Loucura
Opinião » 2014-12-19 » Afonso Borga
Com um semestre exigente a acabar, esta foi a oportunidade que tive para parar no meio da minha ”loucura” e confusão que me assaltam diariamente a rotina académica. Num curso (Serviço Social), que muitos afirmam ser ”demasiado teórico”, aproveito estas oportunidades para me colocar de perto com realidades que não conheço e ter assim uma vertente prática. Não é, no entanto, meu objetivo escrever sobre a importância do voluntariado, como já referi noutras crónicas, nem sobre a importância de atividades extracurriculares. Escrevo para sensibilizar para uma realidade que está tão perto, e que, muitas vezes, queremos colocar tão longe…
Numa altura em que Portugal apresenta a taxa mais elevada de doenças mentais da Europa e onde o consumo de antidepressivos é mais elevado do que a média da União Europeia (dados de 2013), esta realidade permanece ainda uma incógnita para mim, mas fico com a certeza de que antes de se instalarem mitos e estereótipos sobre uma realidade, se deve procurar conhecê-la primeiro.
Já tinha tido a oportunidade de ter uma experiência deste género, no ano passado, igualmente com o GASNova. Confesso que, na altura, tal desafio se revelou num autêntico impacto emocional e, acima de tudo, o despertar para uma realidade que até outrora nunca me tinha sido confrontada. Recordo-me ainda hoje de uma senhora que dizia: ”Estou à espera do meu filho. Ele há-de vir. Eu espero.” Eternamente à espera.
E foi esta uma das realidades que fui encontrar, pessoas que estavam à espera! De algo novo, de um familiar que os viesse visitar, que não vêm há anos, ou até à nossa espera, porque para quem aquelas caras novas foram o seu presente de Natal e a diferença no seu dia.
Num mundo onde caiem todas as ”máscaras”, a entrega e o sorriso daquelas pessoas são o expoente da sanidade que lhes resta. O ”segredo”, como nos dizia um membro da Casa de Saúde, é saber ”olhar aquelas pessoas para além da sua doença mental”, e esse é o verdadeiro desafio!
Saí daquele fim-de-semana confuso e a pensar na ”loucura” que todos nós temos na nossa rotina, numa sociedade onde vemos cada vez mais pessoas em trabalhos que odeiam, a fazerem coisas que não gostam, subordinadas a preceitos sociais e a gastarem dinheiro em coisas que, na verdade, são dispensáveis. Loucura?
apborga@live.com.pt
Loucura
Opinião » 2014-12-19 » Afonso BorgaCom um semestre exigente a acabar, esta foi a oportunidade que tive para parar no meio da minha ”loucura” e confusão que me assaltam diariamente a rotina académica. Num curso (Serviço Social), que muitos afirmam ser ”demasiado teórico”, aproveito estas oportunidades para me colocar de perto com realidades que não conheço e ter assim uma vertente prática. Não é, no entanto, meu objetivo escrever sobre a importância do voluntariado, como já referi noutras crónicas, nem sobre a importância de atividades extracurriculares. Escrevo para sensibilizar para uma realidade que está tão perto, e que, muitas vezes, queremos colocar tão longe…
Numa altura em que Portugal apresenta a taxa mais elevada de doenças mentais da Europa e onde o consumo de antidepressivos é mais elevado do que a média da União Europeia (dados de 2013), esta realidade permanece ainda uma incógnita para mim, mas fico com a certeza de que antes de se instalarem mitos e estereótipos sobre uma realidade, se deve procurar conhecê-la primeiro.
Já tinha tido a oportunidade de ter uma experiência deste género, no ano passado, igualmente com o GASNova. Confesso que, na altura, tal desafio se revelou num autêntico impacto emocional e, acima de tudo, o despertar para uma realidade que até outrora nunca me tinha sido confrontada. Recordo-me ainda hoje de uma senhora que dizia: ”Estou à espera do meu filho. Ele há-de vir. Eu espero.” Eternamente à espera.
E foi esta uma das realidades que fui encontrar, pessoas que estavam à espera! De algo novo, de um familiar que os viesse visitar, que não vêm há anos, ou até à nossa espera, porque para quem aquelas caras novas foram o seu presente de Natal e a diferença no seu dia.
Num mundo onde caiem todas as ”máscaras”, a entrega e o sorriso daquelas pessoas são o expoente da sanidade que lhes resta. O ”segredo”, como nos dizia um membro da Casa de Saúde, é saber ”olhar aquelas pessoas para além da sua doença mental”, e esse é o verdadeiro desafio!
Saí daquele fim-de-semana confuso e a pensar na ”loucura” que todos nós temos na nossa rotina, numa sociedade onde vemos cada vez mais pessoas em trabalhos que odeiam, a fazerem coisas que não gostam, subordinadas a preceitos sociais e a gastarem dinheiro em coisas que, na verdade, são dispensáveis. Loucura?
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As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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