Olha, a gaivota! Olha a gaivota!
"Eu bem que tinha feito muitos planos para as férias. Queria fazer de tudo um pouco: dormir muito; ler muito"
As ideias estão ainda de férias. Se a palavra não fosse tão feia, eu até a utilizaria mais – procrastinação. Meu Deus, que palavra horrível para dizer apenas que se anda com preguiça, sem vontade, a adiar o que tem de ser feito. Meu Deus, como eu procrastino! E como me aflijo desta aflição que a procrastinação me cria.
Então, nada melhor do que lembrar! Olha, a gaivota! E isto é diferente de “Olha a gaivota!”. Pois, foi assim que surgiu e se marcou um momento das férias.
As férias, neste ano, vieram numa altura em que, claramente, eram necessárias. Sê-lo-ão sempre, mas há anos em que as não há, há anos em que não se sente tanto a sua falta e haverá quem nunca saiba o que são férias. Haverá de tudo. Mas, as minhas, neste ano, vieram numa altura em que eu bem precisava. Precisava cortar com o espaço - físico, social e psicológico.
Assim, munida do que parecia imprescindível, lá parti (até parece que foi para muito longe, mas não!). Fui acompanhada de dois sobrinhos – ainda crianças, mas não o suficiente para darem muito trabalho e pelo menos já é possível fazer com eles boa conversa, algo de que gosto muito e tenho dificuldade de prescindir quando estou com gente. Até porque a boa conversa está cada vez mais difícil. Difícil de tudo, de encontrar, de promover, de fazer, de tudo...
Juntou-se, mais tarde, a nós a minha filha. E com ela é que são verdadeiras férias, porque me sinto amparada e parece que há uma transferência do meu peso (não literal) para ela. E ela conhece-me muito bem. É bom quando temos alguém que nos conhece assim, porque se evitam muitas perdas de tempo em entendimentos ou à procura deles. E é nessa altura que as conversas são mesmo melhores.
Eu bem que tinha feito muitos planos para as férias. Queria fazer de tudo um pouco: dormir muito; ler muito; passear muito; aproveitar bem a praia e a piscina. Mas como é que se pode fazer tanto em tão pouco tempo? Até levei comigo os livros para a minha leitura e para a leitura dos meus sobrinhos. Esta minha ideia é que deveria ter ido de férias. Um saco repleto de livros para férias! Onde é que já se viu isto? Só no tempo da Maria Cachucha. E esses tempos estão muito longe, para bem de umas coisas e para mal de outras.
“Ó tia, tem calma!”, dizia-me o rapaz que não avançava além das quinze páginas de “Ulisses”, de Maria Alberta Menéres. Pois. E ele ainda tinha mais dois para ler que eu, cheia de boas intenções, tinha levado. A rapariga tinha “O ano da morte de Ricardo Reis”, de Saramago, mas tinha de ser. Eu até levei “Jangada de Pedra”, para reler e ser solidária na leitura do autor. Mas as primeiras vinte páginas que ela leu até lá foram sem problemas, o pior foi quando a rapariga encontrou a sua professora de Português, em plena praia, que, quando soube das minhas planificações, lhe disse (e a mim também) que aquilo não se fazia...
Pronto. Assim, resolvi contar ao rapaz a história de Ulisses, a seguir veio a de Aquiles e outros heróis, uns gregos e outros troianos. O rapaz até me perguntou o que tinha a ver o Aquiles com o tendão. Ora, como se vê, até foi boa esta conversa. Foi bom contar estas histórias todas, de que eu gosto tanto, e cada vez tenho menos ouvidinhos disponíveis para as reterem. Até disse que qualquer dia lhes contaria a história de uma rapariga, heroína fantástica, que eu aprecio particularmente pela sua coragem, força e capacidade de desafiar aquilo que não considerava justo ou correto, a Antígona. Até que ouvi: “Para (leia-se pára), mãe, estamos de férias!”. (...) Isso mesmo. Fiquei em pausa. (...) A seguir, eu, que já me havia queixado de não ter visto ainda gaivotas, voltei a ouvir: “Olha, uma gaivota! Olha a gaivota!”. Pois claro que olhei e lembrei-me logo foi do Fernão Capelo Gaivota. Mas já não me atrevi a contar a história às “crianças”! Afinal, estávamos de férias!
