Venham mais vinte cinco, por Inês Vidal
"Estamos cada vez mais prontos, como se estivéssemos a começar agora mas já sabendo tudo, para mais vinte cinco."
Não deixa de ser curioso o facto de festejarmos 25 anos com a produção de uma revista. Numa altura em que já ninguém lê - muito menos jornais, mesmo os regionais e, dentro destes, menos ainda os que não anunciam nascimentos, casamentos e funerais - produzir ainda mais uma revista tem algo de irónico. Se já 16 ou 20 páginas de quinze em quinze dias, sem crimes esboçados em letras garrafais, fake news ou jornalismo chiclet – aquele que se mastiga e deita fora como diz a música – parece difícil arranjar quem leia, quanto mais este calhamaço. Ainda por cima quando o tema é apenas um: a grandiosa faceta de aguentar 25 anos como jornal independente, contra tudo e contra muitos, num círculo onde nem sempre a independência é bem vista. Mas o que havemos de dizer em nossa defesa? Só sabemos fazer isto. E, pior, é isto que queremos e gostamos de fazer.
Cheguei a este jornal, o único da minha vida, em 2003. Tinha eu 22 anos. Menos do que aqueles que hoje festejamos. O Jornal Torrejano, nesta sua segunda série, completava então 9. Não é preciso muito para perceber que a minha história enquanto jornalista se confunde com a própria história do jornal. Não conheci outra casa, outro dono, outro professor. Já o mesmo não se pode dizer do Jornal Torrejano, puzzle perfeito de todos os que aqui passaram, mas cuja história ultrapassa em muito a daqueles que com ele se cruzaram. E já foram alguns ao longo destas duas décadas e meia.
Aqui aprendi a escrever, a ver, a ler nas entrelinhas. Aqui me fiz jornalista, recebi os meus melhores elogios e as minhas maiores críticas. Aqui fui cuspida na rua por quem não concordava comigo e publicamente enxovalhada por dizer o que pensava e o que apenas acontecia. Descobri, da pior maneira, que a verdade é o caminho mais difícil. Mas fui aguentando, sem cedências, porque aqui me ensinaram que o nosso papel é este, que nem todos vão gostar. Mas, doa a quem doer, inclusive a nós, temos obrigação de o continuar a fazer. De forma digna e de cabeça erguida.
Fazer jornais tem que se lhe diga. É difícil agradar a todos, é mais fácil ser bode expiatório quando poucos entendem que somos apenas o mensageiro. Um mensageiro que se atreve a questionar, porque o papel de um jornal não é apenas noticiar. É fazer pensar. Mas, mais difícil ainda, é fazer jornais independentes. A falta de um grupo que nos suporte, nos justifique e que nos defenda, muito atrapalha a tarefa. Mas quem nos conhece sabe que não nos imaginamos de outra forma. Obedecer sem questionar não é o jornalismo que queremos para nós e para os nossos. Nunca foi e continuará a não ser.
Completamos vinte cinco anos num ano que muito nos entristece, porque não podemos festejar com todos os que estiveram connosco desde o início, mas é bom ver e bom de ver que a motivação que nos trouxe aqui continua a fazer sentido para todos os que se envolvem na produção deste jornal.
Há dias um amigo, militante assumido do PCP, contava-me que enquanto colava um cartaz do partido, alguém que passava dizia: “Estes levaram tareia da grande, mas não desistem”. Numa comparação à devida escala, que vale o que vale e que me vai custar dezenas de críticas por aí, assim estamos nós. Vivemos há mais de duas décadas sozinhos, filhos de um boicote que não entendemos, porque não concebemos que a verdade possa ter um preço. Mas aqui estamos, entre amigos, a festejar vinte cinco anos e a avisar que estamos cada vez mais prontos, como se estivéssemos a começar agora mas já sabendo tudo, para mais vinte cinco.
Venham mais vinte cinco, por Inês Vidal
Estamos cada vez mais prontos, como se estivéssemos a começar agora mas já sabendo tudo, para mais vinte cinco.
Não deixa de ser curioso o facto de festejarmos 25 anos com a produção de uma revista. Numa altura em que já ninguém lê - muito menos jornais, mesmo os regionais e, dentro destes, menos ainda os que não anunciam nascimentos, casamentos e funerais - produzir ainda mais uma revista tem algo de irónico. Se já 16 ou 20 páginas de quinze em quinze dias, sem crimes esboçados em letras garrafais, fake news ou jornalismo chiclet – aquele que se mastiga e deita fora como diz a música – parece difícil arranjar quem leia, quanto mais este calhamaço. Ainda por cima quando o tema é apenas um: a grandiosa faceta de aguentar 25 anos como jornal independente, contra tudo e contra muitos, num círculo onde nem sempre a independência é bem vista. Mas o que havemos de dizer em nossa defesa? Só sabemos fazer isto. E, pior, é isto que queremos e gostamos de fazer.
Cheguei a este jornal, o único da minha vida, em 2003. Tinha eu 22 anos. Menos do que aqueles que hoje festejamos. O Jornal Torrejano, nesta sua segunda série, completava então 9. Não é preciso muito para perceber que a minha história enquanto jornalista se confunde com a própria história do jornal. Não conheci outra casa, outro dono, outro professor. Já o mesmo não se pode dizer do Jornal Torrejano, puzzle perfeito de todos os que aqui passaram, mas cuja história ultrapassa em muito a daqueles que com ele se cruzaram. E já foram alguns ao longo destas duas décadas e meia.
Aqui aprendi a escrever, a ver, a ler nas entrelinhas. Aqui me fiz jornalista, recebi os meus melhores elogios e as minhas maiores críticas. Aqui fui cuspida na rua por quem não concordava comigo e publicamente enxovalhada por dizer o que pensava e o que apenas acontecia. Descobri, da pior maneira, que a verdade é o caminho mais difícil. Mas fui aguentando, sem cedências, porque aqui me ensinaram que o nosso papel é este, que nem todos vão gostar. Mas, doa a quem doer, inclusive a nós, temos obrigação de o continuar a fazer. De forma digna e de cabeça erguida.
Fazer jornais tem que se lhe diga. É difícil agradar a todos, é mais fácil ser bode expiatório quando poucos entendem que somos apenas o mensageiro. Um mensageiro que se atreve a questionar, porque o papel de um jornal não é apenas noticiar. É fazer pensar. Mas, mais difícil ainda, é fazer jornais independentes. A falta de um grupo que nos suporte, nos justifique e que nos defenda, muito atrapalha a tarefa. Mas quem nos conhece sabe que não nos imaginamos de outra forma. Obedecer sem questionar não é o jornalismo que queremos para nós e para os nossos. Nunca foi e continuará a não ser.
Completamos vinte cinco anos num ano que muito nos entristece, porque não podemos festejar com todos os que estiveram connosco desde o início, mas é bom ver e bom de ver que a motivação que nos trouxe aqui continua a fazer sentido para todos os que se envolvem na produção deste jornal.
Há dias um amigo, militante assumido do PCP, contava-me que enquanto colava um cartaz do partido, alguém que passava dizia: “Estes levaram tareia da grande, mas não desistem”. Numa comparação à devida escala, que vale o que vale e que me vai custar dezenas de críticas por aí, assim estamos nós. Vivemos há mais de duas décadas sozinhos, filhos de um boicote que não entendemos, porque não concebemos que a verdade possa ter um preço. Mas aqui estamos, entre amigos, a festejar vinte cinco anos e a avisar que estamos cada vez mais prontos, como se estivéssemos a começar agora mas já sabendo tudo, para mais vinte cinco.
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![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
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![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
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