Equilíbrio entre os pratos da balança: deceção e revolta
" Tanta gente sem casa; tanta gente em fuga; tanta gente sem o mínimo para sobreviver"
Poder-se-ia pensar em algo positivo, quando se utiliza a palavra equilíbrio, mas, neste momento, o que sinto não se enquadra no campo semântico de “equilíbrio”. Esta ponderação apenas se revela na proporcionalidade entre a deceção e a revolta que me dominam, provocando um grande desequilíbrio interior. A relação é, até, de consequência: a revolta vem na sequência da deceção.
Mais uma vez, tenho tentado cultivar um espírito aberto e crente neste início de ano que, de novo, parece não ter nada. Mas a minha resiliência parece não ser nada resiliente. Mas haverá resiliência que aguente o que se vê e ouve todos os dias? Pertinho de nós, ligeiramente mais longe e longe mesmo. O mundo, estou farta de dizer e farta de escrever e, porventura, alguém farto de ler, está perigoso, muito perigoso.
Mais uma vez, hoje, ao passar os olhos por diferentes suportes informativos li que 8 empresários acumulam em riqueza o mesmo que metade da população pobre mundial, ou seja, o mesmo que têm 3,6 mil milhões de pessoas. 8 para 3600000000. Ora aqui está um enormíssimo desequilíbrio, apesar do “mesmo que…”. Até custa a dizer: 8 ricos têm o mesmo que 3,6 mil milhões de pobres.
Esta vergonha social é a progenitora de todas as vergonhas e de todos os males que grassam pelo mundo. Tanta gente sem casa; tanta gente em fuga; tanta gente sem o mínimo para sobreviver; tanta gente sem trabalho e tanta gente com tanto trabalho mal remunerado ou escravo. Tantas crianças sozinhas, abandonadas e maltratadas; tantas crianças sem acesso à educação e ao saber. Tantos conflitos; tanta competitividade; tanta desumanidade.
Esta vergonha social é que leva à falta de equidade e à falta de igualdade de oportunidades e à perpetuação das desigualdades. Nas administrações, quaisquer que elas sejam, políticas, económico-financeiras e sociais, predominantemente, existem ricos, milionários e bilionários, pessoas distantes dos problemas das pessoas, sem consciência do que são esses problemas, não logrando, por isso, resolvê-los. Ausentes de qualquer empatia. Aliás, a perpetuação desses problemas é precisamente o que lhes dá garantia de se manterem no poder e com poder.
Lembro, muitas vezes, o que o meu pai me dizia: “Filha, tão rico é aquele que lhe chega como aquele que lhe sobra”. Queria com isto dizer que era rico todo aquele que tinha o que era necessário para viver em dignidade e não havia necessidade de sobras, sobras de riqueza é sempre mais e mais riqueza. O problema é precisamente haver alguns com tantas, tantas sobras de riqueza que impedem tantos de ter apenas o que lhes chegasse para serem pessoas, para serem ricos. Porque ter para o que é preciso já é uma forma de riqueza. Não era preciso mais.
Enquanto isto persistir, enquanto os homens e as mulheres não olharem uns para os outros com respeito pela pessoa que cada um é, enquanto houver homens e mulheres que achem que têm mais direitos dos que os restantes homens e mulheres e enquanto estes restantes viverem com medo de perderem o trabalho quando o têm, medo de não arranjarem trabalho quando o não têm, viverem com medo de não conseguirem dar aos filhos o que os pais lhes devem dar, viverem com medo, medo de tudo, não haverá nunca nenhuma balança que possa traduzir o equilíbrio, mesmo que os seus pratos o simulem.
Equilíbrio entre os pratos da balança: deceção e revolta
Tanta gente sem casa; tanta gente em fuga; tanta gente sem o mínimo para sobreviver
Poder-se-ia pensar em algo positivo, quando se utiliza a palavra equilíbrio, mas, neste momento, o que sinto não se enquadra no campo semântico de “equilíbrio”. Esta ponderação apenas se revela na proporcionalidade entre a deceção e a revolta que me dominam, provocando um grande desequilíbrio interior. A relação é, até, de consequência: a revolta vem na sequência da deceção.
Mais uma vez, tenho tentado cultivar um espírito aberto e crente neste início de ano que, de novo, parece não ter nada. Mas a minha resiliência parece não ser nada resiliente. Mas haverá resiliência que aguente o que se vê e ouve todos os dias? Pertinho de nós, ligeiramente mais longe e longe mesmo. O mundo, estou farta de dizer e farta de escrever e, porventura, alguém farto de ler, está perigoso, muito perigoso.
Mais uma vez, hoje, ao passar os olhos por diferentes suportes informativos li que 8 empresários acumulam em riqueza o mesmo que metade da população pobre mundial, ou seja, o mesmo que têm 3,6 mil milhões de pessoas. 8 para 3600000000. Ora aqui está um enormíssimo desequilíbrio, apesar do “mesmo que…”. Até custa a dizer: 8 ricos têm o mesmo que 3,6 mil milhões de pobres.