Olha, a gaivota! Olha a gaivota!
Eu bem que tinha feito muitos planos para as férias. Queria fazer de tudo um pouco: dormir muito; ler muito
As ideias estão ainda de férias. Se a palavra não fosse tão feia, eu até a utilizaria mais – procrastinação. Meu Deus, que palavra horrível para dizer apenas que se anda com preguiça, sem vontade, a adiar o que tem de ser feito. Meu Deus, como eu procrastino! E como me aflijo desta aflição que a procrastinação me cria.
Então, nada melhor do que lembrar! Olha, a gaivota! E isto é diferente de “Olha a gaivota!”. Pois, foi assim que surgiu e se marcou um momento das férias.
As férias, neste ano, vieram numa altura em que, claramente, eram necessárias. Sê-lo-ão sempre, mas há anos em que as não há, há anos em que não se sente tanto a sua falta e haverá quem nunca saiba o que são férias. Haverá de tudo. Mas, as minhas, neste ano, vieram numa altura em que eu bem precisava. Precisava cortar com o espaço - físico, social e psicológico.
Assim, munida do que parecia imprescindível, lá parti (até parece que foi para muito longe, mas não!). Fui acompanhada de dois sobrinhos – ainda crianças, mas não o suficiente para darem muito trabalho e pelo menos já é possível fazer com eles boa conversa, algo de que gosto muito e tenho dificuldade de prescindir quando estou com gente. Até porque a boa conversa está cada vez mais difícil. Difícil de tudo, de encontrar, de promover, de fazer, de tudo...
Juntou-se, mais tarde, a nós a minha filha. E com ela é que são verdadeiras férias, porque me sinto amparada e parece que há uma transferência do meu peso (não literal) para ela. E ela conhece-me muito bem. É bom quando temos alguém que nos conhece assim, porque se evitam muitas perdas de tempo em entendimentos ou à procura deles. E é nessa altura que as conversas são mesmo melhores.
Eu bem que tinha feito muitos planos para as férias. Queria fazer de tudo um pouco: dormir muito; ler muito; passear muito; aproveitar bem a praia e a piscina. Mas como é que se pode fazer tanto em tão pouco tempo? Até levei comigo os livros para a minha leitura e para a leitura dos meus sobrinhos. Esta minha ideia é que deveria ter ido de férias. Um saco repleto de livros para férias! Onde é que já se viu isto? Só no tempo da Maria Cachucha. E esses tempos estão muito longe, para bem de umas coisas e para mal de outras.
“Ó tia, tem calma!”, dizia-me o rapaz que não avançava além das quinze páginas de “Ulisses”, de Maria Alberta Menéres. Pois. E ele ainda tinha mais dois para ler que eu, cheia de boas intenções, tinha levado. A rapariga tinha “O ano da morte de Ricardo Reis”, de Saramago, mas tinha de ser. Eu até levei “Jangada de Pedra”, para reler e ser solidária na leitura do autor. Mas as primeiras vinte páginas que ela leu até lá foram sem problemas, o pior foi quando a rapariga encontrou a sua professora de Português, em plena praia, que, quando soube das minhas planificações, lhe disse (e a mim também) que aquilo não se fazia...
Pronto. Assim, resolvi contar ao rapaz a história de Ulisses, a seguir veio a de Aquiles e outros heróis, uns gregos e outros troianos. O rapaz até me perguntou o que tinha a ver o Aquiles com o tendão. Ora, como se vê, até foi boa esta conversa. Foi bom contar estas histórias todas, de que eu gosto tanto, e cada vez tenho menos ouvidinhos disponíveis para as reterem. Até disse que qualquer dia lhes contaria a história de uma rapariga, heroína fantástica, que eu aprecio particularmente pela sua coragem, força e capacidade de desafiar aquilo que não considerava justo ou correto, a Antígona. Até que ouvi: “Para (leia-se pára), mãe, estamos de férias!”. (...) Isso mesmo. Fiquei em pausa. (...) A seguir, eu, que já me havia queixado de não ter visto ainda gaivotas, voltei a ouvir: “Olha, uma gaivota! Olha a gaivota!”. Pois claro que olhei e lembrei-me logo foi do Fernão Capelo Gaivota. Mas já não me atrevi a contar a história às “crianças”! Afinal, estávamos de férias!
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
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