Época balnear
Opinião » 2018-08-15 » António Gomes"Não encontrei grandes alterações, apenas uma subtileza, ou se calhar uma mania de implicar… "
Na época balnear, o primeiro dia de visita à praia é sempre assim: quais são as novidades? A organização da coisa - os espaços para estacionamento, os acessos à dita, o espaço para arear… tudo na mesma, pouco mudou ou pelo contrário, grandes mudanças? Isto para quem vai sempre para o mesmo local… parece que não sabemos outro caminho, é prá li e pronto.
Não encontrei grandes alterações, apenas uma subtileza, ou se calhar uma mania de implicar… Há poucos anos, a praia era uma liberdade total, imenso areal, sem constrangimentos, era chegar e estender a toalha e colocar o chapéu onde nos apetecesse, prá esquerda, prá direita, centenas de metros pró povo aproveitar a quinzena.
Há três anos houve grandes novidades: um restaurante próximo todo acolhedor, um belo passadiço até à areia e claro no final do passadiço, à esquerda cem metros de chapéus e respetivas espreguiçadeiras, privatizaram (privatizar não se pode dizer, é muito esquerdista, concessionaram) cem metros de praia, até nem ficou mal e a malta tem direito ao descanso sem ter que ir com o carrego do chapéu, das cadeiras, etc., ficaram lá várias centenas de metros, prá malta escolher onde plantar o chapéu.
O ano passado a novidade é que tinham privatizado (concessionado) mais cem metros para a direita. Ok, faz-se esse esforço e andamos cem metros com o chapéu às costas e a respetiva cadeira, mais uns utensílios para a pequenada, se for o caso. A praia fica mais in como parece ser moda agora, dá um ar mais arrumado e até tem os vigilantes que zelam pela segurança da malta.
Este ano, acrescentaram mais 50 metros à concessão do lado direito (privatização fica mesmo mal…) e assim lá afastaram a malta que carrega os chapéus e as cadeiras um pouco mais para lá. É certo que deixaram no meio, entre a concessão da esquerda e da direita um espaço, de uns 10 metros, ou talvez quinze para não cometer uma injustiça, para os carregadores do chapéu e da cadeira. Rapidamente este espaço ficou lotado, como é de prever, mas o que conta é que aquele espaço está lá, não venham dizer que privatizámos tudo (privatizámos, lá está outra vez a palavra…), a democracia não foi esquecida a praia é para todos e todas, mais para uns que para outros, mas o que é que querem?
Esta coisa lembrou-me logo o episódio do início de Agosto, que animou a malta “do face”, a gentrificação, devem estar lembrados.
Outro episódio que também me veio logo à memória (vá se lá saber porquê, apanhamos estes vícios em pequeninos e depois é o que se vê) mesmo calibre, passou-se cá no burgo com a história dos precários na câmara municipal. Os trabalhadores mais qualificados, lá se conseguiu, fez-se um esforço para passarem aos quadros do município, está certo, é justo, mas quanto aos e às trabalhadoras da limpeza, a coisa já não foi assim, têm de continuar precários e mal pagos, o esforço já não é possível.
A praia até estava agradável, a água fria, o pessoal queixa-se, mas como é que querem que se aqueça tanta água? Não se pode exigir tudo do governo… O pessoal é muito exigente.
Um grupo de homens, julgo que emigrantes do norte de África, tentava fazer pela vida: o produto eram as toalhas, mas pelo que pude observar, o negócio não deu prá bucha. Tempos difíceis, principalmente para quem tenta a sorte noutras paragens.
Para primeiro dia, não foi nada mal.
Época balnear
Opinião » 2018-08-15 » António GomesNão encontrei grandes alterações, apenas uma subtileza, ou se calhar uma mania de implicar…
Na época balnear, o primeiro dia de visita à praia é sempre assim: quais são as novidades? A organização da coisa - os espaços para estacionamento, os acessos à dita, o espaço para arear… tudo na mesma, pouco mudou ou pelo contrário, grandes mudanças? Isto para quem vai sempre para o mesmo local… parece que não sabemos outro caminho, é prá li e pronto.
Não encontrei grandes alterações, apenas uma subtileza, ou se calhar uma mania de implicar… Há poucos anos, a praia era uma liberdade total, imenso areal, sem constrangimentos, era chegar e estender a toalha e colocar o chapéu onde nos apetecesse, prá esquerda, prá direita, centenas de metros pró povo aproveitar a quinzena.
Há três anos houve grandes novidades: um restaurante próximo todo acolhedor, um belo passadiço até à areia e claro no final do passadiço, à esquerda cem metros de chapéus e respetivas espreguiçadeiras, privatizaram (privatizar não se pode dizer, é muito esquerdista, concessionaram) cem metros de praia, até nem ficou mal e a malta tem direito ao descanso sem ter que ir com o carrego do chapéu, das cadeiras, etc., ficaram lá várias centenas de metros, prá malta escolher onde plantar o chapéu.
O ano passado a novidade é que tinham privatizado (concessionado) mais cem metros para a direita. Ok, faz-se esse esforço e andamos cem metros com o chapéu às costas e a respetiva cadeira, mais uns utensílios para a pequenada, se for o caso. A praia fica mais in como parece ser moda agora, dá um ar mais arrumado e até tem os vigilantes que zelam pela segurança da malta.
