Warning: file_get_contents(http://api.facebook.com/restserver.php?method=links.getStats&urls=jornaltorrejano.pt%2Fopiniao%2Fnoticia%2F%3Fn-cc3eb8d8): failed to open stream: HTTP request failed! HTTP/1.1 400 Bad Request in /htdocs/public/www/inc/inc_pagina_noticia.php on line 148
Jornal Torrejano
 • SOCIEDADE-  • CULTURA  • DESPORTO  • OPINIÃO
  Sexta, 18 Julho 2025    •      Directora: Inês Vidal; Director-adjunto: João Carlos Lopes    •      Estatuto Editorial    •      História do JT
   Pesquisar...
Seg.
 27° / 14°
Céu limpo
Dom.
 28° / 16°
Períodos nublados com chuva fraca
Sáb.
 27° / 17°
Períodos nublados
Torres Novas
Hoje  28° / 16°
Céu nublado
       #Alcanena    #Entroncamento    #Golega    #Barquinha    #Constancia 

A Mala

Opinião  »  2018-03-08  »  José Ricardo Costa

"O tempo não parou e o milénio passou a ser o nosso enquanto a história esfrega um olho"

É uma das mais poderosas e iconográficas imagens do século XX português: homens, mulheres, crianças, carregando malas enormes e pesadas para dentro do Sud Expresso, rumo a Paris, exalando aquela pobreza granítica do quadro O Almoço do Trolha, de Júlio Pomar. Pessoas entre a humildade e a miséria de uma analfabética vida sem história, muitas sem nunca terem visto o mar num país que foi à beira-mar plantado ou alguma vez pisado a capital do império, sendo antes este a tê-las pisado toda a vida. Aquelas malas enormes e pesadas são muito mais do que malas: são uma vida levada aos ombros, desde a pobre aldeia portuguesa até aos esgotos sombrios da cidade-luz.

Fiz três vezes o Sud Express, duas antes do 25 de Abril e outra no Verão de 74. Faz bastante tempo, a minha idade era pouca, mas lembro-me bem das grandes malas mas também de sacos, saquinhos e sacolas, com batatas, enchidos, queijos, garrafões de vinho ou azeite lá da terra. Ao longo de dois longos dias numa carruagem onde se conversava, comia e, depois, à noite, também se dormia, e no meio de toda aquela tralha, respirava-se uma homérica atmosfera de viagem, uma experiência de transfiguração social, com a Espanha a fazer de mar informe entre uma Ítaca que ficou para trás e o desconhecido mas sem qualquer doce Penélope para cujos braços voltar, apenas uma esquelética miséria para esquecer de vez.

Hoje, embora também já sejamos um país de imigrantes, continuamos a ser um país de emigrantes. Porém, nada que ver com os míticos avós dos anos 60, os quais ainda eram filhos das personagens de As Vinhas da Ira em busca das belas laranjeiras da Califórnia. O modo como viajam hoje os novos emigrantes, já não para se atolarem nos esgotos de Paris mas para as simplesmente modestas periferias de Londres, Frankfurt, Amsterdão ou Copenhaga, faz-me lembrar a primeira das seis conferências de Italo Calvino, em Harvard, no longínquo ano de 1984, intitulada “Leveza”, reunidas num livro chamado “Seis propostas para o próximo milénio”.

O tempo não parou e o milénio passou a ser o nosso enquanto a história esfrega um olho. A primeira ideia que me vem à cabeça ao pensar na emigração dos nossos millennials é a de “leveza”. O lento Sud Expresso, carregado de batatas, enchidos, azeite e muita angústia, deu lugar a voos low cost da Ryanair ou da Easyjet, levando pelo ar jovens que falam Inglês e há muito conectados ao mundo, demorando o mesmo que uma singela viagem de comboio entre Lisboa e Aveiro. Entretanto, o bidonville lá no esgoto de Paris, deu lugar a um apartamento com wi-fi, onde, a todo o momento, via facebook, whatsapp, skype ou chamadas já sem roaming, se está ligado a todo o mundo e a qualquer hora.

Mas são as malas. São as malas, de porão ou cabine, com as suas pueris rodinhas, que nos dão o sentido da história. Em vez de trágicos sísifos, carregando enormes e pesados rochedos, temos jovens deambulando em assépicos e climatizados aeroportos, com phones nos ouvidos, telemóvel na mão direita e mão esquerda a fazer deslizar uma mala com rodinhas, o que até pode ser feito com as pontas dos dedos. O emigrante de hoje faz lembrar as criancinhas da escola primária em dia de visita de estudo, levando a sua mochila de rodinhas com o seu lanchinho para comer a meio da manhã. Como ousaria pensar o velho Paracelso, os sísifos de outrora transformaram-se nas sílfides de hoje.

Felizmente, convenhamos.

 

 

 Outras notícias - Opinião


O meu projecto eleitoral para a autarquia »  2025-07-08  »  António Mário Santos

Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias.
(ler mais...)


O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA »  2025-07-08  »  José Alves Pereira

O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo.
(ler mais...)


Inteligência artificial »  2025-07-08  »  Acácio Gouveia

“Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre”

Leonardo da Vinci

 

Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz.
(ler mais...)


Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais »  2025-07-03  »  Jorge Carreira Maia

 

Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita.
(ler mais...)


Encontros »  2025-06-06  »  Jorge Carreira Maia

Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega.
(ler mais...)


Os fraudulentos - acácio gouveia »  2025-05-17  »  Acácio Gouveia

"Hire a clown, get a circus" *

Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades.
(ler mais...)


Um novo Papa - jorge carreira maia »  2025-05-17 

A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista.
(ler mais...)


Muito mais contrariedades tive... »  2025-05-12  »  Hélder Dias

Z?... »  2025-05-12  »  Hélder Dias

Trump... Papa?? »  2025-05-08  »  Hélder Dias
 Mais lidas - Opinião (últimos 30 dias)
»  2025-07-08  »  António Mário Santos O meu projecto eleitoral para a autarquia
»  2025-07-03  »  Jorge Carreira Maia Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais
»  2025-07-08  »  José Alves Pereira O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA
»  2025-07-08  »  Acácio Gouveia Inteligência artificial