O que me vai na (c)alma
"Continuo confuso. Lembro-me doutro tipo de agitação que se vive aqui bem perto, na Golegã, por estes dias de S. Martinho. Vou não vou... volto a olhar a estante e, ao som de Joe Jackson´s que, lá longe, não tem culpa nenhuma do que por cá se passa, opto por ficar. É o que me apetece e a poesia agradece."
Por vezes sou assim. Quando uns saltam, eu sento-me. Quando uns gritam, eu calo-me.
Ouço que se vive um momento histórico. Que, pela primeira vez, a soma das partes vale mais que o seu todo e que o menor múltiplo comum será o máximo. Assim seja. Mas temo e tremo com um misto de sensações díspares.
Num tempo de paixões extremadas e exacerbadas, talvez prefira o deleite da poesia.
Vou à estante, puxo uma lombada já desgastada: “Nós Portugueses Somos Castos”. Pedro Homem de Mello, num dos seus belos livros de poemas com que nos foi brindando ao longo do tempo, deixa-nos a páginas tantas os seus “Fantasmas”:
“...Os homens correm? – Deixá-los
Ir atrás do seu desejo!
E os cavalos
Que não vejo?
Volta sempre a madrugada.
Volta, sempre, tarde ou cedo...
O que alonga a nossa estrada?
- O medo...”
Não sei se o poeta se referia apenas à pureza da alma, se a algo mais do que isso. Talvez a resposta estivesse, algures, naquele apaixonante mundo em que vivia, no convento de Cabanas, em Afife.
Bem mais cedo, já Régio nos alertara para a dialética da natureza humana nos seus “Poemas de Deus e do Diabo”, livro com o qual resolvera anunciar a sua presença na cena literária. Releio “Cântico Negro”:
“...Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: «vem por aqui?»...”
Recorro agora a Eugénio de Andrade e à sua eterna ligação entre o Homem e a Natureza. Procuro “As Mãos e os Frutos”. Reencontro-o acabrunhado:
“... Onde me levas, rio que cantei,
Esperança destes olhos que molhei
De pura solidão e desencanto?
Onde me levas?, que me custa tanto!...”
Então, entre os fantasmas de Mello, os frutos de Eugénio e o diabo de Régio, emerge bruscamente a genialidade de O’Neill na sua “A História da Moral”:
“... Você tem-me cavalgado,
Seu safado!
Você tem-me cavalgado,
Mas nem por isso me pôs
A pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
Outra quem está a montá-lo...”
Continuo confuso. Lembro-me doutro tipo de agitação que se vive aqui bem perto, na Golegã, por estes dias de S. Martinho. Vou não vou... volto a olhar a estante e, ao som de Joe Jackson´s que, lá longe, não tem culpa nenhuma do que por cá se passa, opto por ficar. É o que me apetece e a poesia agradece.
Percebem agora o meu estado de(c)alma?...
(Adelino Correia-Pires, Novembro 2015)
O que me vai na (c)alma
Continuo confuso. Lembro-me doutro tipo de agitação que se vive aqui bem perto, na Golegã, por estes dias de S. Martinho. Vou não vou... volto a olhar a estante e, ao som de Joe Jackson´s que, lá longe, não tem culpa nenhuma do que por cá se passa, opto por ficar. É o que me apetece e a poesia agradece.
Por vezes sou assim. Quando uns saltam, eu sento-me. Quando uns gritam, eu calo-me.
Ouço que se vive um momento histórico. Que, pela primeira vez, a soma das partes vale mais que o seu todo e que o menor múltiplo comum será o máximo. Assim seja. Mas temo e tremo com um misto de sensações díspares.
Num tempo de paixões extremadas e exacerbadas, talvez prefira o deleite da poesia.
Vou à estante, puxo uma lombada já desgastada: “Nós Portugueses Somos Castos”. Pedro Homem de Mello, num dos seus belos livros de poemas com que nos foi brindando ao longo do tempo, deixa-nos a páginas tantas os seus “Fantasmas”:
“...Os homens correm? – Deixá-los
Ir atrás do seu desejo!
E os cavalos
Que não vejo?
Volta sempre a madrugada.
Volta, sempre, tarde ou cedo...
O que alonga a nossa estrada?
- O medo...”
Não sei se o poeta se referia apenas à pureza da alma, se a algo mais do que isso. Talvez a resposta estivesse, algures, naquele apaixonante mundo em que vivia, no convento de Cabanas, em Afife.
Bem mais cedo, já Régio nos alertara para a dialética da natureza humana nos seus “Poemas de Deus e do Diabo”, livro com o qual resolvera anunciar a sua presença na cena literária. Releio “Cântico Negro”:
“...Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: «vem por aqui?»...”
Recorro agora a Eugénio de Andrade e à sua eterna ligação entre o Homem e a Natureza. Procuro “As Mãos e os Frutos”. Reencontro-o acabrunhado:
“... Onde me levas, rio que cantei,
Esperança destes olhos que molhei
De pura solidão e desencanto?
Onde me levas?, que me custa tanto!...”
Então, entre os fantasmas de Mello, os frutos de Eugénio e o diabo de Régio, emerge bruscamente a genialidade de O’Neill na sua “A História da Moral”:
“... Você tem-me cavalgado,
Seu safado!
Você tem-me cavalgado,
Mas nem por isso me pôs
A pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
Outra quem está a montá-lo...”
Continuo confuso. Lembro-me doutro tipo de agitação que se vive aqui bem perto, na Golegã, por estes dias de S. Martinho. Vou não vou... volto a olhar a estante e, ao som de Joe Jackson´s que, lá longe, não tem culpa nenhuma do que por cá se passa, opto por ficar. É o que me apetece e a poesia agradece.
Percebem agora o meu estado de(c)alma?...
(Adelino Correia-Pires, Novembro 2015)
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