faca e alguidar. As futuras tias, a Mariana, minha filhota e irmã do Diogo, acabadinha de chegar de Angola com ar arejado e a Andreia, irmã da Magda, minha nora, mais habituada a estas andanças, talvez falassem do enxoval da menina, das dores do parto, das cores do quarto.
O meu compadre Mota, avô galinha, falava a toda aquela gente daquele hospital, pois todos e todas o conheciam e tinham de ficar a saber que a Benedita estava a chegar. A minha mãe ia-me telefonando, acompanhando à distância as incidências do pré nascimento da sua bisneta. A Dora, minha boa companheira destes últimos seis anos, respeitava o momento, vivendo-o a sós.
As horas não passavam, cruzes canhoto. O Vasco já só pedia que o pai natal lhe trouxesse uma bazuca, uma espada e uma pistola. Ainda lhe falei num ou noutro livro, que o avô tinha muitos, alguns muito bonitos para a idade dele. Que não. Que não queria livros para nada. Só pistolas ou uma camisola do Nani.
Ao final da tarde lá chegou a Benedita. Bonita e expedita. Esqueci as cruzes, fechou-se o ipad, guardou-se a pistola e todos olharam para ela, embevecidos.
O Vasco e a Benedita só têm avós de voz grossa. As avós Helena e Cristina partiram há cinco anos, para longe, muito longe, e estariam também, naquele momento, algures para além das nuvens, olhando para os netos que vão ajudando a criar como podem e só elas sabem.
E eis senão quando, o Vasco, o terno guerreiro, percebeu que a irmã acabadinha de nascer, ficaria com a mãe Magda nessa noite no hospital. E agarrando-se de tal modo às pernas do pai Diogo, já não queria nem bazucas nem pistolas, já só queria que o deixassem levar a maninha com ele.
Foi aí que senti que nem os meus livros nem todas as pistolas do mundo o convenceriam a mudar de ideias. Afinal, o que o Vasco queria, era mesmo a Benedita. Nesse momento senti-me, apenas, o avô possível. Mas, sobretudo, um avô feliz.
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |