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O cronista divaga numa tarde de verão - josé mota pereira

Opinião  »  2021-08-30  »  José Mota Pereira

"Já se sabe, sempre foi assim, achamos sempre que o antes foi sempre melhor que agora. "

A mãe da ML trabalha por turnos. Muitos dias da semana o horário de saída do trabalho vai para além do horário do infantário onde a ML passa os dias. Tal como acontece com muitos meninos e meninas deste país, tem calhado à avó (que ainda trabalha) a tarefa de ir buscar a menina ao infantário ao fim da tarde e com ela passar o tempo até a entregar à companhia materna.

 O cronista nunca foi pai, mas tendo sido anexado por via de amores de meia idade à avó da ML, descobre-se surpreendemente a reaprender canções infantis que julgava esquecidas, lenga-lengas e até a descobrir que uma das heroínas das crianças de hoje é um boneco animado chamado Masha, que já agora, permitam a opinião pessoal, é feia como os trovões. 

 Um conjunto de circunstâncias que inclui uma pandemia, que convida ao afastamento social, tem feito com que estes lanches nos finais das tardes de verão sejam verdadeiras descobertas ou redescobertas de locais onde se pode desfrutar da natureza e brincar tranquilamente. Temos andado muito por aí: já descobrimos ou redescobrimos locais quase paradisíacos junto ao rio e a ribeiros, parques de merendas, fontes e fontanários e muitos caminhos rurais na natureza. Até já nos vimos a apanhar caracóis na beira de uma dessas estradas ou a visitar "furtivamente" quintas particulares que julgávamos abandonadas e a cruzarmo-nos à saída com uma viatura da Securitas, provavelmente chamada face à nossa desautorizada presença. Aventuras com adrenalina q.b.

 A ML sorri. Creio que tem gostado. À beira de fazer três anos, canta no carro da avó a bola do Manel e a o balão do João. O cronista também tem gostado, aqui se confessa. E não deixa de olhar muitas vezes para a ML e lembrar-se do famoso poema de Jorge de Sena em que o poeta se interroga angustiado sobre o mundo que deixará aos seus vindouros. Se não conhecem procurem, Jorge de Sena merece.

 Optimista incorrigível, este cronista nascido poucos meses antes do 25 de Abril, desconfia desoladamente que o mundo que a sua geração deixará para os meninos e meninas como a ML será pior que o Mundo que recebeu de herança dos seus avós. 

 Já se sabe, sempre foi assim, achamos sempre que o antes foi sempre melhor que agora. O cronista recusa cair nessa rasteira e lá vai enumerando para si que apesar de tudo (e o tudo tem sido demais) hoje as crianças neste canto do mundo têm ao dispor de melhores cuidados de saúde; melhor ensino; oportunidades que a evolução da ciência e a tecnologia permitem - enfim, em geral estão mais bem protegidas pela sociedade do que há 50 anos.

 Apesar de tudo, repito-me. Apesar da destruição da vida e do ambiente que liga o ser humano ao chão e ao ar; do individualismo feito paradigma da vida moderna; do rompimento dos laços sociais entre os indivíduos; da destruição dos sentimentos de comunidade e de grupo, que inevitavelmente tornarão o ser humano mais frágil e com certeza mais exposto a novas formas de opressão por outros seres humanos. Um mundo onde ainda impera a submissão dos poderosos sobre os “danados” da terra.

 Escuto a ML a chamar-me. Sorridente, está a brincar com pedrinhas que guarda numa pequena garrafa que me vai mostrando como se fossem um tesouro. Está quase na hora do lanche, o cronista desperta das suas divagações filosóficas e regressa ao mundo das canções infantis. Desejando que a ML, que um dia destes fará três anos, seja sempre feliz. Ela e todos os meninos e meninas que daqui a 50 anos devem andar por aí com os netos a descobrir curvas secretas nas margens do rio. Parabéns ML!

 

 

 

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