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Jornal Torrejano
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AINDA HÁ CALENDÁRIOS ? - josé mota pereira

Opinião  »  2024-12-31  »  José Mota Pereira

Nos últimos dias do ano veio a revelação da descoberta de mais um trilho de pegadas de dinossauros na Serra de Aire. Neste canto do mundo, outras vidas que aqui andaram, foram deixando involuntariamente o seu rasto e na viagem dos tempos chegaram-se a nós e o passado encontra-se com o presente. Também é assim com as tribos de homens que vagueavam pelo gélido vale do Almonda e na gruta junto ao rio se refugiavam dos longos invernos.

O fim do ano vem e é tempo de corrermos para a festa da chegada do novo ano.

Desejamos boas festas, enviamos mensagens, partilhamos fotos no facebook, uma azáfama. Fazemos balanços e prometemos que no ano novo é que vai ser. O futuro, sim o futuro sempre a perseguirmo-nos, ou nós perseguirmos o futuro, uma delas será... e o tempo vai passando, os anos escoam-se e quando damos por isso temos uma vida vivida em grande velocidade.

Enquanto as folhas dos calendários voam (a propósito ainda há calendários?) vamos julgando as coisas que fazemos como importantes, aliás, muito importantes, demasiado importantes e nem damos conta do valor das outras coisas que julgamos não ter importância.
Tudo passa, tudo vai, tudo é efémero, como o micro segundo em que a rolha de espumante salta à meia-noite de um ano para o outro.
Dizia um ilustre professor catedrático na minha universidade que os cemitérios estão cheios de imprescindíveis. Quantos grandes homens que entregaram as suas vidas a grandiosas causas e feitos tremendos repousam anonimamente para a eternidade?

Os cristãos afirmam que da terra viemos e em pó nos transformaremos. É uma lição sábia para  valorizamos nas nossas vidas as coisas realmente importantes.

Independentemente de tudo, a grande roda do universo gira sempre na mesma velocidade, na sua trajectória em torno do sol. Uma volta por ano. Desejo sinceramente que na próxima volta ao Sol nos encontremos todos de novo, para saudarmos um novo ano.
Por agora, para este 2025 que vem chegando, desejo-vos apenas paz para as nossas vidas.


Tentemos fazer do Ano Novo um ano pela Paz. E respeitemos todos outros companheiros desta viagem comum: os humanos, os bichos, a terra, a água e o ar. Parece pouco. Mas não esqueçamos que são estas coisas aparentemente pequenas que afinal perduram nos milénios.

Como  as pegadas que um  dinossauro deixou marcadas na lama, ao passear um dia pela Serra de Aire.

 

 

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