Este ano, acrescentaram mais 50 metros à concessão do lado direito (privatização fica mesmo mal…) e assim lá afastaram a malta que carrega os chapéus e as cadeiras um pouco mais para lá. É certo que deixaram no meio, entre a concessão da esquerda e da direita um espaço, de uns 10 metros, ou talvez quinze para não cometer uma injustiça, para os carregadores do chapéu e da cadeira. Rapidamente este espaço ficou lotado, como é de prever, mas o que conta é que aquele espaço está lá, não venham dizer que privatizámos tudo (privatizámos, lá está outra vez a palavra…), a democracia não foi esquecida a praia é para todos e todas, mais para uns que para outros, mas o que é que querem?
Esta coisa lembrou-me logo o episódio do início de Agosto, que animou a malta “do face”, a gentrificação, devem estar lembrados.
Outro episódio que também me veio logo à memória (vá se lá saber porquê, apanhamos estes vícios em pequeninos e depois é o que se vê) mesmo calibre, passou-se cá no burgo com a história dos precários na câmara municipal. Os trabalhadores mais qualificados, lá se conseguiu, fez-se um esforço para passarem aos quadros do município, está certo, é justo, mas quanto aos e às trabalhadoras da limpeza, a coisa já não foi assim, têm de continuar precários e mal pagos, o esforço já não é possível.
A praia até estava agradável, a água fria, o pessoal queixa-se, mas como é que querem que se aqueça tanta água? Não se pode exigir tudo do governo… O pessoal é muito exigente.
Um grupo de homens, julgo que emigrantes do norte de África, tentava fazer pela vida: o produto eram as toalhas, mas pelo que pude observar, o negócio não deu prá bucha. Tempos difíceis, principalmente para quem tenta a sorte noutras paragens.
Para primeiro dia, não foi nada mal.
Eleições "livres"... » 2024-03-18 » Hélder Dias |
Este é o meu único mundo! - antónio mário santos » 2024-03-08 » António Mário Santos Comentava João Carlos Lopes , no último Jornal Torrejano, de 16 de Fevereiro, sob o título Este Mundo e o Outro, partindo, quer do pessimismo nostálgico do Jorge Carreira Maia (Este não é o meu mundo), quer da importância da memória, em Maria Augusta Torcato, para resistir «à névoa que provoca o esquecimento e cegueira», quer «na militância política e cívica sempre empenhada», da minha autoria, num país do salve-se quem puder e do deixa andar, sempre à espera dum messias que resolva, por qualquer gesto milagreiro, a sua raiva abafada de nunca ser outra coisa que a imagem crónica de pobreza. |
Plantação intensiva: do corte à escovinha e tudo em fila aos horizontes metalificados - maria augusta torcato » 2024-03-08 » Maria Augusta Torcato Não sei se por causa das minhas origens ou simplesmente da minha natureza, há em mim algo, muito forte, que me liga a árvores, a plantas, a flores, a animais, a espaços verdes ou amarelos e amplos ou exíguos, a serras mais ou menos elevadas, de onde as neblinas se descolam e evolam pelos céus, a pedras, pequenas ou pedregulhos, espalhadas ou juntinhas e a regatos e fontes que jorram espontaneamente. |
A crise das democracias liberais - jorge carreira maia » 2024-03-08 » Jorge Carreira Maia A crise das democracias liberais, que tanto e a tantos atormenta, pode residir num conflito entre a natureza humana e o regime democrático-liberal. Num livro de 2008, Democratic Authority – a philosophical framework, o filósofo David. |
A carne e os ossos - pedro borges ferreira » 2024-03-08 » Pedro Ferreira Existe um paternalismo naqueles que desenvolvem uma compreensão do mundo extensiva que muitas vezes não lhes permite ver os outros, quiçá a si próprios, como realmente são. A opinião pública tem sido marcada por reflexões sobre a falta de memória histórica como justificação do novo mundo intolerante que está para vir, adivinho eu, devido à intenção de voto que se espera no CHEGA. |
O Flautista de Hamelin... » 2024-02-28 » Hélder Dias |
Este mundo e o outro - joão carlos lopes » 2024-02-22 Escreve Jorge Carreira Maia, nesta edição, ter a certeza de que este mundo já não é o seu e que o mundo a que chamou seu acabou. “Não sei bem qual foi a hora em que as coisas mudaram, em que a megera da História me deixou para trás”, vai ele dizendo na suas palavras sempre lúcidas e brilhantes, concluindo que “vivemos já num mundo tenebroso, onde os clowns ainda não estão no poder, mas este já espera por eles, para que a História satisfaça a sua insaciável sede de sangue e miséria”. |
2032: a redenção do Planeta - jorge cordeiro simões » 2024-02-22 » Jorge Cordeiro Simões
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Avivar a memória - antónio gomes » 2024-02-22 » António Gomes Há dias atrás, no âmbito da pré-campanha eleitoral, visitei o lugar onde passei a maior parte da minha vida (47 anos), as oficinas da CP no Entroncamento. Não que tivesse saudades, mas o espaço, o cheiro e acima de tudo a oportunidade de rever alguns companheiros que ainda por lá se encontram, que ainda lá continuam a vender a sua força de trabalho, foi uma boa recompensa. |
Eleições, para que vos quero! - antónio mário santos » 2024-02-22 Quando me aborreço, mudo de canal. Vou seguindo os debates eleitorais televisivos, mas, saturado, opto por um filme no SYFY, onde a Humanidade tenta salvar com seus heróis americanizados da Marvel o planeta Terra, em vez de gramar as notas e as opiniões dos comentadores profissionais e partidocratas que se esfalfam na crítica ou no elogio do seu candidato de estimação. |
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