150 Anos de “Bom Senso e Bom Gosto”
"O caldo entornou-se com o prefácio de Castilho aos “Poemas da Mocidade” de Pinheiro Chagas. Os tempos haviam mudado e Antero, cansado de tanto elogio mútuo entre romanticos, reagiu com a célebre “Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano de Castilho”, subscrevendo-a com um “Nem admirador nem respeitador, Anthero de Quental”."
Em Setembro de 1865, há precisamente cento e ciquenta anos, o meio cultural português agitava-se com a polémica entre o “status quo” de Castilho, António Feliciano de Castilho, e o arrojo de Antero de Quental.
Quando o velho Castilho, olhando do interior da sua cegueira, refastelado na sua provecta idade e avesso a aventuras, foi agitado por aquela estudantada coimbrã, encrespou-se, irritou-se e fez-se ouvir. Habituado a apadrinhar um ou outro puplilo que lhe seguisse os métodos, queria lá saber agora daquela gentalha moderna, misto de agitadores e metediços. Fosse porque os olhos o não permitissem ou porque mesmo às apalpadelas o não quisesse sentir, a António Feliciano não lhe falassem em aventuras, em desvarios poéticos ou em odes mais ou menos modernas.
Isso seria para um tal Antero, açoriano, dos Quentais de Ponta Delgada, cabelo enruivado e alma endiabrada que dera em partir a loiça por aqui e por ali, numa Coimbra boémia, idealista e intelectual.
E o curioso é que ambos haviam tido algo em comum. Fôra com Castilho que Antero, ainda menino, começara a afrancesar as primeiras letras quando aquele, já então com quarenta e sete anos, se instalara em Ponta Delgada, desgostoso com o insucesso do seu “Methodo Portuguez” que seria suposto ser para leitura repentina e não para indiferença duradoira.
O caldo entornou-se com o prefácio de Castilho aos “Poemas da Mocidade” de Pinheiro Chagas. Os tempos haviam mudado e Antero, cansado de tanto elogio mútuo entre romanticos, reagiu com a célebre “Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano de Castilho”, subscrevendo-a com um “Nem admirador nem respeitador, Anthero de Quental”.
Foi o rastilho daquela que, ficaria conhecida como a Questão Coimbrã, qual pedrada num charco ultra-romantico. Nela se envolveram, por um lado, figuras como o próprio Castilho e os seus apaniguados Tomás Ribeiro e Pinheiro Chagas e por outro, os então inconformados Antero, Eça de Queiroz ou Oliveira Martins. Com direito até a um inimaginável duelo entre Ramalho Ortigão e o próprio Antero, ocorrido em Fevereiro do ano seguinte.
Veio depois a Geração de 70, vieram as Conferências do Casino, e tudo o resto que numa simples crónica ficará por escrever.
Porque escrever sobre Antero de Quental, talvez lá mais para o ano, quando também em Setembro, se ouvirem os ecos dos dois tiros com que há cento e vinte e cinco anos, nos Açores onde havia nascido, o Poeta decidiu partir. Talvez lá, onde estiver, continue escrevendo as suas Odes e Sonetos, olhando de longe a casa que o viu nascer em Ponta Delgada, numa tal Rua do Lameiro, hoje ironicamente chamada, Rua António Feliciano de Castilho.
(Adelino Correia-Pires, Setembro 2015)
150 Anos de “Bom Senso e Bom Gosto”
O caldo entornou-se com o prefácio de Castilho aos “Poemas da Mocidade” de Pinheiro Chagas. Os tempos haviam mudado e Antero, cansado de tanto elogio mútuo entre romanticos, reagiu com a célebre “Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano de Castilho”, subscrevendo-a com um “Nem admirador nem respeitador, Anthero de Quental”.
Em Setembro de 1865, há precisamente cento e ciquenta anos, o meio cultural português agitava-se com a polémica entre o “status quo” de Castilho, António Feliciano de Castilho, e o arrojo de Antero de Quental.
Quando o velho Castilho, olhando do interior da sua cegueira, refastelado na sua provecta idade e avesso a aventuras, foi agitado por aquela estudantada coimbrã, encrespou-se, irritou-se e fez-se ouvir. Habituado a apadrinhar um ou outro puplilo que lhe seguisse os métodos, queria lá saber agora daquela gentalha moderna, misto de agitadores e metediços. Fosse porque os olhos o não permitissem ou porque mesmo às apalpadelas o não quisesse sentir, a António Feliciano não lhe falassem em aventuras, em desvarios poéticos ou em odes mais ou menos modernas.
