O “não debate”
"Nem uma palavra sobre pobreza ou solidão; nem uma só sobre educação ou cultura; e sobre justiça ou segurança, nada se ouviu."
Há dias, nas três televisões em simultâneo e em horário nobre, estava anunciado o tal debate. Desde logo, um primeiro trilema. Qual dos canais sintonizar? a RTP1, a do suposto serviço público? a Sic, do tio Balsemão dos Bilderberg? Ou a TVI, tipo aliança peninsular, em que nuestros hermanos tanto insistem?
Resolvida a questão com o zapping de agradar a gregos e a troi(k)anos, segundo trilema: o debate dos entrevistadores. A velha Judite, mais para lá do que para cá, o mister Faria, entalado entre as duas privadas, ou a rija Clara, porque as últimas são as primeiras?
Quanto ao resto, cedo se percebeu que os senhores políticos ali estavam de corpo presente, com a cabeça no futuro, mas para falar do passado. Lá falaram das tricas da troika. Do Sócrates e do Syriza. Do BES, do BP e da CMVM. De cifras e de siglas, tipo mata moscas que se usam quando as ditas incomodam.
Nem uma palavra sobre pobreza ou solidão; nem uma só sobre educação ou cultura; e sobre justiça ou segurança, nada se ouviu. Quanto à questão dos migrantes sírios, népia. Nem sim, nem não, nem talvez. É um tema incómodo, fracturante, do qual seguramente todos os presentes fugiram a sete pés.
Afinal, o debate foi um “não debate”. Porque os senhores jornalistas não puderam ou não souberam fazer melhor. Porque os senhores políticos não estavam ali para falar do futuro dos portugueses, mas sim preocupados com o seu futuro político e partidário.
Ao fim de dezenas de anos de responsabilidades alternadas, os dois maiores partidos não consigam ter uma única sugestão, uma única proposta, um único vestígio de consenso sobre qualquer um dos temas mais prementes da sociedade portuguesa?
Ah, mas souberam falar de geometria. Da geometria do plafonamento. Horizontal, vertical, talvez oblíquo, acrescento eu. Porque apesar de tudo, foi um debate oblíquo, de plano inclinado.
Com Passos tenso e a jogar para o empate, Costa acabou por dominar um jogo, não de casa cheia, mas de população esgotada. Desta vez, Passos naufragou e deu à Costa. Mas Costa, com o menino nos braços, naufragará a passos largos se não perceber o país real.
Adelino Correia-Pires, 11 setembro 2015
O “não debate”
Nem uma palavra sobre pobreza ou solidão; nem uma só sobre educação ou cultura; e sobre justiça ou segurança, nada se ouviu.
Há dias, nas três televisões em simultâneo e em horário nobre, estava anunciado o tal debate. Desde logo, um primeiro trilema. Qual dos canais sintonizar? a RTP1, a do suposto serviço público? a Sic, do tio Balsemão dos Bilderberg? Ou a TVI, tipo aliança peninsular, em que nuestros hermanos tanto insistem?
Resolvida a questão com o zapping de agradar a gregos e a troi(k)anos, segundo trilema: o debate dos entrevistadores. A velha Judite, mais para lá do que para cá, o mister Faria, entalado entre as duas privadas, ou a rija Clara, porque as últimas são as primeiras?
Quanto ao resto, cedo se percebeu que os senhores políticos ali estavam de corpo presente, com a cabeça no futuro, mas para falar do passado. Lá falaram das tricas da troika. Do Sócrates e do Syriza. Do BES, do BP e da CMVM. De cifras e de siglas, tipo mata moscas que se usam quando as ditas incomodam.
Nem uma palavra sobre pobreza ou solidão; nem uma só sobre educação ou cultura; e sobre justiça ou segurança, nada se ouviu. Quanto à questão dos migrantes sírios, népia. Nem sim, nem não, nem talvez. É um tema incómodo, fracturante, do qual seguramente todos os presentes fugiram a sete pés.
Afinal, o debate foi um “não debate”. Porque os senhores jornalistas não puderam ou não souberam fazer melhor. Porque os senhores políticos não estavam ali para falar do futuro dos portugueses, mas sim preocupados com o seu futuro político e partidário.
Ao fim de dezenas de anos de responsabilidades alternadas, os dois maiores partidos não consigam ter uma única sugestão, uma única proposta, um único vestígio de consenso sobre qualquer um dos temas mais prementes da sociedade portuguesa?
Ah, mas souberam falar de geometria. Da geometria do plafonamento. Horizontal, vertical, talvez oblíquo, acrescento eu. Porque apesar de tudo, foi um debate oblíquo, de plano inclinado.
Com Passos tenso e a jogar para o empate, Costa acabou por dominar um jogo, não de casa cheia, mas de população esgotada. Desta vez, Passos naufragou e deu à Costa. Mas Costa, com o menino nos braços, naufragará a passos largos se não perceber o país real.
Adelino Correia-Pires, 11 setembro 2015
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |