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O PEDU segundo Mateus, o augusto

Opinião  »  2017-02-16  »  João Carlos Lopes

"Uma vitória eleitoral não dá mandato para determinado tipo de decisões"

“Torres Novas.pt- ponte para todos” será, muito provavelmente, o último trabalho deste cariz, feito nesta autarquia, com vista à definição de uma estratégia global para o concelho na perspectiva de candidaturas comunitárias”: eram estas as palavras de António Rodrigues a abrir o prefácio do plano estratégico 2007/2015, elaborado pela empresa do ex-ministro socialista e consultor-mor Mateus, o augusto dos planos e eixos estratégicos (os mais grisalhos ainda se lembram do célebre “eixo estratégico Torres Novas/Entroncamento” sobre o qual o antigo vereador Carlos Tomé, o maior poeta que alguma vez passou por esta pobre autarquia, lavrou, lapidar: “No eixo é um descanso”. E foi).
O mais divertido nesta viagem ao passado dos planos estratégicos que ciclicamente, como as andorinhas, arribam em seus alegres chilreios, e voltando àquele que Rodrigues, no seu assomo apocalíptico, pensou ser o último dos séculos e dos séculos, é que lá estão todas as obras então em fase de execução, caso da biblioteca, e dezenas de outras, grande parte executadas, diga-se em boa verdade e em verdade vos digo (centros escolares, envolvente do castelo, praça 5 de Outubro, e tantas outras mais ousadas em seus devaneios, como a “cidade-circo”, a torre do tempo ou até a mata dos Mesiões).
E um cristão põe-se a ver os bonecos e lá vê, até, a Praça dos Claras, acabada há poucas luas e, mais surpreendentemente, quase todas aquelas que agora, neste “Portugal 2020”, à pala do PEDU, aparecem como âncoras desta renovada, e cito, “estratégia de desenvolvimento urbano”: lá estava já o Terreiro de Santa Maria, a central do Caldeirão e até o jardim no que resta da Horta das Pedras, em que se dizia que o parque de estacionamento ocuparia um terço do espaço e o jardim ribeirinho dois terços. O rosário, como se sabe foi outro, porque a turma do LENA nessas contas não se deixa levar e o terço foi rezado ao contrário. Adiante.
Rodrigues não previu nada para o prédio Alvarenga, porque simplesmente essas ruínas de décadas ainda eram privadas. E também, mesmo tendo em consideração o seu obreirismo compulsivo, não lhe passou pela cabeça, como não passaria ao diabo, ousar destruir o quase secular “jardim da avenida”, que na sua singela simplicidade algo demodée dos jardins românticos do século XIX, é paisagem protegida dos torrejanos, uma herança dos nossos ancestrais, uma imagem, quiçá a mais forte da cidade e a que lhe confere um módico de dignidade, apesar do abandono escandaloso de que é vítima por parte desta maioria em regime de substituição.
Uma vitória eleitoral não dá mandato para determinado tipo de decisões, quando elas põem em causa valores inalienáveis à mercê de circunstâncias fúteis, como é o caso deste conjunto de obras de melhoramentos urbanos. Lembrar-se-ia Medina de arrasar o jardim do parque Eduardo VII a pretexto de alguma modernice do momento, ou de destruir o jardim da Estrela para dar uma empreitada a um amigo? Não. E salvaguardando a proporção das coisas, é isso que assusta: pensar que há quem se arrogue, aqui, no direito de assassinar friamente a mais bela herança que esta cidade recebeu dos que antes, mal ou bem, a construiram. Por isso, a defesa do jardim tal como está, e a sua manutenção e melhoramento pontual é um imperativo cívico, é um desígnio nesta luta contra este eixo do mal que se julga inimputável na ligeireza e na desfaçatez com que alimenta a sua vertigem e a sua teimosa inclinação para correr em direcção ao abismo.
Que faremos, entretanto, com este plano? Quem tiver alguma ideia que atire a primeira pedra, o que não será difícil. Atirar a pedra, claro, porque vivemos numa cidade-ruína. Tal como o “Turris XXI”, “o eixo do descanso”, “o Ponte para Todos”, agora este PEDU (a que já chamam Programa Especial de Devastação Urbana), de toda esta tralha teórica não rezará a história. Fizeram-se obras com algum sentido e utilidade, é claro que sim, como agora se pede simplesmente que se façam algumas, apenas as necessárias, com parcimónia e sentido das proporções e sem querer estupidamente enterrar milhões só por enterrar. Dessas obras que se fizerem com algum tino, dessas rezará a história. E nós, embora agnósticos, republicanos e laicos (e também socialistas sem vergonha de o sermos, já agora), rezamos para que o Espírito Santo ilumine um pouco as cabeças de quem nos governa.

 

 

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