Gatos
Opinião » 2020-11-21 » Rui Anastácio"A liberdade de expressão e de livre pensamento é a rainha da democracia. Deveria ser intocável"
A “Rosa dos Gatos” foi uma das personagens que habitou a minha infância. Na verdade a minha infância foi habitada por uma miríade de personagens. Escolhi a Rosa não sei bem porquê.
A Rosa alimentava vinte gatos, tinha muito mau feitio para as crianças mas um imenso amor pelos gatos. Na “estação das fisgas”, os pobres gatos sofriam muito connosco. Havia uma estação de tudo, do pião, da carica, do berlinde, dos cowboys, depois vinha o carnaval e a loucura das bombas que faziam voar latas de salsichas.
Hoje o mundo está mais uniformizado, é mais difícil encontrar nele as personagens da minha infância. Temos cada vez mais regras, bebemos os mesmos conteúdos, criámos códigos de uniformização. Parece ser um mundo mais democrático mas por vezes tenho dúvidas.
A liberdade de expressão e de livre pensamento é a rainha da democracia. Deveria ser intocável. Todos os dias, todos nós lhe deveríamos fazer uma vénia e reconhecer a nossa humildade. Frequentemente vejo germinar focos de intolerância, de desrespeito pela sagrada opinião de cada um.
Perdemos o prazer das sociedades plurais. Não só não queremos personagens estranhas, como também não queremos ideias estranhas. Entenda-se por ideia estranha uma ideia diferente da nossa.
A coisa é levada ao extremo quando aparecem ideias que colocam em causa interesses instalados. Nesse caso, as ideias até podem não ser estranhas. Basta que sejam ideias, simples ideias.
Aí, os donos do pequeno mundo local, ficam inquietos, com aquele nervoso miudinho de quem não quer sequer ouvir falar de ideias. Afinal, o mundo está tão perfeito. Porque raio alguém se lembrará de agitar as águas?
É então que começam as terríveis perseguições. Passamos para a gestão pelo medo e alguns acabam a desonrar os seus avós. Todos nós assistimos a algo parecido nos nossos pequenos universos.
À “Rosa dos Gatos”, alguns chamavam “Rosa Babosa”. Há nomes que não se devem desperdiçar com a Rosa, nem talvez com ninguém, por mais que, por vezes, não nos falte vontade.
Gatos
Opinião » 2020-11-21 » Rui AnastácioA liberdade de expressão e de livre pensamento é a rainha da democracia. Deveria ser intocável
A “Rosa dos Gatos” foi uma das personagens que habitou a minha infância. Na verdade a minha infância foi habitada por uma miríade de personagens. Escolhi a Rosa não sei bem porquê.
A Rosa alimentava vinte gatos, tinha muito mau feitio para as crianças mas um imenso amor pelos gatos. Na “estação das fisgas”, os pobres gatos sofriam muito connosco. Havia uma estação de tudo, do pião, da carica, do berlinde, dos cowboys, depois vinha o carnaval e a loucura das bombas que faziam voar latas de salsichas.
Hoje o mundo está mais uniformizado, é mais difícil encontrar nele as personagens da minha infância. Temos cada vez mais regras, bebemos os mesmos conteúdos, criámos códigos de uniformização. Parece ser um mundo mais democrático mas por vezes tenho dúvidas.
A liberdade de expressão e de livre pensamento é a rainha da democracia. Deveria ser intocável. Todos os dias, todos nós lhe deveríamos fazer uma vénia e reconhecer a nossa humildade. Frequentemente vejo germinar focos de intolerância, de desrespeito pela sagrada opinião de cada um.
Perdemos o prazer das sociedades plurais. Não só não queremos personagens estranhas, como também não queremos ideias estranhas. Entenda-se por ideia estranha uma ideia diferente da nossa.
A coisa é levada ao extremo quando aparecem ideias que colocam em causa interesses instalados. Nesse caso, as ideias até podem não ser estranhas. Basta que sejam ideias, simples ideias.
Aí, os donos do pequeno mundo local, ficam inquietos, com aquele nervoso miudinho de quem não quer sequer ouvir falar de ideias. Afinal, o mundo está tão perfeito. Porque raio alguém se lembrará de agitar as águas?
É então que começam as terríveis perseguições. Passamos para a gestão pelo medo e alguns acabam a desonrar os seus avós. Todos nós assistimos a algo parecido nos nossos pequenos universos.
À “Rosa dos Gatos”, alguns chamavam “Rosa Babosa”. Há nomes que não se devem desperdiçar com a Rosa, nem talvez com ninguém, por mais que, por vezes, não nos falte vontade.
As eleições e o triunfo do pensamento mágico - jorge carreira maia » 2024-04-10 » Jorge Carreira Maia Existe, em Portugal, uma franja pequena do eleitorado que quer, deliberadamente, destruir a democracia, não suporta os regimes liberais, sonha com o retorno ao autoritarismo. Ao votar Chega, fá-lo racionalmente. Contudo, a explosão do eleitorado do partido de André Ventura não se explica por esse tipo de eleitores. |
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
» 2024-04-10
» Jorge Carreira Maia
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