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Coltur… Quoltur… Coultur… Hábito - carlos paiva

Opinião  »  2021-01-10  »  Carlos Paiva

"A mesma matéria-prima e os mesmos processos resultam sempre no mesmo produto"

A arte pode dividir-se em dois grandes grupos. A arte comercial e a arte não comercial. A não comercial, por se reger pela criatividade, originalidade, inovação, profundidade, talento e virtuosismo, acaba por ser a produtora de matéria-prima para a arte comercial, regida essa pelas leis de mercado. Por vezes, o contrário também acontece. Um objecto artístico nascido na arte comercial pode eventualmente deixar a sua marca na arte não comercial por mérito próprio, ou seja, por se evidenciar obedecendo aos mesmos parâmetros. Mesmo que seja um flop de vendas (habitualmente, é). Não são universos estanques. A criação pura e livre, verdadeiramente independente, isenta de objectivos financeiros, também precisa de pôr pão na mesa, daí a necessidade de mecenato. Ou acontecem os diversos exemplos históricos de génios que morreram na miséria por ousarem criar como actividade exclusiva, sem qualquer apoio. Para junto de uma gravitam as mentes curiosas, irrequietas e muitas vezes irreverentes, para junto da outra o consumo descartável, superficial e frívolo. Mas ambas constituem cultura. E a cultura, por definição, tem de ser cultivada.

Um sistema fechado produz sempre os mesmos resultados. A mesma matéria-prima e os mesmos processos resultam sempre no mesmo produto. Para um resultado diferente, ou se altera a matéria-prima ou se alteram os processos. Uma sociedade ou civilização que não incorpora o novo, o diferente, não evolui e está condenada a perecer. Quanto mais não seja, de tédio. Apostar tudo na arte comercial, dar ao povo aquilo que o povo quer, em detrimento do novo, diferente, mesmo que estranho e desconfortável à primeira vista, é o mesmo paradigma. É fechar o sistema. No imediato é imensamente popular, é a zona de conforto da maioria, mas, no longo prazo conduz à asfixia intelectual generalizada. Tirando algumas raras e honrosas excepções que exibem um amor enorme à camisola e um sentido admirável de dever cívico, é aqui que a oferta cultural torrejana está. Os critérios de selecção são claramente simples. Resumem-se a escolher qualquer coisa que tenha aparecido num qualquer programa da manhã na TV, apresentando-o como conteúdo de elevado valor cultural à populaça que o engole sem ser preciso mastigar. Viva a festarola.

Na mesa ao lado, um grupo de fans de Stockhausen, após devorar uma sandes de porco no espeto e vários jarros de sangria, fica trinta minutos em silêncio com um sorriso nos lábios. No fim, batem palmas que nem loucos. Lá mais ao fundo noutra mesa, seis imperiais em copo de plástico e dois pães com chouriço quentinhos animam uma acalorada discussão acerca de Vertov e a influência do construtivismo soviético nas técnicas de montagem e edição actuais. No tabuleiro da praça, alguém já bastante alcoolizado tenta reproduzir um Basquiat com cálices de chocolate da ginginha de Óbidos. Ébrios da cultura que têm, desdenham a cultura que não têm, sem reflectir sobre a cultura que querem ter.

É frequente ouvir dizer que “em equipa que vence, não se mexe”. Pois… Mas o problema é que o campeonato onde esta equipa vence é o campeonato da aldeola. E Torres Novas já é cidade há uns anitos.

 

 

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