Esta vergonha social é a progenitora de todas as vergonhas e de todos os males que grassam pelo mundo. Tanta gente sem casa; tanta gente em fuga; tanta gente sem o mínimo para sobreviver; tanta gente sem trabalho e tanta gente com tanto trabalho mal remunerado ou escravo. Tantas crianças sozinhas, abandonadas e maltratadas; tantas crianças sem acesso à educação e ao saber. Tantos conflitos; tanta competitividade; tanta desumanidade.
Esta vergonha social é que leva à falta de equidade e à falta de igualdade de oportunidades e à perpetuação das desigualdades. Nas administrações, quaisquer que elas sejam, políticas, económico-financeiras e sociais, predominantemente, existem ricos, milionários e bilionários, pessoas distantes dos problemas das pessoas, sem consciência do que são esses problemas, não logrando, por isso, resolvê-los. Ausentes de qualquer empatia. Aliás, a perpetuação desses problemas é precisamente o que lhes dá garantia de se manterem no poder e com poder.
Lembro, muitas vezes, o que o meu pai me dizia: “Filha, tão rico é aquele que lhe chega como aquele que lhe sobra”. Queria com isto dizer que era rico todo aquele que tinha o que era necessário para viver em dignidade e não havia necessidade de sobras, sobras de riqueza é sempre mais e mais riqueza. O problema é precisamente haver alguns com tantas, tantas sobras de riqueza que impedem tantos de ter apenas o que lhes chegasse para serem pessoas, para serem ricos. Porque ter para o que é preciso já é uma forma de riqueza. Não era preciso mais.
Enquanto isto persistir, enquanto os homens e as mulheres não olharem uns para os outros com respeito pela pessoa que cada um é, enquanto houver homens e mulheres que achem que têm mais direitos dos que os restantes homens e mulheres e enquanto estes restantes viverem com medo de perderem o trabalho quando o têm, medo de não arranjarem trabalho quando o não têm, viverem com medo de não conseguirem dar aos filhos o que os pais lhes devem dar, viverem com medo, medo de tudo, não haverá nunca nenhuma balança que possa traduzir o equilíbrio, mesmo que os seus pratos o simulem.
![]() Foi paradigmático o facto de, aquando da confirmação (pela enésima vez) da intenção do Governo em avançar com o TGV Lisboa/Porto, as únicas críticas, reparos ou protestos de autarcas da região terem tido por base a habitual choraminga do “também queremos o comboio ao pé da porta”. |
![]() Há uns meses, em circunstâncias que não vêm ao caso, tive o prazer de privar com José Luís Peixoto e a sua mulher, Patrícia Pinto. Foram dias muito agradáveis em que fiquei a conhecer um pouco da pessoa que está por trás do escritor. |
![]() Podemos dizer que um jogo de futebol sem público ou vida sem música é como um jardim sem flores. Não que um jardim sem flores deixe de ser um jardim. Acontece que, como no jogo de futebol, fica melhor se as tiver. Já se for uma sopa de feijão com couves que não tenha couves, a comparação com o jardim sem flores não funciona, pela singela razão de que uma sopa de feijão com couves que não tenha couves, sendo ainda sopa, sopa de feijão com couves não é de certeza. |
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![]() A arte pode dividir-se em dois grandes grupos. A arte comercial e a arte não comercial. A não comercial, por se reger pela criatividade, originalidade, inovação, profundidade, talento e virtuosismo, acaba por ser a produtora de matéria-prima para a arte comercial, regida essa pelas leis de mercado. |
![]() O sector dos resíduos sólidos urbanos esteve recentemente na agenda mediática devido à revolta das populações que vivem perto dos aterros onde são depositados, pois assistem à constante degradação da sua qualidade de vida. |
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O nosso maior desejo era fechar a porta a 2020 e abrir, com toda a esperança, a janela a 2021. E assim foi. Com música, alegria, festarola e fogo de artifício, tudo com peso e medida, pois havia regras a cumprir. |
![]() Finalmente 2021. Depois de um ano em que mais do que vivermos, fomos meros espectadores, fantoches num autêntico teatro de sombras, com passos e passeatas manipulados por entre margens e manobras de cordelinhos, chegámos a 2021. E chegámos, como em qualquer ano novo, com vontade de mudar, de fazer planos, resoluções que acabaremos por abandonar antes do Carnaval. |
![]() O ano de 2020 não foi fácil. A pandemia desestruturou os nossos hábitos e começou a desfazer a relação tradicional que tínhamos com a vida. Introduziu a incerteza nas decisões, o medo nos comportamentos, o afastamento entre pessoas. |
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Paul do Boquilobo - Inês Vidal |
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2021: uma vida que afaste a morte - inês vidal |
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