Isso seria para um tal Antero, açoriano, dos Quentais de Ponta Delgada, cabelo enruivado e alma endiabrada que dera em partir a loiça por aqui e por ali, numa Coimbra boémia, idealista e intelectual.
E o curioso é que ambos haviam tido algo em comum. Fôra com Castilho que Antero, ainda menino, começara a afrancesar as primeiras letras quando aquele, já então com quarenta e sete anos, se instalara em Ponta Delgada, desgostoso com o insucesso do seu “Methodo Portuguez” que seria suposto ser para leitura repentina e não para indiferença duradoira.
O caldo entornou-se com o prefácio de Castilho aos “Poemas da Mocidade” de Pinheiro Chagas. Os tempos haviam mudado e Antero, cansado de tanto elogio mútuo entre romanticos, reagiu com a célebre “Bom Senso e Bom Gosto – Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano de Castilho”, subscrevendo-a com um “Nem admirador nem respeitador, Anthero de Quental”.
Foi o rastilho daquela que, ficaria conhecida como a Questão Coimbrã, qual pedrada num charco ultra-romantico. Nela se envolveram, por um lado, figuras como o próprio Castilho e os seus apaniguados Tomás Ribeiro e Pinheiro Chagas e por outro, os então inconformados Antero, Eça de Queiroz ou Oliveira Martins. Com direito até a um inimaginável duelo entre Ramalho Ortigão e o próprio Antero, ocorrido em Fevereiro do ano seguinte.
Veio depois a Geração de 70, vieram as Conferências do Casino, e tudo o resto que numa simples crónica ficará por escrever.
Porque escrever sobre Antero de Quental, talvez lá mais para o ano, quando também em Setembro, se ouvirem os ecos dos dois tiros com que há cento e vinte e cinco anos, nos Açores onde havia nascido, o Poeta decidiu partir. Talvez lá, onde estiver, continue escrevendo as suas Odes e Sonetos, olhando de longe a casa que o viu nascer em Ponta Delgada, numa tal Rua do Lameiro, hoje ironicamente chamada, Rua António Feliciano de Castilho.
(Adelino Correia-Pires, Setembro 2015)
![]() Apresentados os candidatos à presidência da Câmara de Torres Novas, a realizar nos finais de Setembro, ou na primeira quinzena de Outubro, restam pouco mais de três meses (dois de férias), para se conhecer ao que vêm, quem é quem, o que defendem, para o concelho, na sua interligação cidade/freguesias. |
![]() O nosso major-general é uma versão pós-moderna do Pangloss de Voltaire, atestando que, no designado “mundo livre”, estamos no melhor possível, prontos para a vitória e não pode ser de outro modo. |
![]() “Pobre é o discípulo que não excede o seu mestre” Leonardo da Vinci
Mais do que rumor, é já certo que a IA é capaz de usar linguagem ininteligível para os humanos com o objectivo de ser mais eficaz. |
![]()
Em 2012, o psicólogo social Jonathan Haidt publicou a obra A Mente Justa: Porque as Pessoas Boas não se Entendem sobre Política e Religião. Esta obra é fundamental porque nos ajuda a compreender um dos dramas que assolam os países ocidentais, cujas democracias se estruturam, ainda hoje, pela dicotomia esquerda–direita. |
![]() Imagino que as últimas eleições terão sido oportunidade para belos e significativos encontros. Não é difícil pensar, sem ficar fora da verdade, que, em muitas empresas, patrões e empregados terão ambos votado no Chega. |
![]() "Hire a clown, get a circus" * Ele é antissistema. Prometeu limpar o aparelho político de toda a corrupção. Não tem filtros e, como o povo gosta, “chama os bois pelo nome”, não poupando pessoas ou entidades. |
![]() A eleição de um novo Papa é um acontecimento sempre marcante, apesar de se viver, na Europa, em sociedades cada vez mais estranhas ao cristianismo. Uma das grandes preocupações, antes, durante e após a eleição de Leão XIV, era se o sucessor de Francisco seria conservador ou progressista. |
![]() |
![]() |
![]() |
» 2025-07-03
» Jorge Carreira Maia
Direita e Esquerda, uma questão de sabores morais |
» 2025-07-08
» António Mário Santos
O meu projecto eleitoral para a autarquia |
» 2025-07-08
» José Alves Pereira
O MAJOR-GENERAL PATRONO DA GUERRA |
» 2025-07-08
» Acácio Gouveia
Inteligência artificial |