Floyd não é daqui - josé mota pereira
"“A cidade é para discutir e a monumentalização do espaço público deve fazer parte dessa discussão."
Primeiro as estátuas começaram a ser derrubadas em série depois do negro George Floyd ter sido assassinado nos Estados Unidos. Por todo o mundo ocidental, desde 2020 inúmeras estátuas e monumentos que evocavam o colonialismo foram vandalizados e derrubados. A moda havia um dia de cá chegar. Foi no sábado e a vítima foi o Santo António da rotunda, inaugurado há tão pouco tempo.
Vinque-se: a decapitação da estátua foi um crime, cometido anónima e cobardemente e é como crime que deve ser justamente tratado. Estou à vontade em dizê-lo já que nestas mesmas páginas deste jornal fiz crítica pública à instalação do monumento.
Mas além do crime, o acto foi também uma estupidez que serviu para que os que defendem que a monumentalização do espaço público é uma coisa cuja discussão e decisão deve ficar num ou dois gabinetes, se vitimizarem. Houve logo quem embarcasse à boleia do aproveitamento político. Não é por acaso que poucas horas depois do sucedido, a concelhia local do PS divulgou um comunicado que partilhou pelas redes sociais. Note-se que nos últimos tempos (arriscaria a dizer anos), não há notícia de qualquer outro comunicado do PS de Torres Novas. Nada, mas nada, nem sequer outros crimes aqui ocorridos (como alguns crimes ambientais) mereceram do PS qualquer palavra. Ficou a indignação toda para o Santo António - sem cabeça mas com as costas bem largas.
A cidade é para discutir e a monumentalização do espaço público deve fazer parte dessa discussão. As memórias que se homenageiam, as personalidades ou os acontecimentos, a linha estética (não confundir com o gosto) e a relação do monumento com o local de implantação são coisas que não podem ser decididas de forma casuística. Enfim, dar sentido às coisas que colocamos e arrumamos no chão comum. Era isso que devíamos estar a discutir. Sem perdermos a cabeça.
Floyd não é daqui - josé mota pereira
“A cidade é para discutir e a monumentalização do espaço público deve fazer parte dessa discussão.
Primeiro as estátuas começaram a ser derrubadas em série depois do negro George Floyd ter sido assassinado nos Estados Unidos. Por todo o mundo ocidental, desde 2020 inúmeras estátuas e monumentos que evocavam o colonialismo foram vandalizados e derrubados. A moda havia um dia de cá chegar. Foi no sábado e a vítima foi o Santo António da rotunda, inaugurado há tão pouco tempo.
Vinque-se: a decapitação da estátua foi um crime, cometido anónima e cobardemente e é como crime que deve ser justamente tratado. Estou à vontade em dizê-lo já que nestas mesmas páginas deste jornal fiz crítica pública à instalação do monumento.
Mas além do crime, o acto foi também uma estupidez que serviu para que os que defendem que a monumentalização do espaço público é uma coisa cuja discussão e decisão deve ficar num ou dois gabinetes, se vitimizarem. Houve logo quem embarcasse à boleia do aproveitamento político. Não é por acaso que poucas horas depois do sucedido, a concelhia local do PS divulgou um comunicado que partilhou pelas redes sociais. Note-se que nos últimos tempos (arriscaria a dizer anos), não há notícia de qualquer outro comunicado do PS de Torres Novas. Nada, mas nada, nem sequer outros crimes aqui ocorridos (como alguns crimes ambientais) mereceram do PS qualquer palavra. Ficou a indignação toda para o Santo António - sem cabeça mas com as costas bem largas.
A cidade é para discutir e a monumentalização do espaço público deve fazer parte dessa discussão. As memórias que se homenageiam, as personalidades ou os acontecimentos, a linha estética (não confundir com o gosto) e a relação do monumento com o local de implantação são coisas que não podem ser decididas de forma casuística. Enfim, dar sentido às coisas que colocamos e arrumamos no chão comum. Era isso que devíamos estar a discutir. Sem perdermos a cabeça.
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